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Arquivo : Morrissey

Aquele dia em que a MADONNA abriu para os SMITHS…
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Lúcio Ribeiro

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Eu não lembrava dessa. Ou nunca soube, sei lá.

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Quem conta é o próprio Johnny Marr, no vídeo abaixo. Na véspera do Ano Novo de 1983-84, os Smiths chegaram em Nova York para o “show da virada” (hehe). Ainda meio zonzos do vôo, não prestaram muita atenção na atração de abertura, uma cantora novinha. Aliás, acharam que ela “pode até ter mandado bem”, mas não ficaram nada impressionados. A cantora, viemos a saber, era a Madonna. Apenas. Pensa nesse “show da virada” (hehe), no comecinho dos anos 80, em uma “boate” de ferveção com quatro andares em Nova York, a lendária e bombada DANCETERIA, berço da New Wave americana, com Madonna abrindo para Morrissey? Sei nem o que dizer e também, sei nem como esse vídeo está rolando desde 2009 no YouTube e não tinha visto.

Fui até checar a minha Mozipedia e nada, nem uma mençãozinha sequer a ela, para o bem ou para o mal. Lembrando que o Morrissey o-dei-a a Madonna, achei melhor checar a biografia dos Smiths, o tijolo laranja “A Light That Never Goes Out — The Enduring Saga Of The Smiths”, escrita pelo Tony Fletcher.

Pois bem, lááá na página 290, Fletcher conta sobre a SIRE RECORDS, gravadora americana fundada em 1966 por Seymour Stein e Richard Gottehrer. Além de ser “A” casa de novos artistas punk nos anos 70, como Ramones, Talking Heads, Blondie, Television e Patti Smith, a Sire também ficou conhecida por ter lançado Madonna, ainda nesse mesmo comecinho dos anos 80 de que estamos falando.

Essa passagem na biografia não fala nada sobre a Madonna ter sido a “banda de abertura” dos Smiths, mas os fatos e as datas batem. Alguns trechos interessantes dessa primeira viagem dos Smiths aos EUA, tiradas do livro em tradução livre:

* A SIRE RECORDS, de olho na “invasão britânica”, começou a assinar com quase todas as bandas da Rough Trade. “Roubaram” o Depeche Mode, The Assembly e The Undertones. Também conseguiram tirar da Warner Bros britânica o Echo & The Bunnymen e o Pretenders. E ainda passaram a mão no Soft Cell, que era da Polygram. E também Tin Tin e Modern English, fazendo com que todas essas novas contratações chegassem nas paradas americanas. Nessa mesma época, início dos anos 80, “Seymour Stein também assinou com uma cantora e dançarina que morava em Nova York e que fazia parte da cena clubber de electro-hip-hop da cidade. Ela era chamada apenas de Madonna”.

* Foi a primeira viagem transatlântica dos Smiths (tirando o Morrissey). Sabendo que o Brian Jones, dos Rolling Stones, havia levado uma guitarra de presente de Stein, Johnny Marr já chegou perguntando se ele também ganharia uma caso os Smiths assinassem com eles. Ganhou.

* Percebendo que a cena americana (na verdade, as pistas dos clubes americanos) estava tomada pela mistura de hip-hop, electro, funk e New Wave, Geoff Travis, fundador da Rough Trade, lançou um disquinho 12” com duas versões estendidas de “This Charming Man”. A ideia era manter a música na parada britânica por mais tempo e entrar nas pistas americanas. Todos os artistas da Sire, na época, incluindo Echo & The Bunnymen e Elvis Costello, fizeram o mesmo. O remix, feito pelo renomado DJ Fraçois Kevorkian, agradou a todos, menos, claro, ao Morrissey e aos fãs “mais puristas”.

* Coincidentemente, o remix chegou nas picapes americanas no MESMO dia em que foi anunciado o primeiro show dos Smiths no país. Esse show aí, da Madonna (hehe). Segundo o livro, Johnny Marr era fã da nova cena “dance” de New York e se sentiu lisonjeado por sua banda ter sido remixada por Kevorkian, mas decidiu ficar do lado Morrissey ao perceber a reação negativa dos fãs.

