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Socorro, Obama! Saiu o disco novo do My Bloody Valentine
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Lúcio Ribeiro

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* Mais ou menos alheio ao que acontecia no planeta musical, eu voltava a São Paulo de uma discotecagem em Sorocaba na madrugada de sábado para domingo, quando na estrada vaziaça e escura estava ouvindo a rádio americana SiriusXM U, me achando em alguma estrada na Califórnia.

Foi quando o DJ da U contou depois de uma sequência musical qualquer que o disco novo do grupo irlandês My Bloody Valentine (vou repetir: o disco novo do My Bloody Valentine) tinha aparecido finalmente e que ele estava puto com o servidor do site porque ficou algumas horas tentando baixar o álbum e não conseguiu. O DJ disse que queria tocar alguma das músicas novas no programa, pedia DESCULPAS aos ouvintes, mas não ia rolar, por causa da “maldita internet”.

E a cada intervalo de música o DJ falava do disco do MBV e amaldiçoava a queda do servidor.

Cheguei em casa e antes de desmaiar de sono resolvi ver rapidinho se alguém estava falando nas redes sobre o tal disco (como o DJ da rádio indie da Sirius). Tem um certo exagerinho no que eu vou dizer, mas o MUNDO TODO estava comentando a volta ao disco do My Bloody Valentine. O “mundo”, quero dizer, toda a cena musical britânica, americana e a brasileira, as quais tenho certo alcance, estava esperta com a notícia, naquela madrugada. Estava uma verdadeira comoção indie nas horas iniciais do domingo. No Reino Unido, quando o zunzunzum do disco apareceu, era altíssima madrugada. E, bom, fui dormir horas bem depois do planejado, não sem antes ter o disco baixado.

O grande My Bloody Valentine, banda indie-indie-indie britânica de seminal importância na virada dos anos 80-90, supercultuada nos meandros underground da época, resolveu soltar seu primeiro álbum DESDE 1991 no sabadão à noite, assim, sem gravadora, sem lançamento físico, no seu site. Botou à venda, a notícia alastrou, o servidor caiu.

O bololô virtual foi tamanho que o grupo resolveu colocar o disco para streaming em seu canal do Youtube, paralelo às tentativas de venda do site, que chegou a ficar duas horas sem dar uma respostinha a quem quer que seja, fora do ar. A ponto de a frustração ser tão grande que rolou uma petição no SITE DA CASA BRANCA pedindo para o governo consertar a internet do Kevin Shields. Acontecia de uma pessoa conseguir baixar uma faixa e botar no YouTube ou Tumblr. Logo, disco montado, estava inteiro nos sites de torrents.

A galera, brava, chegou a zoar a página do disco no Wikipedia. Para toda a info, botava um “Forbidden. Access is denied”. Veja:

“m b v”, o disco novo, do grupo comandado pelo excêntrico Kevin Shields, rei das viagens de microfonias que pautaram 70% da música independente da época e pauta até hoje, veio à luz. A rapaziada shoegazer está emocionada. As meninas que saiam para show de babydoll como vestido e botas Doc Martens também.

Shields já tinha avisado. Semana passada, na primeira reaparição ao vivo da banda desde 2009, o guitarrista tocou música nova e disse que o álbum novo ia “surgir em dois ou três dias”. Sem dizer como e onde. Sem detalhes. Para quem esperava algo novo do MBV, isso foi um choque. Ainda mais porque, sabe-se, esse “m b v”, sucessor do importante Loveless (1991), segundo Shields estava sendo composto HAVIA 20 anos.

A notícia dessa volta “abrupta” do My Bloody Valentine e todas as confusões virtuais de sábado à noite são traduzidas, por exemplo, com um twitter de um escritor pop britânico famoso, jornalista do grande “The Guardian” e colaborador da revista “GQ”, o Alexis Petridis:

A gente ainda vai falar bastante desse disco novo do My Bloody Valentine. Na primeira avaliação ele é lindo, inteiro, confuso como tem que ser, contundente como tem que ser. Mas a questão primeira é tentar inserir um novo disco do My Bloody Valentine no contexto atual. Para isso, é preciso deixar o álbum maturando um pouco na cabeça. Levará dias.
Se é que dá para recomendar algo, a Popload sugere, principalmente para os leitores da nova geração, para começar a ouvir o álbum pela faixa “Nothing Is”, perto do fim, um bate-estaca de guitarra contínuo e repetitivo ad-eternum que martela o ouvido sem dó e só “muda” um pouquinho quando o volume aumenta na faixa. Isso é My Bloody Valentine.

E o disco inteiro, direto do canal do Youtube do MBV, pode ser ouvido aqui:

Obama, ajuda o povo a ter logo esse My Bloody Valentine novo.

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