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Father John Misty ao sol da Califórnia
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Lúcio Ribeiro

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* Ainda sobre o FYF, festival indie pequeno rumo ao indie gigante que acontece anualmente em Los Angeles, na Califórnia, resgatei das minhas gravações outra performance do incrível Father John Misty, showzão no sol ardente, meio da tarde, cantoria folk-indie com personalidade própria que fez de seu primeiro disco, “Fear Fun” (Sub Pop, lançado em maio), ser um dos melhores do ano, fácil fácil.

No vídeo, Misty canta “Only Son of the Ladies’ Man”, indescritível na beleza da canção em si e no coração com que o cantor entrega à música.

A Popload esteve no Fuck Yeah Festival agora no comecinho de setembro, dias 1º e 2. Foi à convite da marca brasileira Chilli Beans, uma das patrocinadoras do evento americano, friso as nacionalidades para você ter mais um exemplo do status quo da economia mundial.

Sobre Father John Misty, você já leu bastante por aqui. Sobre o FYF também. Então resta você ver essa belezura de música, ao vivo, no sol da Califórnia, abaixo.

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Mais FYF, o festival Fuck Yeah. Teve Twin Shadow, Chromatics, M83, Refused, James Blake…
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Lúcio Ribeiro

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* Popload em Lost Angels.

Ainda o Fuck Yeah Festival, motivo principal de a Popload atravessar a Amazônia, a Guatemala, o México e cair em Los Angeles para ver o maior evento pequeno de música independente, que aconteceu no último final de semana em Downtown LA, num parque feinho entre os mexicanos e os chineses. Que ficou lindão com o festival.

Separei mais uns vídeos fofuras para mostrar um pouco do festival. Tem o da apresentação do estilosíssimo Twin Shadow. O explosivo Refused. Vaselines tocando para o Kurt Cobain. O delicioso italo-disco-drama do Chromatics, o arraso James Blake. Enfim, dá uma olhada nos samples aí embaixo.

* Você vai ter que aguentar. Devo ainda fazer mais um post do FYF, haha.

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* A Popload está em Los Angeles a convite da marca de óculos Chilli Beans, que patrocinou a edição deste ano do FYF (Fuck Yeah Festival), o maior festival pequeno do planeta, em Downtown, no final de semana que passou.


Ainda o FYF. Teve o Paul Banks, o Sleigh Bells, o “nosso” Dinosaur Jr…
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Lúcio Ribeiro

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* Popload na Califórnia.

* O Fuck Yeah Festival, evento indie-indie que no último final de semana atraiu umas 50 mil pessoas para um park podreira em uma região fronteira entre chineses roots e mexicanos zoados em Downtown Los Angeles, definitivamente “subiu de divisão”. Atraindo olhares gulosos de patrocinadores como a Goldenvoice, que faz o Coachella, e grande atenção da mídia mainstream californiana (até o “Guardian” inglês estava aqui), o FYF pretende ser ainda maior no ano que vem, quando completa dez anos. O FYF 10, festival inventado por Sean Carlson quando tinha 18 anos e queria arrumar algum trabalho para sair da casa dos pais, ganhou uma manchete bem observada na capa de cultura do “Los Angeles Times”: “Magnetic Field”. O jornal nacional americano disse que o FYF “showcased a narrow-cast roster of a young but maturing underground music scene struggling to perfect the art of performance in the YouTube age”. Tá?
Terminou falando, mais ou menos, que se você procura um festival que promova feliz o underground punk, a electronic dance music, o pós-punk, o pós-disco, techno, rock eletrônico e todas as combinações que podem sair disso, o endereço é o FYF.

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Alexis, do Sleigh Bells, em momento turbilhão sonoro no FYF, no final de semana em Los Angeles. Ela é a “Sexi Lexi”, haha

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* A gente durante esta semana vai soltar alguns vídeos das atrações que ocuparam o sábado e o domingo da música angelina. Tipo esses abaixo:

* O Paul Banks, do Interpol, “terror” das menininhas indies, mostrou várias canções de seu novo disco solo, “Banks”, que sai em outubro. Banda boa, voz boa, todo o gás, Banks em nova fase está demais. Essa “Over My Shoulder” é uma belezura.

* Galera pega no pé da adorável Lana Del Rey, tadinha, mas quem eu acho “meio fake” no indie é o Sleigh Bells. Eu e o Hipster Runoff, hehe. O grupo da “Sexi Lexi”, como o site indie americano se refere zoando à cantora explosão Alexis Krauss, tem sim músicas boas e faz um show power. Mas algo em algum lugar não cheira bem, haha. Mas eu curto a Sexi Lexi.