* A birra de Moz chegou a tempo de impedir que o remix inundasse as paradas britânicas. Mas, chegou tarde demais para as pistas “alternativas” americanas, que receberam o “novo hit” muito bem.

* A banda foi recebida no aeroporto JFK, em NY, pela promoter e booker Ruth Polsky em uma limousine. Polsky fez questão de convidar sua assistente Amanda Malone, “uma gordinha esquisita que tinha 18 anos e sotaque britânico”. Malone e Morrissey viraram ~BFFs~, ele se apaixonou pela voz e pelo estilo dela e chegou a fazer com que ela se mudasse para Londres mais tarde, meio a contragosto do resto da banda, para gravar com eles. Anos depois, Polsky viria a ser a empresária dos Smiths (ela morreu atropelada 2 anos depois e foi homenageada na contracapa de “Shoplifters of the World Unite”). Malone, no fim, era uma péssima cantora, o single nunca pôde ser lançado e ela acabou virando “Amanda Hallay”, guru de moda em Paris.

* A partir daí, tudo é história e digamos que desse show, a única lembrança dos presentes é a de que Morrissey ficou “bêbado de vinho e despencou do palco assim que entrou, voltando logo em seguida”. Mesmo assim, Geoff Travis recebeu uma ligação da mãe do cantor no dia seguinte, reclamando do descuido da Rough Trade e da “falta de segurança e de cuidados médicos apropriados” para seu filho. Awwwn. Ah! O baterista Mike Joyce acabou pegando catapora (dizem que foi herpes, na verdade) e o próximo show, que seria em Boston, teve que ser cancelado.

* Acredite se quiser, achamos o vídeo dessa “world premiere” da Madonna, abrindo para os Smiths. Mas sem os Smiths (se alguém achar, grita!). Percebam o jeito que ela é apresentada pelo “host-MC”:

Ufa. Que noite, que ano, que festa de que ninguém se lembra… Alguém pergunta sobre isso para o Johnny Marr neste final de semana, por favor!

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O nome do disco novo do Morrissey é…
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Lúcio Ribeiro

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* “World Peace Is None of Your Business”. Sem mais.

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O novo disco está programado para ser lançado entre junho e julho. Tem 12 faixas.
Em fevereiro, o terceiro álbum solo de Morrissey, “Your Arsenal”, de 1992, ganhou uma daquelas reedições remasterizada e edições várias de luxo cheia de bônus e várias mídias.
Nos Estados Unidos, o disco está em 13º lugar de vendagem da parada de VINIL.

Morrissey na verdade já lançou um disco novo neste ano. É o EP “Satellite of Love”, faixa em homenagem a Lou Reed, morto em outubro do ano passado. A cover vem em versão ao vivo, tirada de show de Moz em Las Vegas em 2011. Este 12 polegadas abaixo, que eu trouxe da Austrália (29,99 dólares australianos, um roubo), tem quatro faixas. Além do tributo, mais outras duas ao vivo, uma delas dos Smiths (“Vicar in a Tutu”).

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Este “Satellite of Love” do Morrissey está há cinco semanas no Hot Singles Sales Chart americano. Já esteve em primeiro lugar, hoje está em terceiro.

Em maio Morrissey inicia uma turnê de 25 datas nos EUA. Várias delas já estão com ingressos esgotados, tipo os shows de Los Angeles, Chicago, Boston, Austin, Dallas, Petersburg e Baltimore.

OK?


Nós odiamos quando nossos amigos se dão bem. De novo
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Lúcio Ribeiro

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* Sai Johhny Marr (post anterior), entra Morrissey (este post).

Foi lançado hoje na Inglaterra e chega amanhã às lojas americanas a versão remasterizada e luxo de “Your Arsenal”, originalmente editado em 1992, talvez o mais poderoso disco da carreira solo do cantor inglês Morrissey, seu terceiro, senão o melhor o mais coeso de sua rica discografia. Não tem uma música ruim no álbum.

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O “novo””Your Arsenal”, lançado pela Parlophone britânica, vem em três formatos. CD, o vinil de 180 gramas com encarte caprichado e em mp3. O CD vem com um DVD bônus de um show do Morrissey na Califórnia, em 31 de outubro de 1991.

