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Popload UK Tour – Nada Surf e Mastodon, ao vivo. E a situação delicada dos fumantes em shows de rock (no inverno)
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Lúcio Ribeiro

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* Popload em Londres. Desovando “assuntos escoceses”.

* Antes, a perguntinha: estão gostando dos Miniastros aí ao lado, esquerdo, direito, em cima, embaixo?

* Numa mesma noite desta semana, enquanto estava em Glasgow, corri para lá e para cá no frio para pegar dois shows que aconteciam. Mastodon, no enorme Barrowland Ballroom, e pouco antes o Nada Surf, no reduto indie King Tut’s (onde o Oasis foi…).

Talvez a melhor banda de rock pesado hoje, vi as quatro/cinco músicas do Mastodon, de Atlanta, que nunca tinha conferido ao vivo. O lugar estava abarrotado. Acho que a capacidade do Barrowland é de 2.200 pessoas. E o show estava esgotado faz tempo. Consegui o último ingresso de um cambista na porta, algumas horas antes da apresentação. O cambista me vendeu e se mandou do lugar, por causa do frio que doía os ossos da cara.

(O inverno causa uma coisa engraçada para os fumantes de um país que faz muito frio. Geralmente a pessoa chega encapotada aos shows, por exemplo como este do Mastodon em Glasgow ou o de ontem do Black Keys de Londres ao que eu fui, que NEVOU muito do lado de fora. Como os clubes são quentes dentro, e a lotação aumenta mais a temperatura, todo mundo deixa casacos e blusas na chapelaria, para não ficar carregando a tralha toda. Só que, na hora de fumar, tem que ir ao ar livre. O cercadinho, sempre e óbvio, é do lado de foraEntão, -3 graus no caso de Glasgow, ou debaixo de neve forte no caso do Black Keys, a galera tem que sair DE CAMISETA ou pelo menos pouco agasalhado para fumar. E sai. Pensa.)

Enfim, voltando ao Mastodon. A noite teve ainda aquele Dillinger Escape Plan, que eu até curto, mas não deu para ver nem o cheiro. Me impressionou o clima de entrega do público para o Mastodon. Alta voltagem o tempo todo. Uma coisa que eu achava do Mastodon, pude ver melhor ao vivo. Vê se você concorda comigo: eles são meio místicos, né?
Devia ter vindo antes. Devia ir ao show de Londres amanhã, esgotadaço há tempos, também.

* NADA SURF – Também foi bom ver a volta do Nada Surf, banda indie americana bem grande nos anos 90 de Nova York, quando a gente ainda chamava banda indie de college por causa das rádios universitárias americanas e o underground era lugar do “rock alternativo”. A banda está com disco novo, “The Stars Are Indifferent to Astronomy”, lançado agora em novembro, e tocam em São Paulo e Curitiba em abril. Os ingressos para o show paulistano, no Cine Joia, já está vendendo no gás. A apresentação, redonda, nostálgica nessa linha “ah, o indie nos anos 90”, por parte da banda e da platéia, mesclou, claro, canções do disco novo com alguns de seus pequenos hits antigos. Veja “Weightless”, música de 2008 que esteve no show de Glasgow desta semana.

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Ao vivo em Glasgow: Howler, a melhor banda nova do planeta, o “novo-Strokes”, “novo-Ramones”, “novo-Clash”, “novo-Jesus & Mary Chain”…
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Lúcio Ribeiro

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* Popload em Glasgow.
Aqui está fog e -1 grau, thank you very much. Como está aí, calor?

* Sábado à noite fui ver a molecada do grupo americano HOWLER, de Minneapolis, Minnesota (veja bem), se apresentar no famoso clube King Tut’s Wah Wah Hut, aqui em Glasgow, Escócia. Esse mesmo Howler que, ATENÇÃO se você ainda não deu conta, faz show em SP e Porto Alegre no final de fevereiro agora. Com o espetacular primeiro álbum lançado há poucas semanas, o “America Give Up” corre o Reino Unido desde janeiro e essa da Escócia foi uma dos últimas apresentações deles. Hoje em Londres, sold-out, eles fazem o “último show britânico”, depois vão à Europa, passam pelo Japão e encaram a grande turnê americana do disco novo. Eles não param. Tanto que o vocalista Jordan Gatesmith disse a mim em entrevista a ser publicada que nem dá para dizer mais que eles são de Minneapolis: “Não temos mais casa. Faz tempo que moramos em hotéis Travelodge”.

* Primeiro o King Tut’s: o lugar é considerado o “melhor clube pequeno do mundo”. Diz que cabe 300 pessoas, mas acho que, vendo o show, mesmo, deve caber umas 200. Foi o local onde o Oasis foi descoberto pelo empresário, músico e agitador Alan McGee. Falam que, no Reino Unido, se uma banda nova não passou pelo palco do King Tut’s, ela ainda não “aconteceu”. A lista de quem já tocou lá impressiona: White Stripes, Belle & Sebastian, Strokes, PJ Harvey, Franz Ferdinand, Beck, Coldplay, Blur, entre outros.
Na noite do Howler, sábado, uns -3 graus do lado de fora e uns 45 dentro. Perto daquilo, o Cine Joia e o Estúdio Emme, em SP, muito maiores que o King Tut’s, parecem um frigorífico.

* Adorei o show que abriu para o Howler, de um guitarrista solitário americano chamado Man Made. O menino tocava notas, gravava no pedal, as deixava em loop, adicionava efeitos e continuava tocando por cima um monte de canções de amorzinho. Voz bem bonita. Ele sozinho em cena e parecia, às vezes, que tinha uns três guitarristas e dois baixistas juntos. Aí o show acabou, ele tirou o casaco dourado cintilante, guardou a guitarra, botou o boné para trás e começou a montar o palco do Howler. Ele é o roadie da banda principal.

* O Howler (“ráuler” na pronúncia) é um quinteto que, tirando o baterista, de 24 anos, e o segundo guitarrista, de 22, os outros têm 20 anos. Eles são “de menor” nos EUA, então se esbaldam bebendo no palco no Reino Unido. E se divertindo entre si, por conta dessa “liberação”. Os caras são todas essas comparações do disco atribuídas a eles, mas ainda por cima têm uma personalidade própria impressionante. Todos são bons músicos. E entrosados. Barulho, energia, diversão, boas músicas, vocalista carismático. Que mais uma banda nova precisa ter?
Duvido alguém me apontar uma música “mais ou menos” do disco deles. Todas as canções têm uma marca própria, parece, sem parecerem diferentes entre si. Se eu pudesse, ia até Londres hoje vê-los tocar de novo. Aguento esperar os shows no Brasil.
Minha única “decepção” foi eles não terem tocado a música “14 Days”, que está no EP do ano passado e não entrou no álbum. A canção tem tudo o que eu gosto no rock. E contribui na atribuição louca de rótulos ao Howler com os títulos de “novo-Wedding Present”, “novo-Vaccines”, “novo-Modern Lovers”.
Mas, OK. Eu supero.

* Fiz alguns vídeos para botar aqui. Por enquanto, vai o da incrível “This One’s Different”.

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