* Nunca tinha visto ao vivo o Future Islands, banda indie psicodélica bizarra de Chicago (acho). E eu estava até passando entre palcos indo ver outra coisa, bem na hora em que eles estavam se apresentando, quando vi uma certa comoção na plateia e resolvi ficar para ver os caras. Que viagem. Que ser bizarro esse Sam Herring, o vocalista. O Future Islands fez um belo final e hipnótico final de tarde no primeiro dia do FYF. Alguém juntou “highlights” da performance da banda (e de Herring em particular) em um vídeo de cinco minutos. Dá para sentir a vibe exata do show do Future islands.

* O sempre maravilhoso Dinosaur Jr, veterana banda de J.Mascis que está armando shows no Brasil agora em novembro (shhhh!), fez lindo show barulhento, para variar. Aqui, “momento mágico”, a banda tocando “Just Like Heaven”, cover do Cure quase mais famosa na versão noise do Dinosaur Jr.

* A gente volta depois com mais destaques do fim de semana do FYF.

* A Popload está em Los Angeles a convite da Chilli Beans, patrocinadora do FYF (Fuck Yeah Festival), o maior festival pequeno do planeta.

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Popload em Los Angeles. O incrível Fuck Yeah Festival e a paixão por dois homens
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Lúcio Ribeiro

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* “Foda-se o Coachella. Quem precisa ir até o meio do deserto quando dá para tocar num lugar desse aqui e dentro de Los Angeles”, disse o figuraça Father John Misty, nome fantasia de Joshua Tillman, antes de seu show no Fuck Yeah Festival (FYF), ontem, aqui na principal cidade da Califórnia.

Misty estava obviamente zoando, até porque o sol que ardia na cara dele (e no cocuruto da galera) quando ia fazer sua apresentação era digno do deserto onde acontece o megafestival citado. “Alguém sabe que horas é o show do Radiohead? É hoje que o Foo Fighters toca?”, continuou trolando o roqueiro, falando abóboras pré-show enquanto um trem do metrô passava ao lado do palco onde ele estava.

Mas tinha umas verdades embutidas no que Tillman tava falando. Num parque zoado nos “fundos” de Los Angeles, colado na região de Downtown onde quase ninguém vai, foi erguido o FYF, o festival organizado por um moleque que tem sido destaque há alguns dias na Popload. Você sabe a história.

Com as bandas principais sendo nomes como M83, Refused e The Faint, dá para ver o “caráter indie do indie” do FYF. O que não impediu de 30 mil pessoas/dia ocuparem o Historic Park, região disputada em dias normais por chineses e mexicanos. O que não impediu a Goldenvoice, a organizadora do gigantesco Coachella, de se juntar à organização do FYF. Como diz Father John Misty, quem precisa ir no meio do deserto quando tem sol forte e música indie das boas no meio de Los Angeles?

** OS SHOWS – Do punk no sol escaldante ao eletrônico viajante no frescor da noite, aconteceram muitos shows e DJ sets bons no FYF. O menino Paul Banks, do Interpol, vai surpreender muita gente com sua “nova banda” e um punhado de canções “rock” ainda darks, mas sem a execução dark de seu grupo famoso. Deu para entender? Banks quaaaaaaaase iria tocar em setembro no Brasil. Mas os planos dele foram mudados.
Voltando ao FYF, o Twin Shadow, no pouco que deu para eu ver ontem (umas cinco músicas), foi incrível.
Paguei uma dívida com o maravilhoso produtor eletrônico Nicolas Jarr. No Sónar, em Barcelona, deixei de ver a estreia do seu badalado live “diferente”, com um guitarrista e um saxofonista, para colar na apresentação da boneca Lana Del Rey. No FYF, o Jarr foi legal e tal. Mas senti que fiz a escolha certa ao optar pela Lana na Espanha.
O Tainlines, que tocou recentemente no Creators Project em São Paulo, outro que eu perdi por “força maior” na minha cidade, “doença na família” e coisa e tal, também paguei a mesma dívida. Agora sim. Esse foi maravilhoso. Temos um novo Cut Copy.
M83 fez, para o maior público do festival todo, no sábado, o que dele se espera: electropop para sonhar. Climão. Amei o show do Wild Nothing. Adoro me surpreender com bandas pequenas. Perdi o Beirut dessa vez. O Simian Mobile Disco e sua festança electro iluminada, vi uma parte e tava incrível. Glass Candy e Chromatics são apresentações indie-disco fofuras. Gostaria de tê-los na Popload Gig em breve (alô, produção!).

