Bonde do Rolê Day – “Tropical/Bacanal”, ouça o disco inteiro
Lúcio Ribeiro
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* Não perca esse Bonde. Todos os rolês do álbum “Tropical/Bacanal”.
1. A capa: feita pelo ilustrador argentino Federico Lamas, oferece uma visão dúbia, ou alternativa, dos elementos da imagem. Elas são uma coisa a olho nu e outra quando vista pelo “visor infernal” (uma lente vermelha que acompanha o disco). Os integrantes do Bonde na capa viram “bichinhos demoníacos” com o filtro vermelho.
2. Caetano e os convidados: o veterano músico baiano Caetano Veloso é um dos vários colaboradores musicais de “Tropical/Bacanal”. No encarte do disco, num desenho que serve de agradecimento da banda, Caetano está sentado no sofá, à esquerda da imagem. A cantora jamaicana Ce’ Cile, o grupo inglês de hip hop Rizzle Kicks, o rapper americano Kool A.D. (do Das Racist), Filip Nikolic (do duo californiano eletrônico Poolside) e a banda art punk australiana The Death Seth são os outros colaboradores de faixas do disco e estão entre os representados no desenho de agradecimento que monta o encarte de “Tropical/Bacanal” .
(Caetano está à esquerda da foto, sentado no sofá, conversando com o DJ e produtor gaúcho Chernobyl. Diplo, Ce’Cil e os meninos do Bonde estão à direita do CD.)
3. O som: de banda curitibana de funk carioca que viajou o mundo em 2007/2008, o Bonde do Rolê mistura de disco music e ragga a rockabilly e psicodelia, brasileira e gringa. É um outro rolê. A banda agora também canta em inglês.
4. O movimento: dentro da cena brasileira geral, o Bonde do Rolê integra uma outra cena, em particular, chamada Avalanche Tropical, um coletivo musical de bandas, DJs e ideias que impõe uma latinidade forte à cena dance e tem ainda as bandas Uó, Holger e DJs como André Paste, Dago e Drunk Disco. A grosso modo, temos o indie-lambada.
5. A moda: Espécie de uniforme do novo Bonde do Rolê, que vai ser usado em shows na turnê americana e inglesa e tem bastante destaque no vídeo de “Brazilian Boys”, são as roupas criadas especialmente para a banda pelo badalado estilista mineiro João Pimenta, que botou alfaiataria em cima de toalhas de praia superestampadas, dessas populares das praias do Rio de Janeiro.
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Lúcio Ribeiro
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No mês passado, enquanto ouvia o álbum “Tropical/Bacanal” de cabo a rabo, conversei com Rodrigo Gorky e Pedro D’Eyrot nos escritórios da Popload. Rá.
Em nova reprodução de texto publicado na Folha de S.Paulo de hoje, segue o que foi conversado.
** “A intenção era soar como trilha dos filmes do Adam Sandler”
Segundo Gorky e Pedro, os dois rapazes do Bonde do Rolê, orquestradores da mistureba sonora toda da banda, o novo disco “Tropical/Bacanal”, até ser finalizado havia poucos meses, estava sendo feito e refeito desde 2009.
“Esse álbum foi pensado primeiro para ser uma continuação de ‘Tieta’ [música do disco anterior, ‘With Lasers’, alopração funk em cima do clássico da lambada, de Luiz Caldas]”, diz Pedro, MC do grupo, em entrevista.
“Uma outra pegada que a gente queria para o disco era criar uma espécie de western rockabilly tropical, na verdade um rockabilly aplicado ao baile funk. Algumas músicas do disco novo têm isso.”
Gorky, DJ do Bonde, revela que, na busca de não repetir a fórmula do começo da banda, eles pensaram num caminho mais eletrônico. Mas isso soaria datado.
“Todas as bandas que surgiram com a gente lá em 2006/2007 meio que andaram neste caminho, e não fizeram mais nada de relevância. Algumas até sumiram, não lançam mais disco. Então pensamos: vamos fazer algo que ninguém esteja fazendo. Ou isso vai dar muito errado… Ou até pode dar certo”, lembra.
“Na verdade, eu queria que o disco fosse alegre. Soasse como uma trilha sonora para os filmes do Adam Sandler”, resumiu Gorky.
“O primeiro disco, quando a gente lançou, tinha todo um hype por trás. Quando lançamos ele, fiquei uns três dias embaixo das cobertas de medo do que ia acontecer. Este segundo disco não tem nada, ninguém está esperando nada”, conta Pedro.
“O ‘With Lasers’ era novidade, a gente queria zoar. Agora, com este segundo disco, queremos mostrar nosso talento”, completa Gorky, rindo.
