EUA liberam Zefirina Bomba para estourar no Texas
Lúcio Ribeiro
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* Boooooom!
A gente falou aqui, ano passado, sobre um imbróglio meio maluco envolvendo o sempre bom trio Zefirina Bomba, bandeira forte do indie nacional com seu hardcore turbinado por um violão zoado, tunado e barulhento. O trio paraibano tentava há tempos se apresentar no badalado South by Southwest, principal evento de música nova no mundo, que para a cidade de Austin com centenas de shows espalhados por bares, galpões e teatros durante duas semanas.
Acontece que a Zefirina Bomba chegou a ter seu visto negado por um motivo-não-oficial peculiar: ter o nome “Bomba” no nome. Pelo menos é o que muita gente acredita, inclusive eles. Tanto que no anúncio preliminar das primeiras bandas do Sxsw 2014, apareceu o nome do grupo assim:
Depois de bater na trave, os vistos finalmente saíram e o Zefirina Bomba vai ser um dos representantes do Brasil-sil em Austin, daqui dois meses. Quem conta melhor para a Popload é o Ilsom, vocalista da banda e dono do violão cool.
“Nossa parada com o Sxsw começou em setembro de 2010, quando pela primeira vez fomos convidados. Era também o primeiro convite para tocar fora do país e naquele momento o visto não parecia ser um grande problema. Tínhamos uma carta convite e um festival renomado, quem podia nos impedir?! Fizemos um release (com sei lá umas 30 paginas com matérias de jornais/revistas/fotos e cartazes de shows) pra levar na embaixada, imaginando que isso + a carta convite + os discos lançados seriam suficientes para nossa liberação”, conta o Ilsom, que disse ter iniciado os trabalhos para montar uma mini-turnê pelo país, aproveitando a visita por lá. “Comecei a procurar no MySpace e no Google bandas que pudessem nos dar uma força e até tocar juntos. Conseguir marcar 12 shows. O próximo passo era o visto. E como íamos tocar no Nordeste, resolvemos agendar a entrevista do visto para Recife. Confesso que não estava nervoso nem preocupado. minha primeira ida foi no dia 17 de novembro (uma quarta-feira] fui chamado e a primeira pergunta “por que você quer ir aos EUA?”. Expliquei que havia sido convidado para me apresentar em um festival e… Aí começou meu pesadelo…”
Diz o Ilsom, a embaixada começou a solicitar documentos que comprovassem que a Zefirina Bomba era “notória e representativa” e queria matérias internacionais sobre a banda, que nunca havia sido resenhada na gringa. “Procurei gente que pudesse falar a nosso respeito lá fora. Fui atrás de rádios na Europa e nos EUA pra ver se, mostrando o som e falando do Sxsw, rolava uma pauta. De fato conseguimos que algumas pessoas escrevessem sobre a gente (isso inclusive acabou nos ajudando na tour europeia). Na embaixada, recebi uma autorização que me dava direito de retornar a qualquer momento, sem precisar reagendar. Voltei com tudo que eles tinham me pedido. A resposta foi: ‘precisamos de uma petição’”.
Uma petição, conta o Ilsom, significaria gastos na ordem de mil e poucos dólares. Isso porque a banda estava sem grana e já havia comprado as passagens. “Retornei outras três vezes, mas sem nenhum sucesso. Final das contas: tivemos que cancelar tudo que havíamos marcado. O resultado disso? Trocamos as passagens e fomos pra Europa, com 19 shows em 21 dias”.
Em outubro do ano passado, a banda voltou a receber um convite para tocar em Austin. E, claro, ficou com os dois pés atrás. Avisou ao Sxsw que não seria fácil conseguir liberação. “Mas eles realmente nos deram muita assistência e isso fez toda diferença”, enfatiza o Ilsom.
Parece, mudaram também a legislação e o trio conseguiu o visto de turismos e negócios para tocar em Austin. Depois dessa saga toda, a Zefirina está pronta para estourar sua bomba nos Estados Unidos. (Brincadeirinha, embaixada…)
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