>>> Teve ainda os dois melhores shows do festival (na minha humilde opinião, claro). Não sou gay nem nada nessa linha, mas no FYF caí de amores por dois caras, em especial.

– Fucked Up – Não foi a primeira vez que vi a banda punk hardcore doida canadense ao vivo. Já tinha me alegrado muito com a tosquice juvenil deles em um desses Sxsw. Mas, na ocasião do festival do Texas, acho que de 2010, prestando mais atenção na forma que no conteúdo, não tinha percebido como as músicas do grupo são boas. Principalmente ao vivo. E eles não tinham ainda esse “David Comes to Life”, disco lançado no meio do ano passado, que eu adoro. A banda ao vivo se porta da seguinte maneira: o gordão careca vocalista, o gênio Damian Abraham, canta fora do palco, ali pendurado na cerca junto à galera. Nunca no palco, veja bem. Para vê-lo, você tem que chegar bem à frente. Ou olhar o telão, quando tem. No palco, na retaguarda de Abraham, fica uma galera incrível, bem boa e nova, formada por uma molecada integrante com nomes do tipo Concentration Camp, 10,000 Marbles etc. E uma baixista e backing vocal (às vezes) chamada Mustard Gas. Entre outros. Reparei em todos tocando. Todos bem bons. Mas Abraham brilha. A molecada, óbvio, pira com o som indie hardcore do Fucked Up e quer ir para perto do vocalista gordão, sem camisa, suado e peludo. Fazem o crowdsurf básico para chegar a Abraham, que os recebe com um abraço feliz e sincero. De tal modo que a galera não quer desgrudar do vocalista. E muitas vezes ele entrega o microfone para o público cantar junto com ele. Ali não tem “instinto hardcore” envolvido. Os abraços entre Abraham e seu público é de uma fofura sem tamanho. Isso porque, ali no palco, o coro sonoro está comendo no hardcore rápido e feroz. Demais.

– Father John Misty – Um dos melhores shows que eu vi num ano até bem movimentado de shows vistos. Como sempre a gente acha que o último é sempre o melhor, porque o entusiasmo atual ofusca um pouco os da memória, voto em Father John Misty. Aqui a pegada é rock-canção, tipo country, tipo folk. Bendita hora em que Joshua Tillman largou a bateria do Fleet Foxes para virar guitarrista e cantor sob essa nova alcunha. Como o Dave Grohl com o Nirvana, haha. Deixou de ser indie-hippie cabeludo e barbudo (faltava a bermuda) e virou “elegante”, na linha Chris IsaaK. Cool. O trabalho solo de Tillman não é novo, mas agora, com nova assinatura, parece que “firmou”. Father John Misty é figuraça no palco, dança meio que quebrando a espinha, como se estivesse sozinho no quarto e não diante de uma plateia. É contador de histórias nas músicas e em shows, daqueles que você não quer parar de ouvir nunca. Sua voz é incrível. As músicas, do excelente álbum “Fear Fun”, a estreia do FJM, lançado em junho, ficam ainda mais espetaculares ao vivo. Mais pesadas, mais altas no volume, com mais alma. Emocionantes. Mesmo no sol matador, com metrô passando ao fundo de cinco em cinco minutos. Talvez ainda mais por causa dessa situação toda. Repara no Misty, no vídeo. Sua banda hippie-nerd é absurda.

* A Popload está em Los Angeles a convite da Chilli Beans, patrocinadora do FYF (Fuck Yeah Festival), o maior festival pequeno do planeta.

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POPLOAD GIG “inventa” o projeto “Residências”. E traz ao Brasil a cantora FEIST, para dois shows
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Lúcio Ribeiro

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* Vai, Brasil. A cantora canadense bombator Leslie FEIST toca em São Paulo em outubro, dentro do Popload Gig Residências. Feist realiza dois shows sequenciais no Cine Joia, na Liberdade, nos dias 22 e 23/10. A cantora, que já fez parte da banda Broken Social Scene, traz ao Brasil o show de seu mais recente álbum, o elogiadíssimo “Metals”, lançado no ano passado. A casa vai cair, literalmente.