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Lúcio Ribeiro
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* Fez-se o dia. Hoje finalmente sai, nos EUA, com previsão de lançamento no Brasil e Europa para ja já, o encantado segundo álbum da banda Bonde do Rolê, uma das formações musicais mais bizarras e de alcance mais longínquo do Brasil dos últimos dez anos. O que antes era uma zoeira de três amigos curitibanos virou hoje em dia, entre tapas, beijos, embaços e desenlaces, um dos mais ricos exemplos de nova música do indie nacional seja na informação passada, no movimento engajado, nas relações perigosas assumidas, na conexão com diferentes raças e credos da atualidade e do passado. Isso tudo, e mais um pouco, é “Tropical/Bacanal”, o disco.
Escrevi sobre o lançamento do álbum hoje, na Folha de S.Paulo, capa da Ilustrada. Abaixo, sem os cortes de edição, reproduzo o escrito no jornal. Me acompanha no rolê.
“Sai hoje nos EUA o disco mais importante da música independente brasileira recente, da banda de curitibanos que um dia fez certa fama mundial com funk carioca, ganhou um elemento mineiro, tem colaboradores jamaicanos e australianos no álbum e resgata à cena atual um baiano ícone da velha MPB.
Muito além do funk, com uma energia sonora absurda e cheio de referenciais e significâncias (já falo mais sobre isso), finalmente é lançado “Tropical/Bacanal”, o segundo álbum do trio bagunceiro Bonde do Rolê, grupo que melhor internacionalizou a, desculpe, putaria do batidão das favelas cariocas misturado ao rock, com bombásticos shows em festivais americanos e clubes da Inglaterra e Rússia.
À globalização sonora, de formação e de trajetória da nova fase da banda alia-se à de venda do disco. “Tropical/Bacanal”, que sucede o polêmico “With Lasers” (2007), será editado pelo selo americano Mad Decent, com comercialização em lojas e no iTunes de lá. A partir daí o disco ganha distribuição no Brasil, no mercado europeu e na literal world wide web. Aqui, “Tropical/Bacanal” chega às lojas em agosto, via Deckdisc.
Depois do sai-não-sai da gravadora, de duas sacudidas na formação original e adicionando rockablilly, folk, hip hop, ragga e axé ao seu batidão funk e às suas letras sacanas, várias delas agora cantadas também em inglês, o Bonde do Rolê juntou um time de colaboradores plural na confecção do CD: da cantora jamaicana Ce’Cile ao art punk australiano The Death Seth. O mais inusitado de todos? O cantor Caetano Veloso.
Caetano canta “Baby Doll de Nylon”, versão do Bonde para uma música de disco dos anos 80 do guitarrista Robertinho do Recife, da qual o compositor baiano fez a letra. Segundo os rapazes do Bonde, Caetano disse nunca ter cantado em estúdio a música que escreveu, que em “Tropical/Bacanal”, atualizada, virou “Baby Don’t Deny It”.
“Adorava essa música do Robertinho e queria fazer algo parecido. Descobrimos que a letra era do Caetano e pensamos que seria incrível se ele participasse da gravação. Tentamos um tempão nos aproximar dele, por email, conseguimos o número dele, pedimos a amigos em comuns e nada. Contamos esse desejo para o Diplo [produtor americano, dono da gravadora do Bonde], que em um telefonema armou jantar com o Caetano. No outro dia, ele estava gravando com a gente”, contaram em entrevista e intercalando histórias Rodrigo Gorky e Pedro D’Eyrot, na ordem DJ e cantor do Bonde do Rolê.
O veterano cantor brasileiro escancara um lado tropical que evidencia o novo rolê do Bonde do Rolê. O grupo está envolvido numa associação musical e de idéias que leva exatamente o nome de Avalanche Tropical, mais ou menos uma certa parte da nova geração de bandas e DJs do indie nacional se divertindo em remexer o passado da música brasileira e impregná-la com batidas atuais e sonoridades variadas, que vai de cumbia a calipso. É o brega que viira cool, o velho que vira novo.
O Bonde do Rolê, hoje, é completado pela cantora Laura Taylor, importada de Minas Gerais. “Tropical/Bacanal” tem, entre outros, produção do americano Diplo, espécie de midas atual da cena dance híbrida.
O disco começou a sair da toca em maio, quando o Bonde lançou o video do single “Kilo”, algo como um faroeste do Agreste. No Youtube tem esse e o mais novo, “Brazilian Boys”, gravado pelo trio no Piscinão de Ramos, no Rio, revelado agora em julho.
A Popload libera com exclusividade, para download, o próximo single do Bonde, “Bang”, música com participação do rapper Kool A.D., do grupo Das Racist. A canção é uma das faixas de “Tropical/Bacanal”. Vem nesse rolê.”
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As fotos tarantinescas deste post são de Gleeson Paulino/Divulgação.
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Lúcio Ribeiro
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Direto dos estúdios Maida Vale, para a BBC Radio 2, programa do dândi Steve Lamacq.
