This is hardcore. Quatro coisas importantes sobre o filme “Ninfomaníaca”
Lúcio Ribeiro
>>
* No spoiler intended! Quatro coisas importantes dentre as coisas importantes de “Ninfomaníaca”, seria um título mais feliz para este post, se eu tivesse espaço para colocá-lo.
Estreia nos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (em algumas telas de SP já amanhã) o belo “Ninfomaníaca”, polêêêêmico novo filme do grande diretor dinamarquês Lars von Trier.
“Ninfomaníaca” chega em sua primeira parte, o “Volume 1”, de quase duas horas. O “Volume 2”, conclusivo, desta vez de duração superior a duas horas, estreia em março. Ainda por cima, ambos os volumes aparecem nos cinemas cortados em muitas de suas cenas fortes, de sexo explícito.
A versão na íntegra, sem censura, do “Volume 1”, a chamada “hardcore director’s cut”, passará primeiro no festival de Berlim. O “Volume 2” nu e cru, talvez em maio, no festival de Cannes. Depois devem voltar ao cartaz nos cinemas do mundo, sem nenhum corte, hardcore total, talvez no segundo semestre, nos dois volumes. Talvez na versão integral.
Os poréns de duração e censura de “Ninfomaníaca” não acabou, espera. A versão total do filme, sem cortes, é de cinco horas e meia, uma hora mais longa que essas quatro e meia somadas que perfazem a versão “ok de se ver” de seus dois volumes, que vamos testemunhar inicialmente. O que nos leva a crer que o bruto do filme tem uma hora a mais de cenas de sexo pesadas.
Se você não esteve fora do planeta virtual nos últimos meses, percebeu que o novo Lars von Trier, esse “pornô inteligente”, teve uma das principais campanhas de um filme na internet. Muitas cenas e trailers e pôsteres diferentes estrategicamente divulgados aos poucos. Quase um disco do Daft Punk ou Arcade Fire, haha.
Se você não esteve fora de qualquer dos planetas, virtual ou real, nos últimos meses, sabe que “Ninfomaníaca” revela a história de Joe (a atriz e cantora Charlotte Gainsbourg na fase adulta e a linda Stacy Martin na fase jovem), viciada em sexo desde pequenininha. Desde criança mesmo, tipo uns 5, 6 anos de idade.
Joe/Charlotte aparece no começo deste Volume 1 desacordada e machucada, sangue e hematomas na cara, jogada num beco num dia frio e molhado de neve. É achada por um velho senhor, que lhe oferece um chá quente e depois passa a escutar sua história de como descobriu sua vagina aos 5 anos de idade até estar naquela posição desconfortável de “ser humano desprezível” (palavras dela) por causa da eroticidade desenfreada, APENAS porque, ela conta e o velho nós vamos acompanhando, quando jovem levou “oito estocadas”, 3 + 5, no dia em que perdeu a virgindade, fez campeonato de transa em um trem europeu com a amiguinha (foto acima) e chegou a transar com dez caras diariamente e separadamente, cada um com sua vez exclusiva.
O homem que acolhe e escuta a “doente por sexo” nem acha ela tão desprezível e doente assim. E faz relações de suas jornadas sexuais com matemática avançada, Bach, Edgar Allan Poe e os peixes no rio. Gênio. É o que tenta dizer a ela. Que não satisfeita solta mais e mais de suas desventuras eróticas.
A primeira parte de “Ninfomaníaca” estreou na noite de Natal na Dinamarca. O filme tem ainda em seu elenco nomes como Jamie Bell, Uma Thurman, Shia LaBeouf, Christian Slater e Willem Dafoe.
E, antes de você ver o filme, tem quatro coisas que eu queria dizer.
1. Não pense que vai encontrar em “Ninfomaníaca” aventuras sexuais como as do “grande” Johnny Sins, por exemplo. O novo do Lars von Trier é a mais tensa obra dessexuada, não-erótica, que um filme cheio de pintos, xanas e peitos, lambidas, chupadas, masturbações e penetrações pode mostrar.
2. Não pense que na cena inicial o projetor do cinema está com defeito. É daquele jeito mesmo.
3. Para quem já tinha sentido por um dos trailers, “Ninfomaníaca” bota em evidência de um modo mais chapante que uma mera trilha sonora uma música do grupo heavy metal alemão Rammstein, banda bem famosa de um tal de “groove metal” muito em evidência principalmente nos anos 90 e na virada para os 2000. O Rammstein está com força ativa até hoje, embora já sem tanta vontade para novas criações, parece.
O primeiro “choque” proposto por Lars von Trier em seu polêmico filme é uma cena com o ranger bem alto das guitarras de “Fuhre Mich”, música-bônus de um disco da banda de 2009. Rammenstein te acorda para “Ninfomaníaca”.
4. No “Volume 2”, dentre as músicas da trilha de “Ninfomaníaca”, aparecerá “Hey Joe”, de Jimi Hendrix, cantada pela Joe/Charlotte Gainsbourg, a ninfo. Tipo incrível.
>>