* O Popload Gig Residências é uma série de shows intimistas com grandes artistas internacionais. A ideia é trazer bandas cultuadas, em turnês mundiais, para shows em espaços pequenos que proporcionem maior proximidade com os fãs. As bandas do projeto se apresentarão na cidade por dois dias, três ou mais, para que todos os fãs possam ver as atrações de perto em um local normalmente “pequeno” para a atração. A Feist dá o “start” deste projeto, “morando” no Joia por dois dias seguidos. Aguarde novidades.

* Os ingressos para os shows da Feist no Popload Gig Residências começam a ser vendidos na próxima terça-feira, dia 21. Os valores ainda serão divulgados.

* A Feist é a 17ª edição de um Popload Gig, seja ele em qualquer série. O festival, que existe desde 2009, já trouxe ao Brasil LCD Soundsystem, Rapture, Friendly Fires, Mark Lanegan, Tame Impala, The Kills, Primal Scream, entre vários outros. Mais dois Popload Gig em 2012 ainda estão para ser anunciados, se tudo correr como vem correndo.

* No próximo dia 15 de setembro, lembrando, tem a edição número 16 do festival deste blog, com a banda francesa cheia de bossa Nouvelle Vague. Também no Cine Joia. Os ingressos estão vendendo bem, viu?

* Mais Feist. A cantora deve se apresentar no Rio de Janeiro no dia 24 de outubro, dentro do projeto Queremos, se o show virar. Vai virar, óbvio.

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Ainda o Sónar em Barcelona: as fotos marcantes
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Lúcio Ribeiro

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* Popload enquanto em Barcelona.

* Uma olhada mais “dentro” do festival de música avançada de Barcelona, que rolou na cidade espanhola no último final de semana, pode ser dada agora através das fotos de Laura Damasceno. Have a look. Botei o “marcantes” no título para dar mais drama.

Vibe do Sónar Dia, sendo que o dia indo até 22h nesta época na Europa ajuda bem, né?

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A Katie do Austra e sua camiseta fashion (mesmo), durante show de dia no Sónar Barcelona

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Já à noitão (leia-se: alta madrugada), Mr. James Murphy, gênio do nosso século, mandou ver um set bem conturbado, com bronca para todo lado e fones jogado com força ao chão. Lei de Murphy?

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As mina pira no Sónar. Atrás, um dos pôsteres do Sónar. Não é cena do “Game of Thrones”

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Galera stáile do Sónar

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Mais galera stá… quer dizer…

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Enquanto a mãe ferve, o electrobaby fica ali ouvindo “Nana Nenê (Fatboy Slim Nuxxx Remix)”

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No 20º show que eu vi do Friendly Fires ultimamente, teve o recorde de rebolada do Ed

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A gigante dos cosméticos francesa Sephora maquiou a galera (que quisesse) para fazer o “look Sónar”

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Tipo esse

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Tipo esses

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A lindazadalhaça DJ e produtora russa Nina Kraviz foi um dos sets mais elogiados do Sónar 2012

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Gol da Espanha na Eurocopa, será?

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Fãs do Totally Enormous Extinct Dinosaurs se recusam a tirar a fã-tasia do ótimo produtor inglês, mesmo quando ele não toca

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A região do MACBA, o museu de arte contemporânea que abriga o Sónar Dia, em Barcelona

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O telão da Lana Del Rey dá uma bombada na “chanteuse” americana que transformou o espanhol Sónar num cabaret francês em Hollywood. What?

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Lana Del Rey promoveu uma platéia mistureba de clubbers e fãs desesperadas(os) no Sónar

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Bom, chega de foto do Sónar

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POPLOAD 12 anos – Bono fazendo rap para a Popload, Dave Grohl convocando por aqui a galera para ver o Foo Fighters, Noel Gallagher anunciando ganhadores de nossa promoção e o Eminem mandando um ‘What’s up’ aos leitores
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Lúcio Ribeiro

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A Popload segue sua série relembrando posts e textos especiais nesta semana em que completa 12 anos no ar.

Este espaço, que começou em versão virtual na Folha Online, seção Pensata, e depois virou Popload na porção impressa da “Folha de S.Paulo”, no início dos anos 2000, já tem um pouco de história para contar para os netos.

Em uma época que a internet começava a engatinhar no sentido de “um dia você vai consumir música e fazer tudo por aqui”, a Popload ganhava reforços de peso semanalmente.