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* Uma superprodução curitibana, comandada pela Banda Gentileza, mistura estilos, outros grupos locais e serve de cartão de visitas para show a banda fará QUINTA à noite em São Paulo. O inventivo vídeo de “Quem Me Dera”, ousado até, que conta com participações de Cacá (Copacabana Club) e a dupla electrofunk Drunk Disco, além da porção musical tem colado o anúncio de um game para Facebook, que se chama “Game Dera”, haha.
Veja o vídeo, saque o game.
* SHOW: A Banda Gentileza, de Curitiba, se apresenta QUINTA no Studio SP da Vila Madalena, em noite que ainda conta com performance do grupo paulistano Garotas Suecas. O show do Gentileza é exatamente o de lançamento do single “Quem Me Dera”. A primeira banda se apresenta às 22h.
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Lúcio Ribeiro
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Que o segundo semestre do ano, especialmente o trimestre final, será de agenda lotada para shows internacionais, todo mundo está careca de saber. Então acho que não há problema em “sugerir” mais um showzinho.
Banda americana de indie-heart (haha), o Walkmen visitará a América do Sul em novembro. O grupo liderado pelo ótimo Hamilton Leithauser, que lançou mês passado o álbum “Heaven”, vai se apresentar no festival Primavera Fauna, no Chile, ao lado do Pulp e do nosso Bonde do Rolê.
Levando em conta que em novembro acontece o SWU, não custava “nada” o eco-festival brindar a gente com o Walkmen no Anhembi, né?
Vem, Hamilton.
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* Você não acha o Thom Yorke um gato?
* A banda nossa amiga Radiohead foi a atração principal no útimo final de semana do Jisan Valley Rock Festival, novo megaevento indie que acontece na Coréia do Sul. Li em algum lugar que esse festival, parceiro do japonês Fuji Rock e que surgiu em 2009, é o que mais cresce no mundo.
Enfim, o Radiohead foi o nome grande da edição deste ano. E, ali, sob gritinhos das meninas coreanas, Thom Yorke tirou a camisa durante performance linda de “Idioteque”, em uma versão quase Chemical Brothers. Veja o Yorke pagando peitinho.
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Lúcio Ribeiro
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Você leu aqui, faz mais de um mês, que o Lollapalooza Brasil, festival que bombou em sua edição de estreia neste ano, deve ter cerca de 70 bandas ano quem vem – entre elas o Franz Ferdinand (!) e o The Cure (?) – e, por isso, vai ganhar mais um dia. A organização do evento confirmou na manhã de hoje que o festival acontecerá entre os dias 29 e 31 de março, final de semana do feriadão da semana santa.
Enquanto 2013 não chega, a gente fica de olho no Lolla matriz. No próximo final de semana, Chicago vai receber mais ou menos 130 shows e mais de um terço deles serão transmitidos via internet, incluindo Black Keys, Tame Impala, Red Hot Chili Peppers, Frank Ocean, Franz Ferdinand e Jack White. A Popload vai fazer aquela cobertura especial, claro.
Confira a agenda de shows que serão transmitidos ao vivo via YouTube.
Tags : Lollapalooza
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“And we don’t care about the young folks
talkin’ ‘bout the young style
and we don’t care about the old folks
talkin’ ‘bout the old style too.
* Quando acordei, hoje, vi que no TT do Twitter tinha assuntos olímpicos, discussões sobre certos aspectos do cabelo do Neymar, alguma orkutizada de meninas pedindo para o Justin Bieber e a Demi Lovato. E tinha também a hashtag para “Young Folks”. Vi ontem um comercial upbeat de carro com uma molecada alegre cantando a famosa música do assobio, de autoria da banda sueca Peter Bjorn & John, que assolou o indie em 2006/2007, virou a canção mais famosa do mundo por um período, aparecia em seriados americanos, propagandas várias e trilha de videogame. Até tema de personagem gay em novela brasileira “Young Folks” foi usada.
No caso do comercial que está passando na nossa TV, a “Young Folks” tocada/cantada é a da versão da banda inglesa Kooks, uma das centenas que fizeram cover para o hit do PB&J.
Mas daí, esmiuçando esse Trending Topics em particular, vi que “Young Folks” virou assunto não só pelo comercial de carro. Aliás, muito pouco por causa disso. Virou porque a música se mostrou ainda com fôlego entre a galera que fala nas redes sociais, seja por causa da sua original ou por qualquer dessas coisas. E porque “young folks” não é um termo em inglês, assim, muito difícil de ser utilizado em uma frase banal.
De todo modo, TT em São Paulo para “#youngfolks” achei significativo. Seria o resgate de um velho hit, para muito além da propaganda? Do we still care about Young Folks?
Vamos acompanhar.
* Só para registro, o vídeo original de “Young Folks” tem no Youtube 31 milhões de views. Entre muitas aparições, a música já foi comercial pesado do FedEx, nos EUA. E volta agora na voz de uma molecadinha que era bebê em 2006, acho.
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Tags : kooks peter bjorn john young folks