Sónar se rende a pop de Lana Del Rey
Lúcio Ribeiro
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Popload voltando para casa, após um fim de semana loucura em Barcelona, com as dezenas de atrações do Sónar, festival de música avançada que a cada ano se consolida como um dos mais importantes do mundo.
Por enquanto a gente destaca aqui o balanço resumido do que foi este Sónar, em texto publicado hoje na Folha de São Paulo. Aos poucos, durante a semana, vamos falar muito ainda sobre o que rolou pelos cantos de Barcelona.
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Sónar se rende a pop de Lana Del Rey
Evento atraiu até sábado 98 mil pessoas para ver os veteranos do New Order e do The Roots
Foi como um show de axé num festival chamado ROCK in Rio. Ou quando as atrações de guitarras tomaram conta do antigo Free JAZZ.
Na noite de sexta, em Barcelona, a cantora furacão americana Lana Del Rey transformou em cabaré pop o Sónar 2012, um dos principais eventos de música eletrônica do mundo.
Foi tudo muito engraçado. Clubbers e, óbvio, os fãs da polêmica artista de 25 anos, que estourou no ano passado na internet, dividiam espaço para vê-la no Sónar Pub, espaço para 20 mil pessoas, o lugar de shows “pequeno” dentro do complexo para convenções que abrigava a parte noturna do festival catalão.
Foi tudo muito bonito. Com suas marcantes e melancólicas canções “vintage”, Lana Del Rey levou ao palco um quarteto de cordas, um pianista, um guitarrista e 45 minutos quase totais de músicas de seu único disco, “Born to Die”, lançado em janeiro.
Não teve nenhuma tentativa dela simpática (à verve do festival) de cantar sobre alguma das muitas versões remixadas de suas músicas, febre das pistas de dança.
No conhecido festival de “música avançada”, Del Rey mostrou um avanço ao passado, com sua sonoridade anos 50/60 enfeitada por imagens no telão de filmes de Billy Wilder, Elvis Presley, desenhos antigos da Disney, Chet Baker.
E, como roqueira, saltou duas vezes à plateia para abraçar e beijar o entusiasmado público grudado na grade à frente do palco.
“Get fucking crazy tonight”, recomendou a cantora à galera eletrônica que tinha ainda toda a madrugada pela frente.
VANGUARDA – Outras atrações que talvez combinem pouco com a vanguarda do Sónar, como os veteranos pós-punks do New Order e o grupo hip-hop soul The Roots, fizeram bons shows, atraindo parte razoável do contabilizado público de 98 mil pessoas de 80 países que percorreram o Sónar de noite e de dia (série de apresentações e DJ sets realizadas na área dos museus, no centro) de quinta até sábado.
Na seara vanguardista eletrônica, a DJ e produtora russa Nina Kraviz, Nicolas Jaar solo ou com o projeto Darkside, a inglesa Maya Jane Coles, os bombados Azari & III e Totally Enormous Extinct Dinosaurs e o brasileiro Psilosamples tiveram performances das mais elogiadas.
Favoritos indies como Hot Chip, Metronomy, Friendly Fires também foram muito bons, cada qual no seu palco e horário. Diferentemente do velho Fatboy Slim, um dia um deus da electrovanguarda, que manteve seu set aprisionado no mofo dos anos 1990.