1. Bono e The Edge, por exemplo, improvisaram um rap para a coluna. Do jeito irlandês. Em meio a uma entrevista gravada, eles citaram um ritual do rapper Wyclef Jean (Fugees) e fizeram um beatbox esquisito, na verdade um barulho de uma salva de 21 tiros, uma “simpatia” musical quando um artista está chegando em terra estrangeira. Blabla. Prestes a vir ao Brasil, Bono mandou essa aos leitores do blog.
2. O Dave Grohl usou este espaço para convidar os brasileiros para assistirem o show da sua (média, na época) banda Foo Fighters no Rock In Rio 2001.
3. O Eminem, talvez o maior nome do mundo da música naqueles dias, mandou um “What’s up” na Popload (na época uma coluna da “Pensata”).
4. E Noel Gallagher foi protagonista de uma das maiores piadas prontas da nossa curta história: na época do Natal, ele, Papai NOEL, anunciou ganhadores de um sorteio que contemplava leitores da Popload com brindes do Oasis. Haha. Classe.

A gente prova. Foi tudo gravado. Recuperamos no baú da Popload estes áudios impagáveis que dão voz para essas histórias.


POPLOAD 12 ANOS – Em 2001, os dez anos do “Nevermind”
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Lúcio Ribeiro

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Como falamos aqui ontem, a Popload completa nesta semana 12 anos de existência. O espaço, que começou sem nome em 2000 na seção “Pensata” da “Folha de S.Paulo”, com conteúdo no impresso e um pouco maior online, ao longo dos anos se tornou coluna-semanal-gigante na Ilustrada no site da Folha, virou blog no iG e agora está pimpão aqui no UOL.

Por estes dias, vamos relembrar alguns textos marcantes, pataquadas e fatos históricos envolvendo a Popload. Até porque olhar para 2000/2001, por conta de tudo que mudou na música, no jornalismo, nas nossas vidas, parece que estamos falando de 1961.

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Um texto que chamou a atenção do crew da Popload foi o que fiz sobre o Nirvana, em 2001, na semana seguinte dos ataques terroristas nos Estados Unidos. Na época eu falava de outro petardo, o “Nevermind”, disco pontual da carreira do Nirvana e da história do rock, que estava por completar 10 anos.

Na época, falei não só dos 10 anos do álbum, mas também dos 10 anos da apresentação histórica da banda de Seattle no Reading Festival, quando o Nirvana dominou o mundo de vez.

O conteúdo também tinha uma entrevista com Everett True, o jornalista da “Melody Maker” que foi um dos grandes responsáveis em contar para o mundo que Seattle passava a ser a cidade mais cool do planeta quando o assunto era música, na virada da década de 80 para os anos 90.

Confira.

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NEVERMIND, 10 ANOS

É o seguinte. O Nirvana foi o meu Beatles. É a banda que eu mais gosto, gostei e (acho) vou gostar desde o momento em que eu comecei a ouvir música a “sério” (quando meus primos metaleiros me forçavam a ouvir Deep Purple e Led Zeppelin) até hoje de manhã (quando eu escutei o mais recente álbum do ótimo White Stripes).

Pois então. Com o Nirvana eu vi nascer, acompanhei o fenômeno e profissionalmente cobri a morte de Kurt Cobain, quando o roqueiro mais honesto que já passou por este planeta achou de dar um tiro nos miolos.

Não podia deixar, por isso, de compartilhar aqui umas histórias deste grupo, aproveitando a importantíssima data de aniversário de 10 anos do “Nevermind”, o disco que, não sou (só) eu que digo, mudou a história da música pop.

A comparação é meio estúpida e soa inoportuna, mas quem estava com os ouvidos funcionando no começo dos anos 90 sabe que o “Nevermind” esteve para a cultura pop assim como aqueles dois infelizes aviões da American Airlines estiveram para o World Trade Center, apenas para dar uma idéia do impacto que tal disco causaria nas rádios, nas lojas de discos, nas paradas, nas revistas, jornais, no comportamento jovem, na MTV etc. Tanto que atualmente no mundo inteiro tem-se publicado e produzido e programado “especiais” para lembrar o “Nevermind” (talvez não muito no Brasil, mas você sabe como as coisas funcionam por aqui). Em recente edição, a “New Musical Express” dedicou páginas ao aniversário do disco, produzindo uma ótima matéria intitulada “Os meninos de Kurt”, reportagem que registrava em fotos as inúmeras camisetas do Nirvana que circularam nos festivais ingleses deste ano.