O álbum tem alguns dos mais incríveis nomes de música. Coisa do Morrissey, para variar. São elas “We Hate It When Our Friends Become Successful”, “You’re The One for Me, Fatty” e “Seasick, Yet Still Docked”.

Esse show é histórico. E está inteiro aqui embaixo, já.

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Há 30 anos, os Smiths lançavam seu primeiro disco
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Lúcio Ribeiro

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* Você é inglês e vive uma época de desesperança. Pessoal e sonora. A fase política, social e econômica não é boa, e a música que você ouve (você é inglês, logo é fanático por música) reflete esse espírito de fim de mundo. O punk passou destruindo tudo e deixou um pós-punk sombrio, melancólico, deprê, sob uma terra cultural arrasada. O tempo é DARK. De Manchester, o New Order tentava elevar o espírito teen independente inglês com a ultradançante “Blue Monday” e o ícone sorumbático The Cure procurava disfarçar o fundo do poço da alma britânica com fofurices como “The Love Cats”, mas uma banda novinha com um cara esquisito e de voz “diferente” e um guitarrista jeitosamente “diferente” começava a criar um zunzum de que a coisa iria mudar na música inglesa. E essa banda nova lançaria um primeiro disco no dia 20 de fevereiro de 1984, 30 anos hoje. O nome do álbum de estreia traria na capa um sujeito com o dorso nu e olhando para baixo, bem ao estilo da época. O disco levaria o nome da banda: The Smiths.

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Em mais uma dessas efemérides musicais que a gente tanto odeia gostar ou gosta de odiar, é preciso falar do que foi para o inglês em particular (e para os indies anos 80 do mundo todo em geral) ouvir naqueles tempos uma música cantada por Morrissey e tocada por Johnny Marr. Porque daí dá para entender a razão de pagarmos pau para os dois até hoje.

O lirismo era peculiar. Numa época dark e nebulosa, ouvir mesmo as músicas tristes cantadas por Morrissey trazia uma paz de espírito. Mas, se não bastasse uma canção linda atrás da outra, impactantes, singulares dentro da cena pop da época, o que mais pegava eram as letras de Morrissey. Ninguém conseguia arquitetar palavras em frases tão bonitas e ao mesmo tempo simples e sinceras dentro de uma métrica musical como ele. Não à toa, as letras de Morrissey viraram recentemente uma pasta de estudo dentro da renomada Universidade de Cambridge.

E como uma banda escolhe para seu disco de estreia uma canção tão delicadamente triste na música e letra como “Reel around the Fountain”, cujas linhas constituem algo forte como uma carta de amor depois de um abandono, que também projeta mudanças, joga na cora uma confiança integral quando ninguém confiava?

Na sequência mudava tudo. A faixa 2, “You’ve Got Everything Now”, é uma porrada sem perder o lirismo. A letra era uma outra carta de amor pós-abandono, parecia. Mas nessa tinha mais raiva que tristeza. Com algumas confissões no meio.
Foi a primeira música dos Smiths que eu ouvi na vida, graças a um programa que o gênio Kid Vinil tinha na rádio farofa Antena 1, obviamente jogado tipo num horário qualquer na madrugada de terça-feira. Sei lá mais. E graças aos contatos que o Kid tinha na época com comissários de bordo da Varig, que trazia os discos novos para ele, porque as novidades da cena inglesa e americana demoravam alguns meses para chegar por aqui.

A terceira canção de “The Smiths” é um precursor de Nirvana 15 anos antes, no seu estilo agridoce, calmaria-pancadaria, na linha Morrissey, claro. Ou o máximo do punk rock a que os Smiths conseguiam chegar, para manter uma certa sintonia de época. Chamava “Miserable Lie” e daí deste título você tira até onde iria a letra dessa.

O álbum de estreia dos Smiths ainda guardaria pérolas na linha “Hand In Glove”, “Still Ill”, “What Difference Does It Make” e “This Charming Man” (single de 1983 incluído na versão americana dno álbum).

“The Smiths” é um dos dez maiores discos da minha vida. É também um dos 100 maiores álbuns britânicos da história, segundo o “Guardian”. Um dos 100 discos principais dos anos 80, de acordo com a “Rolling Stone”, que também o bota como um dos 100 maiores álbuns de estreia de todos os tempos.

