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Blur e Stone Roses no Coachella. Não rolou invasão britânica

Lúcio Ribeiro

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Quando o Coachella confirmou seu line up para 2013, bateram logo algumas surpresas. Fuçar, saber e analisar a escalação de bandas do festival do deserto da Califórnia é um dos esportes preferidos dos amantes da boa música. O olho sempre corre primeiro para os headliners do evento e, neste ano, a surpresa foi dupla. Primeiro, a de ver o até “ontem” médio Phoenix ser uma das atrações principais. A outra surpresa foi a escalação da dobradinha britânica Stone Roses e Blur, numa espécie de co-headliners. O burburinho não seria tão grande se o atual Coachella não fosse o 2013, mas sim o 1993.

Reconhecidas como duas das principais bandas da rica história musical britânica, Stone Roses e Blur, se fizessem essa dobradinha em algum lugar do Reino Unido, provavelmente esgotariam 80 mil ingressos em 10 minutos. Só que o panorama americano indica que, por lá, custariam a vender 10 mil ingressos em 80 dias, o que chega a ser irônico.


O Stone Roses, de Ian Brown, fechou a primeira noite do Coachella (foto: Billboard)

O Blur conseguiu relativo conhecimento em terras americanas nos anos 90, por causa especialmente do seu mega hit nirvanesco “Song 2”. O fato da banda de Damon Albarn não se apresentar no país há 10 anos, mesmo com as idas e vindas do grupo, pode indicar alguma coisa. O intervalo é ainda maior se considerarmos que neste show de 2003 o guitarrista Graham Coxon não estava na banda. Isso significa dizer que a última apresentação do Blur original para os yankees foi lá em 1999, ano em que o Coachella nasceu para um público de 10 mil pessoas, para se ter noção de quanta coisa mudou de lá para cá.

Dilema maior viveu o Stone Roses com o anúncio do seu show no evento. O grupo ícone do movimento Madchester e espécie de pai torto do Britpop, em mais de 25 anos de carreira fez o seu PRIMEIRO show com a formação original nos Estados Unidos na noite de ontem. A banda até esteve por lá em meados dos anos 90, mas sem o distinto baterista Reni. Quando saiu o anúncio do Coachella, muita gente logo pensou e emendou um “Who the f*ck are the Stone Roses?”. Virou meme. E não ficou só nisso, já que o big jornal inglês Guardian estampa em sua edição de hoje uma reportagem destacando a falta de conhecimento do público americano em relação à banda, a ponto de uma menina perguntar se Spike Island, show mais famoso do grupo, era o nome de alguma bebida. Outro frequentador do festival, ao ser abordado, perguntou se o repórter estava zoando e disse que estava lá apenas pelo Moby e o Red Hot Chili Peppers.

Os shows de Blur e Stone Roses fechando o primeiro dia do Coachella, na noite de ontem, foram recebidos com certa frieza. O Blur, por exemplo, não conseguiu levantar a galera nem com seus principais hits. E, para piorar (?), tocou músicas mais viajadas da sua discografia, tipo a ótima “Sing”, que dura 7 minutos e tem um clima dark como se fosse show do Bauhaus. Linda faixa, mas provavelmente não é a melhor escolha a se fazer diante de milhares de pessoas em um festival-quase-balada no meio do deserto. Pela transmissão ao vivo dava para ver todo o “interesse” da banda em tentar levantar o tradicionalmente “difícil” público norte-americano.

O Stone Roses, que fechou a noite, segue a linha de todos os seus shows deste retorno, que iniciou no meio do ano passado. Só músicas antigas, nenhuma inédita. Mas dá para medir a atenção e pretensão do grupo do Ian Brown com o país a partir do momento que vemos que eles passaram até pelos Emirados Árabes antes de tocar por lá, o principal mercado consumidor de música do mundo. Sem falar que, a exemplo dos shows anteriores, os ingleses não liberaram a transmissão de seu show, o que poderia ser uma forma de disseminar melhor o nome da banda. Fotos nas redes sociais indicavam que o show estava até bom, mas que provavelmente foi o dia mais vazio da história recente de um headliner no Coachella.

O britrock, que também às vezes não se ajuda (é bom ressaltar), parece continuar meio sem vez e sem espaço para uma nova invasão ao mercado americano.

Um trecho sensacional da matéria do Guardian de hoje sintetiza bem o panorama.

…We moved towards the more indie-centric Gobi tent and bumped into Andrew who was from New York and even knew the Guardian. Surely he had heard of the Stone Roses?
''Who?''
The headline act on the main stage tonight!
''Oh, I'm not here for the music, I'm working at the photo booth.''
What music do you normally like?
''90s rave. And Beach House.''
Have you any idea what Spike Island is?
''No.''
Have a guess.
''I would say it was an island. With spikes on it.''

''Walked all the way to the front for Stone Roses. Never seen the grounds this empty for a #coachella headliner'', disse o @dearthvader no Twitter

  1. alexandrelz1979

    13/04/2013 20:43:20

    Putz, nem na Inglaterra o blur toca song 2 tão bem ao vivo, acho meio óbvio não ter tido lotação, uma porquê o blur teve o seu auge entre 1994 a 1999, suas músicas falava muito sobre o estilo de vida do cidadão britânico, não interessa muito p/ o americano, e se naquela época não estouraram nos EUA, não vai ser agora.Quanto aos Stone Roses acho difícil o sucesso também, pois a voz do Ian Brown é completamente diferente hoje do que era em 1991.Acho que o negócio dos americanos hoje é ouvir The Killers, Pearl Jam Soundgarden e outros jabás que tem por aí, azar o deles e muito mais azar pra nós.

  2. Carol

    13/04/2013 20:37:06

    Duas das minhas bandas preferidas. Paulo, você disse tudo!

  3. Paulo

    13/04/2013 19:40:58

    em terra de beyonces e biebers talvez seja muito exigir q stone roses tenha o merecido reconhecimento, assim como seria complicado exigir o mesmo em terra de ivetes e luans santanas

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