Voltando, o “Nevermind” foi lançado no dia 23 de setembro de 1991 na Inglaterra, uma segunda-feira, mas sua data oficial é no dia 24, uma vez que o disco foi lançado na terça nos EUA, o dia em que os discos americanos novos aparecem nas lojas de lá.

Minha missão em prestar um tributo ao segundo disco do Nirvana já está bem cumprida. O nobre Folhateen, da Folha, publicou vasto material de minha autoria nesta última segunda-feira. Para quem não é assinante do serviço de Internet da Folha, reproduzo um depoimento meu sobre histórico show do Nirvana no Reading Festival de 1991, um mês antes de a banda lançar o “Nevermind”, além de alguns trechos da entrevista que fiz com Everett True, jornalista britânico descobridor da cena de Seattle. Everett True era jornalista do semanário inglês de música “Melody Maker” e atendeu em 1989 a um convite da então desconhecida gravadora Sub Pop, de Seattle, que à beira da falência, mas sabedora de que tinha grandes bandas na mão, resolveu convidar alguns jornalistas britânicos para visitar suas instalações, conhecer seus artistas, uma vez que a imprensa musical americana não se coçava. O resto da história, sobre o que aconteceu depois com a Sub Pop e com o grunge e com o Nirvana e com o rock, é desnecessário dizer, acredito.

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23 DE AGOSTO DE 1991 – O QUE FOI AQUILO?

A banda Nirvana se apresenta no Reading Festival inglês, em 1991; Kurt canta, os cabelos de Novoselic, com camiseta do Dinosaur Jr., balançam ao vento e um punk moicano, convidado para dançar no palco durante o show, dá as costas ao público; Dave Grohl está sumido atrás da bateria; daria tudo para lembrar qual canção era tocada na hora desta foto

Naquele 23 de agosto de 1991, todos os caminhos pop levavam à cidadezinha de Reading, leste de Londres, onde centenas de bandas de rock disputam anualmente a atenção de público, imprensa e gravadoras naquele que é considerado o principal festival de música pop do mundo.

O primeiro dos três dias de evento teve atrações como Iggy Pop, Sonic Youth e Pop Will It Itself, mas o aviso foi dado: “Chegue cedo para ver esse Nirvana”.

Para mim, não precisou falar duas vezes. Morava no Reino Unido na época e já ouvia sem parar o primeiro disco do grupo, “Bleach” (1989), graças a uma fita cassete de um amigo.

Junte-se a isso a curiosidade sobre “Nevermind”, que chegaria às lojas em um mês, e pronto: lá estava eu cedinho para ver o Nirvana.

Da hora em que Cobain ligou seu instrumento até o pulo descabido de guitarra e tudo sobre a bateria, no final, deu cravados 32 minutos. Durante esse tempo, quatro “músicas novas”: “Drain You”, “Smells Like Teen Spirit” (o que foi aquilo?), “Come As You Are” e “Breed”.

Em meio a isso, Grohl tirando de gozação, na bateria, o começo de “Sunday Bloody Sunday” (hino do U2); Cobain “surfando” na platéia em pleno solo de guitarra; cantando “The End”, dos Doors, com voz fúnebre, para anunciar a chegada da última música do show; Novoselic arremessando de longe seu baixo em Grohl.

O show acabou. A estática platéia viu Cobain, já sozinho no palco, levantar em meio ao que sobrou da bateria. Como se nada tivesse acontecido na última meia-hora, ele se abaixou para pegar uma garrafa de cerveja do chão e saiu andando.

Por mais imprevisível que fosse o estouro da banda, era difícil não acreditar que o rock depois daqueles 32 minutos seria diferente

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O CARA QUE DESCOBRIU SEATTLE

Com a palavra agora Everett True, o jornalista da “Melody Maker” que revelou que tinha alguma coisa de especial naquela cidade de caras com camisa de flanela e cabelos longos e descuidados. Meses após a visita de True a Seattle, em 1989, saia no semanário a reportagem “Seattle Rock City”. E depois. Everett respondeu, por e-mail, a perguntas sobre os 10 anos do “Nevermind” e ainda sobre seu recém-lançado livro, “Living Through This”, que conta a história de toda a cena.