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Como homenagem aos 30 anos de “The Smiths”, vou botar alguns trechos das geniais letras do Morrissey. Até hoje são imbatíveis.

1. Reel around the Fountain

Fifteen minutes with you
Well, I wouldn’t say no
Oh, people said that you were virtually dead
And they were so wrong

2. You’ve Got Everything Now

No, I’ve never had a job
Because I’ve never wanted one
I’ve seen you smile
But I’ve never really heard you laugh
So who is rich and who is poor ?
I cannot say … oh

3. Miserable Lie

The dark nights are drawing in
And your humor is as black as them
I look at yours, you laugh at mine
And “love” is just a miserable lie

4. Pretty Girls Make Graves

I could have been wild and I could have been free
But Nature played this trick on me
She wants it Now
And she will not wait
But she’s too rough
And I’m too delicate

5. The Hand That Rocks the Cradle

There’ll be blood on the cleaver tonight
And when darkness lifts and the room is bright
I’ll still be by your side
For you are all that matters
And I’ll love you to till the day I die
There never need be longing in your eyes
As long as the hand that rocks the cradle is mine


6. Still Ill

Under the iron bridge we kissed
And although I ended up with sore lips
It just wasn’t like the old days anymore
No, it wasn’t like those days
Am I still ill ?

7. Hand in Glove

The good life is out there somewhere
So stay on my arm, you little charmer
But I know my luck too well
I’ll probably never see you again
I’ll probably never see you again
I’ll probably never see you again

8. What Difference Does It Make?

Oh, the devil will find work for idle hands to do
I stole and then I lied
Just because you asked me to
But now you know the truth about me
You won’t see me anymore
Well, I’m still fond of you, hh-ho-ho

9. I Don’t Owe You Anything

Did I really walk all this way
Just to hear you say :
“Oh, I don’t want to go out tonight”?
“Oh, I don’t want to go out tonight”
But you will
For you must

10. Suffer Little Children

Over the moor, take me to the moor
Dig a shallow grave
And I’ll lay me down


11. This Charming Man

I would go out tonight
But I haven’t got a stitch to wear
This man said:
“It’s gruesome that someone so handsome should care”

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Mais uma atração do carnaval da Bahia: The Smiths!!!
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Lúcio Ribeiro

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Haha. O enredo é quase sempre o mesmo. Mas só melhora. Sabe o Raphael Bertazi, né? O moço de Pirassununga, produtor responsável por cruzar de forma incrível e improvável os caminhos da música baiana com o indie, aprontou mais uma com sua série “Axé Bahindie”.

Depois de soltar a “Revoltinha da Garrafa” envolvendo o Rage Against the Machine e a Companhia do Pagode, misturar o David Bowie com a Gaby Amarantos, os Ramones com o Roberto Carlos e o Strokes com o É O Tchan!, agora o Bertazi vem com o… o… The Smiths meets Compadre Washington!

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Já pensou o Morrissey dançando todo desengonçado em um trio elétrico, pulando e sendo atacado em camarotes vips? Pois já temos a trilha sonora. Na mão do produtor do interior paulista, o super hit “This Chaming Man” virou “Esse Nêgo Charmoso”. Gritinhos de Moz e Washington em uma mesma linha de guitarra, batuque e rebolados. Já pensou?

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E agora: quem vai ficar com Morrissey?
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Lúcio Ribeiro

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“Quem tem os Smiths, Johnny Marr e Morrissey na sua vida tem mais do que os outros. Que me desculpem os outros.”

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Que pesadelo (dos tempos indie-modernos)… Já é difícil ter que decidir quem vai ficar com o ventilador novinho e com a geladeira parcelada. Agora pensa nos pôsteres autografados, na coleção de “toy art” do “Walking Dead” que vocês decidiram começar juntos, no toca-discos vintage que vocês trouxeram daquela viagem, nos vinis raros… NOS VINIS! Pior ainda: na hora da separação de bens, materiais ou não, quem fica com aquele bar que a gente costumava frequentar, juntos? Quem fica com o restaurante da sexta-feira à noite? E pelamordeDeus: quem leva o Morrissey?

