Tem o Coachella na Califórnia. Mas tem o Metal Open Air no Maranhão, que pode ser cancelado a qualquer momento
Lúcio Ribeiro
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A Popload está no deserto da Califórnia, acompanhando as intermináveis atrações do Coachella, mas também com um olho no caos que se instalou no Metal Open Air, festival que tinha tudo para ser um dos mais bem comentados no país este ano, mas que desde quinta-feira está acumulando problemas e mais problemas.
Com uma programação prevista de 43 shows, o Metal Open Air, que está sendo realizado em São Luis, no Maranhão, viu pelo menos um terço das bandas cancelarem seus shows em cima da hora, com alegações que vão desde o não pagamento de cachês à falta de infra-estrutura.
O festival, que quase foi cancelado ontem, pode se encerrar precocemente nas próximas horas. Tanto que a cavalaria da polícia militar local está na espreita para tentar evitar uma possível revolta popular. O clima está tenso.
O músico e jornalista Patrício Lima, que escreve o blog Escuta Essa, é de Teresina, está em São Luis desde ontem e relata abaixo todos os problemas e o clima do festival, acompanhado por fotos que só vendo para acreditar.
* Segue o relato do Patrício Lima:
“Tudo o que já foi dito pelo público e a imprensa não seriam suficientes para descrever a bagunça que se tornou o Metal Open Air. O que no início era para ser o Wacken (tradicional festival gringo) brasileiro, se tornou a maior vergonha da história da música brasileira, na organização de festivais.
Bandas canceladas por falta de pagamento e não terem recebido passagens. Estrutura de som e luz de uma qualidade pífia. E o público tratado literalmente como cavalo. Pois é. Quem está alojado no camping do festival, montou sua barraca em um estábulo. E tomam banho e fazem suas necessidades numa estrutura improvisada, onde os cavalinhos tomam um trato.
O pior disso tudo é que, milhares de pessoas de todos os Estados do país percorreram distâncias continentais para conferir suas bandas preferidas. E ao chegarem no local, se depararam com uma coisa surreal em se tratando de um festival. Negativamente falando, é claro. O que você pensaria a chegar no local de um festival, quando as bandas já deveriam estar tocando, e se esbarrar com caminhões descarregando grande parte da estrutura do evento?
Outra questão que parece pouca coisa comparada a tudo isso é a falta de placas ou pessoal para dar informações ao grande número de turistas que foram ao festival. Ou eles (organizadores) pensam que só tem maranhense conferindo o evento?
E o camarote? Vendido com uma zona vip e onde poderíamos tomar cerveja e tirar fotos com as bandas que tocariam no festival, nada mais é que um espaço cercado com no máximo 5 puffs, daqueles que são vendidos no camelô.
A sorte da produção é que o público tem sido bastante educado e até agora não demonstrou nenhum tipo de reação mais agressiva. Caso o contrário, o problema seria bem grande.
No primeiro dia a produção ainda respirou porque a atração principal – Megadeth – mesmo depois de muito atraso, acabou se apresentando.
Hoje vai ser mais complicado. Sem os headliners, não se sabe qual será a reação do público. E a tendência é piorar. Depois de 11 cancelamentos, os caras do Anthrax também caíram fora. Ah! E quem dera que o maior problema do festival fosse “fitinha do Senhor do Bonfim” transformada em ingresso ou credencial.
Para completar, a informação que tenho é que a produção estaria desmontando o palco e o festival seria cancelado ainda hoje. A conferir!”
Galera do camping precisou improvisar as barracas em estábulos
Os portões já haviam sido abertos, mas o bar não
Turma espia – da rua – todos os capítulos tensos do Metal Open Air
Banheiros foram improvisados e funcionavam apenas parcialmente