“Voltei a falar de Nirvana simplesmente porque fiquei de saco cheio de ver muita gente falar sobre a cena de Seattle e ver que o que dizem não tem nenhuma relação com aquilo que eu vi e vivi. Com esse meu livro, quis passar um pouco do que realmente aconteceu para esses jornalistas que nem gostavam de Nirvana quando a banda ainda existia, para esses fãs de ocasião ou para os punks de biblioteca, que escrevem ou falam muita besteira sobre a era do Nirvana. Eu ouço mais música hoje em dia do que ouvia antes. E até gosto mais do som que é feito agora, mas claramente o pop atual não tem a mesma influência sobre a minha vida. O ‘Nevermind’ é um disco de grandes canções, mas com uma droga de produção. Ele soa como uma obra do Motley Crue. Eu prefiro o “In Utero”, embora tenha um comprometimento bem maior com o “Nevermind”. Sobre o novo rock americano, não posso dizer muito, na verdade, porque não ouvi a maioria dessas novas bandas. Escutei White Stripes pela primeira vez hoje (segunda-feira retrasada) e me lembrou Pussy Galore. Lift to Experience não é uma boa banda ao vivo. Trail of Dead e The Pattern são muito bons. Nunca ouvi Strokes.”

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Coachella: parte 2, dia 2. O maior calor da história (42ºC), o maior show do mundo (Radiohead) e o maior holograma da música (Notorius B.I.G. interagindo com o Black Lips). O “resto”? Noel Gallagher lindo, Miike Snow lindo…
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Lúcio Ribeiro

* Popload no deserto. Mesmo.

* A Popload faz esta cobertura do Coachella 2012 em parceria com o site Vírgula, também com textos, vídeos e fotos fornecidas especialmente por este blog.

*  Sobre ontem, algumas coisas marcaram o festival de uma maneira a-b-s-u-r-d-a, acho até que você consegue prever o que vou falar baseado nas fotos do último post. Mas, verbalizando um pouco a experiência, ficamos assim, sobre o sábado do Coachella 2012:

Você sabe quem é este ser humano, não?

1. Juro. O rapper Childish Gambino (que quando não está no palco estrela a esperta série televisiva “Community”, sob o nome de Donald Glover) tocava por volta das 15h, quando os termômetros superavam os 42 graus. E eu lá, adorando o show. Mas não suportei ficar mais que três músicas sob o sol que transformou o sábado do Coachella no recorde de calor da história do festival, desde 1999. Eu comecei a delirar e sentir que a cabeça ia rachar. Fiquei com a dúvida se eu estava gostando mesmo daquela apresentação do Gambino ou era puro delírio, haha.

2. O clima “perfeito” de festival foi alcançado com o show do ex-Oasis Noel Gallagher ontem.  Galera animada e interessada na atração, sol super maneiro de fim de tarde, onde a luz no deserto fica linda e uma brisazinha vem salvar depois do calor tôrrido e o irmão do Liam inspirado em seu show de carreira solo pincelado por hits bem escolhidos do Oasis. Em um desses Coachellas passados senti a mesma “vibe” em um show de fim de tarde do Arctic Monkeys, quando o Alex Turner fez um discursinho bom sobre a música que eles iriam tocar naquele momento: “The View from the Afternoon”.

3. Antes, a banda indie-punk zoada Black Lips,de Atlanta, fez um de seus memoráveis shows gritados numa das tendas do Coachella. Tudo mal (bem) tocado, transformando seu show num “ensaio sem compromisso numa garagem qualquer”, até que eles, para zoar o incrível holograma do morto Tupac Shakur no falado concerto rapper de Snoop Dogg & Dr Dre da semana passada, saca, um tótem de papelão do Notorious B.I.G., bota na frente do palco e faz o outro rapper assassinado há anos “interagir” com eles no show. Gênios ou o quê?

4. O show do Radiohead. As músicas do “The King of Limbs” ao vivo. “House of Cards” (seguida de “Reckoner”), “You and Whose Army?” ao vivo. A sequência “Nude”, “Kid A”, “Lotus Flower”, “There There” ao vivo. O telão cheio de telões em placas. A dancinha empolgada do Thom Yorke. O Radiohead segue sozinho com o título de show mais espetacular da música (principalmente numa noite quente em um deserto).

O “resto” do Coachella no sábado teve outros destaques. Azealia Banks reivindicando o título de rainha do rap bombando sua tenda à tarde e cantando no meio de seu hip hop até Amy Winehouse (na verdade era Zutons, mas enfim) e  Prodigy (“Firestarter”). Cheguei para ver o Vaccines no exato momento em que a banda mandava um “Thank You, Coachella” e saía do palco. Amigo disse que o show foi intenso, incrível. Outro no quesito “perdi” foi o Bon Iver, porque me dividi entre Kasabian, Flying Lotus e Miike Snow, tudo show bom. Espero não ser crucificado pelos indie-xiitas.