Primeiro romance do escritor paulista Leandro Leal, “Quem vai ficar com Morrissey?” (sim, lembra “Quem vai ficar com Mary?” e ele sabe disso) gira em torno do “quem vai ficar com as crianças” de um casal sem filhos. Não satisfeito por Lívia deixar a relação sem nada, Fernando quer ainda mais: a posse da “jukebox mental” do casal, as músicas que “são dele” e que ele não quer que a ex continue ouvindo. Quem nunca? Como se pode imaginar, ele é o cara que descobriu os Smiths na adolescência e desde então, nunca mais foi o mesmo. Quem nunca [2]?

“Sim, a história é bem autobiográfica”, disse Leandro à Popload. “Claro que tem muito de ficção, mas o ponto de partida surgiu num evento absolutamente real — o fim de um longo relacionamento. Sempre que isso acontece, rola aquela divisão de coisas. Mas essas coisas sempre são físicas: carro, casa, móveis, livros… e discos. Aí, pensei: ‘Certo, cada um ficou com os discos a que tinha direito. Mas quem tem o direito de continuar a ouvir certas músicas? Eu posso muito bem exigir que ela nunca mais ouça o Morrissey, com os Smiths e em carreira solo. A lei estará do meu lado: afinal, o Morrissey é um bem que adquiri antes de conhecê-la, que dividi com ela enquanto estivemos juntos. Separação total de bens!’ Passado o delírio, vi que não havia nenhum fundamento naquilo. Mesmo assim, podia ser um bom ponto de partida para uma história.”

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Assim como “Alta Fidelidade”, livro do inglês Nick Hornby que completa VIN-TE anos (!) no ano que vem e que virou uma bíblia no assunto literatura com referências pop, apesar do drama musical e sentimental do personagem central, o livro tem “um quê de comédia”.

“Quem vai ficar com Morrissey?” tem prefácio assinado pelo jornalista musical português Pedro Gonçalves (ex-diretor da revista lusitana “Blitz”) e é dele a frase que abre o post, antes da foto inicial. Dobradinha: o livro também inaugura a Coleção Impulso, etiqueta para novos autores criada pela Edições Ideal, a mesma que lançou “Na Estrada Com Os Ramones”, além do “Mondo Massari” e das biografias do Slayer, do Dave Grohl e do Motörhead. Vai ser a primeira investida da editora em um livro de ficção.

A capa ainda não foi revelada, mas sabemos que ela terá a assinatura do designer e ilustrador de Curitiba Butcher Billy, famoso pelas cores e o estilo pop de seus desenhos, dois deles ilustrando o nosso post. Veja todos os trabalhos dele aqui.

Abaixo, a Popload destaca, com exclusividade, um trecho do livro:

“Smiths e Morrissey eram coisas minhas, que eu dividi com você. Tipo a minha cama.”

“Sua cama? Do que você tá falando?”

“Depois que a gente se separou, você vir a um show do Andy Rourke com outro cara é o mesmo que trepar com ele na minha cama. E, comigo presente nesse show, é fazer isso enquanto eu estou lá, tentando dormir.” Se estivesse sóbrio, talvez Fernando não tivesse coragem ou palavras mais exatas para expor seu improvável raciocínio, de lógica ainda mais improvável. Um absurdo, que passou despercebido pelo seu superego, mas não passaria por Lívia.

“Você tá bêbado, Fernando. Aliás, você é um bêbado.” Ela ameaçou levantar de novo, mas, de novo, Fernando a impediu. Segurando firme no seu braço, quase machucando-a, ele concluiu: “Escuta: quero que você pare de usar a minha cama. Não quero saber de você com outro homem nela. Antes, a cama era nossa, agora é minha.”

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QUEM VAI FICAR COM MORRISSEY?
Leandro Leal
(Edições Ideal – 2014)
O livro tem página no Facebook, vai lá. Lancamento previsto para este mês.

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Por um mundo melhor. Morrissey cantando Lou Reed no prêmio Nobel da Paz
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Lúcio Ribeiro

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* O mais nobre inglês no mais nobre dos Nobel.

