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Arquivo : vanishing point

Oh, no! Lá vem o Mudhoney
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Lúcio Ribeiro

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* Touch me I’m sick!

* O lendário grupo grunge Mudhoney, de Seattle, que inclusive deu ao mundo esse termo “grunge” e foi um dos pilares do movimento logo abaixo do reluzente Nirvana, vai lançar disco novo. “Vanishing Point”, o nono álbum de estúdio desde o final dos anos 80, sai, ÓBVIO, pela gravadora Sub Pop, um dos selos musicais mais reconhecíveis de todos os tempos. Para isso, a banda do figuraça Mark Arm, que trabalha na gravadora em algo como “diretor de estoque de produção”, resolveu lançar um vídeo-teaser bacana e bem… Seattle. Quem se importa se o Mudhoney não é mais relevante?

A coisa do “teaser” é a mais nova moda musical moderna contemporânea, né? Está todo mundo usando. E por que não o grande Mudhoney?

Nesta época tão famosa do “EU EU EU” descarado do Twitter, não posso falar de Mudhoney sem lembrar o show que vi deles em Londres, em agosto de 1991, no Astoria. Senta para ler isso. E repare bem na data.
O “som de Seattle” estava bombando cabeludo no underground inglês, o Nirvana não tinha ainda lançado o “Nevermind” e era uma semana antes do famoooooso Reading Festival 1991, onde QUASE TUDO começou. O show de abertura daquela noite de Astoria era de uma tal de Hole, banda americana que diziam ter uma vocalista muito louca chamada Courtney Love, que tocaria de babydoll rasgado e entre músicas ficaria fazendo citações dos Smiths antes da porradaria punk das canções dela comer. Aí entrou a “atração principal” o Mudhoney, dona de um hit nos clubes ingleses da época, essa “Touch Me I’m Sick”, que quando começava a tocar era preciso correr das pistas, sob o risco de ser atropelado ou espancado pela galera maluca com a música. Tinha o perigo de levar uma cabeçada, também. Você pode não acreditar, mas naqueles tempos de comecinho dos anos 90 pré-“Smells Like Teen Spirit” o novo rock era feroz e na pista dançava-se com a cabeça (!!).
Era o primeiro show do Mudhoney dos dois seguidos que a banda faria no período, em Londres. Parecia que o “acontecimento” chegava à capital inglesa com o seguinte aviso subliminar: “Atenção, povo inglês. Esquece Stone Roses, Happy Mondays e esconde esses ecstasy. O bicho vai pegar e os americanos chegaram para conquistar tudo”.
Na platéia, Kurt Cobain, Dave Grohl e a povo do Sonic Youth, que iam tocar no Reading Festival. Dizem que o Iggy Pop estava também, eu não vi. Daí eu tava lá na frentão, esperando o show começar. O Mudhoney entrou e foi aquela algazarra quase-violenta, sem os caras tocarem nem mesmo um acorde. Daí, de imediato, Mark Arm foi ao microfone e disse logo: “A gente vai começar o show logo com essa música para vocês não encherem o nosso saco”. E pintou o primeiro crunch da guitarra distorcida que introduz a música. Se eu não morri neste dia, não morro nunca mais.

* Mark Arm, I love you.

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