Bom, depois de tudo, cheguei com insolação no hotel, consegui comer um taco e desmaiei.

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Coachella, parte 2, dia 1 – Black Fucking Keys, Arctic Monkeys no calorzão, Pulp, a água, os vídeos
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Lúcio Ribeiro

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* Popload em Indio, no deserto da Califórnia, no Vale do Coachella, terra entre as falhas geológicas de San Andreas e San Jacinto, onde, dizem, uma hora pode ter o terremoto que vai fazer Los Angeles (e a região) sumir do mapa. Toc toc toc.

* A Popload está no Coachella em parceria com o site “Vírgula”, que também recebe cobertura em texto/fotos/vídeos do festival.

* Ontem, entre as atrações principais do festival, estavam Black Keys, Pulp, Arctic Monkeys, M83 e a… água.

* Dia que entrou no top 5 dos mais quentes da história do Coachella Festival, ontem o calor batia nos 41º durante, por exemplo, o show da banda britânica James e, no outro palco, dos indie kids americanos do Neon Indian. Tim Booth, o vocalista do James, tocou sem camisa o show inteiro.
O Black Keys arrasou. Embora venha tocando em arenas nos últimos tempos, o do megaestrelato indie, a dupla de Ohio segurou de uma maneira até fácil a onda de tocar num palco do tamanho deste principal do Coachella, que não é mesmo para “iniciantes”. Coeso, brutal quando preciso, tranquilo às vezes para balancear, o duo (com uma banda de apoio por trás, no reforço) fez uso do ótimo telão (que falhou perto do fim), de globo disco gigante e contou com participação especial em uma música do cantor e guitarrista John Fogerty, do Creedence Clearwater Revival, numa homenagem para algum influente (para eles) músico recém-morto, que eu não consegui entender quem. Showzão.

Garotas tuitando na grama, esperando o show do Nirvana. Ops, acho que não é bem isso…

“Parceiros” do Black Keys na tour americana, a banda inglesa The Arctic Monkeys fez outro de seus costumeiros concertos lindos. Mais curto que no Lollapalooza BR, músicas bem escolhidas em seu já vaaaasto repertório, entre novas, muito novas e clássicos, Alex Turner de camiseta preta no sol (pelo menos não tava com a jaqueta de couro), uma guitarra em alta velocidade sem concessões. Foi mais ou menos isso de que constituiu o show dos garotos de Sheffield ontem, no lindo final de tarde do Coachella.
O indie pop teatral do Pulp, liderado no palco pelo contador de histórias Jarvis Cocker, é outro que faz muito sentido quando apresentado em começo de noite acalorada num festival paradisíaco como o Coachella. Óbvio que o showzão está ali, para seus olhos, mas é uma grande opção só ouvir Jarvis cantar (ou falar) quando se deita na grama e fica olhando para os balões coloridos enfeitando o céu da Califórnia.
Muito bom o WU LYF, banda indie britânica que tocou numa das tendas. Não combinava nada com o lugar e o momento, mas ainda assim o indie-drama deles se fez bonito no Coachella.
O Rapture foi lindo e dançante, como sempre. Desse não precisamos falar muito. O Grouplove, outro da linha indie pop de Los Angeles parente do Foster the People, também fez um show agradabilíssimo. A banda tem músicas bem boas para segurar o tranco em um festival destes. E a tenda estava lotada por um público bem atuante ali diante do Grouplove. Foi o momento perfeito na curta carreira da banda (“Sonho que virou realidade”, não cansavam de agradecer por estar ali) para exercer seu estilo neo hippie seja nas canções, nos pedidos de “Love” para o mundo ou na vocalista pintando um quadro enquanto a banda tocava. Fofos de um modo que o MGMT não consegue ser mais.
Peguei o grupo franco-espanhol-americano M83 nas últimas três, quatro músicas e estava intenso. No palco e na plateia. A banda electro-ambient de um homem só, o francês Anthony Gonzalez, estava com “ajudantes” no palco, fazendo do show mais um “ao vivo” que programado. Gonzalez tocando tudo o que dava, de bateria a guitarra a teclados. E ficando bem incomodado, pelo menos pareceu no discurso, que a tenda estava lotadaaaaaça porque todo mundo estava ali para ouvir só uma música, “Midnight City”. Quando tocou essa, quase no finalzinho, a tenda veio abaixo. Ele tem bastante razão.

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