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O ser humano incrível e cantor inglês Morrissey se apresentou ontem à noite em Oslo, na Noruega, durante a entrega do Prêmio Nobel da Paz. Morrissey cantou duas de suas músicas, “People Are the Same Everywhere” e “Irish Blood, English Heart”, e recheou seu miniconcerto com “Satellite of Love”, de Lou Reed, músico morto recentemente.

Morrissey foi saudado ao palco com bastante animação pela Carrie, de “Homeland”, a atriz Claire Danes. Sua banda toda se apresentou na premiação com uma mesma camiseta escrita “Hustler”, que entre os significados nem sempre nobre como o Nobel está o de uma pessoa obcecada por dinheiro e sucesso nem que para isso use métodos inescrupulosos para obtê-los.

A Opaq, uma organização que luta para eliminar as armas de destruição em massa no planeta, recebeu o Nobel da Paz.

O menino Jake Bugg, entre vários outros, também foi convidado a tocar na cerimônia.

Eis Morrissey interpretando suas duas músicas e fazendo a homenagem a Lou Reed.

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De gênio para gênio: Morrissey vai eternizar tributo a Lou Reed na segunda
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Lúcio Ribeiro

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Um dos artistas famosos que mais ficou sentido com a morte de Lou Reed foi o maior britânico vivo, Morrissey. Além de manifestações emocionadas lamentando a passagem do ex-Velvet Underground, o cantor inglês resolveu lançar um registro simbólico em homenagem a Lou.

“Satellite of Love”, o EP, será lançado em formato digital na próxima segunda-feira, 2 de dezembro. Como o título sugere, o carro chefe do single é uma versão ao vivo da faixa de Lou Reed cantada por Morrissey em 2011, na cidade de Las Vegas. Em janeiro, sai uma versão limitada em vinil.

Junto com “Satellite of Love”, Morrissey vai soltar as b-sides “You’re Gonna Need Someone on Your Side”, “Mama Lay Softly on the Riverbed”, “Vicar in a Tutu” e “All You Need Is Me”, as três últimas em versões ao vivo

Abaixo, uma gravação amadora de Moz cantando Lou e os detalhes dos formatos do lançamento.

Versão Digital
1. “Satellite of Love” (Live)
2. “You’re Gonna Need Someone on Your Side”
3. “Mama Lay Softly on the Riverbed” (Live)

Versão em Vinil
A1. “Satellite of Love” (Live)
A2. “You’re Gonna Need Someone on Your Side”
B1. “Vicar in a Tutu” (Live)
B2. “All You Need Is Me” (Live)


“Dei um beijo no ombro do Morrissey”, diz brasileira destacada na biografia
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Lúcio Ribeiro

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Lara, a garota carregada até o Morrissey, ganhou destaque na “Autobiography” do maior inglês vivo
(Foto: Thays Bittar/Folhapress)

A Popload revelou aqui, semana passada. Um dos livros mais vendidos da Inglaterra atualmente (chegou a ser primeiro lugar na lista) tem escondido em suas páginas uma personagem acidental brasileira, de São Paulo.

“Autobiography” é a famosa biografia que o extrafamoso cantor britânico Morrissey, ex-Smiths, lançou recentemente, no Reino Unido, editada envolta por polêmica pela Penguin Classics, uma série especial da Penguin Books normalmente dedicada a grandes escritores mortos. Causou espanto por lá.

Causou espanto por aqui que Morrissey, no livro dedica algumas linhas a falar sobre um fato para ele maravilhoso que ocorreu em um show em São Paulo, em abril de 2000, em sua primeira passagem pelo Brasil.

O cantor lembra quando viu uma garota sendo levada a ele pelos braços da plateia, perto do final de sua apresentação. Assim que ela chegou ao palco, Morrissey percebeu que a menina era cega. Ela lhe entregou um bilhete, que dizia: “Eu não posso te ver, mas eu amo você”.

“Eu montei uma estratégia para chegar perto dele”, diz Lara Siaulys, a paulistana do livro localizada pela Popload, deficiente visual desde bebê, mas cuja condição nunca impediu de frequentar shows e casas noturnas. “Eu sabia que fãs dos Smiths levavam flores aos shows e levei algumas rosas. E um monte de bilhetinhos, alguns em braile. Tinha várias frases, como ‘Eu não posso te ver, mas posso ouvir sua voz’, entre outras”, diz ela, que se diz leitora da Popload (o computador dela tem um sintetizador que transforma as palavras escritas em som e assim ela consegue se comunicar virtualmente e ler blogs e sites).

Hoje com 35 anos, professora de inglês, diretora de uma ONG fundada pelos pais para ajudar pessoas com problemas visuais e formada em música pela Unicamp, Lara recorda ainda o que fez quando sentiu que estava próxima de Morrissey e ele havia pegado o bilhete de suas mãos: “Eu disse ‘I love you’ e tentei dar um beijo nele. Mas aí um segurança já me puxava para um outro lado para me retirar do palco e o beijo pegou no ombro dele. Tudo bem para mim. No fim eu dei um beijo no ombro do Morrissey”.

Assim que soube por amigos nesta semana, via Popload, que tinha ido parar na autobiografia de Morrissey, Lara disse que nem foi trabalhar, porque não saiu do telefone e do Facebook e Twitter. “Eu, que sou de dormir cedo, fui dormir 1h da manhã nesse dia”, disse a personagem do livro de Morrissey.

“Ah, além do beijo eu consegui, no palco, segurar a mão do Morrissey. Lembro que era supermacia. Mais feminina que a minha.”

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Biografia de Morrissey cita fato emocionante em show de São Paulo em 2000
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Lúcio Ribeiro

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* Posso mexer com esse assunto, Paula Lavigne?

* Ainda sobre a tão-falada autobiografia do gênio Morrissey, lançada há poucos dias, enquanto minha cópia não vem consegui baixá-la linda na internet, neste fim de semana. Obrigado, world wide web. O comecinho já é arrebatador, haha. Vai em inglês, para não estragar a poesia: “My childhood is streets upon streets upon streets upon streets. Streets do define you and streets to confine you, with no sign of motorway, freeway or highway. Somewhere beyond hides the reat of the countryside, for hour-less days when rains and reins lift, permitting us to be amongst pelople who live surrounded by space and ar irked by our faces…”

Daí que, como eu suspeitava, sabia que o mais importante inglês vivo (não, Beckham, ainda não é você!) ia citar algo da apaixonada primeira vez que o cantor veio se apresentar no Brasil na vida, naquele começo de 2000. Mas não foi a fronha de travesseiro com a imagem do Morrissey, que esteve a venda na apresentação dele em Curitiba, que abriu a turnê brasileira.
(E que eu burramente não comprei. Ou deixei para comprar em São Paulo e não tinha. Enfim, marquei!)

No começo do livro, Morrissey bota duas fotos suas enquanto criança, ao lado da irmã Jackie

Perto do final da obra, Morrissey contando sobre algumas passagens de seus shows fora do eixo EUA-Reino Unido, ele lembra com entusiasmo sobre a apresentação de São Paulo, no dia 4 de abril, no extinto Olympia, casa de shows da rua Clélia que fechou em 2006.
Em referência àquele show, Moz diz em “Autobiography” algo como: “Nem o mais real dos sonhos pode se igualar ao que ocorreu no primeiro concerto em São Paulo, Brasil, quando o público ergueu uma garota e a surfou em minha direção. Quando ela chegou perto eu pude ver que ela segurava uma vara branca. Mais perto ainda pude ver que ela era cega. Quando a galera a colocou cuidadosamente no palco, ela me entregou um bilhete em que estava escrito ‘Eu não posso te ver, mas eu amo você’.” Pááá!

A música em que a garota foi levada no ar pelo público até Morrissey foi “Boxers”. Vi uma descrição da cena em um blog americano de fã e ele, que estava acompanhando a turnê sul-americana do cantor inglês, narrou que a garota cantou um verso da música e desabou no chão chorando, agarrando as pernas de Morrissey. Vários fãs ao lado do blogueiro choraram, ele descreve.

Esse show de 2000 em São Paulo foi gravado em sua parte inicial. Tem no Youtube. Mas dele não consta essa passagem da garota cega, que rolou no fim, pena.

Eis como Morrissey descreve tudo no original da autobiografia:

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