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Arquivo : fevereiro 2014

Há 30 anos, os Smiths lançavam seu primeiro disco
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Lúcio Ribeiro

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* Você é inglês e vive uma época de desesperança. Pessoal e sonora. A fase política, social e econômica não é boa, e a música que você ouve (você é inglês, logo é fanático por música) reflete esse espírito de fim de mundo. O punk passou destruindo tudo e deixou um pós-punk sombrio, melancólico, deprê, sob uma terra cultural arrasada. O tempo é DARK. De Manchester, o New Order tentava elevar o espírito teen independente inglês com a ultradançante “Blue Monday” e o ícone sorumbático The Cure procurava disfarçar o fundo do poço da alma britânica com fofurices como “The Love Cats”, mas uma banda novinha com um cara esquisito e de voz “diferente” e um guitarrista jeitosamente “diferente” começava a criar um zunzum de que a coisa iria mudar na música inglesa. E essa banda nova lançaria um primeiro disco no dia 20 de fevereiro de 1984, 30 anos hoje. O nome do álbum de estreia traria na capa um sujeito com o dorso nu e olhando para baixo, bem ao estilo da época. O disco levaria o nome da banda: The Smiths.

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Em mais uma dessas efemérides musicais que a gente tanto odeia gostar ou gosta de odiar, é preciso falar do que foi para o inglês em particular (e para os indies anos 80 do mundo todo em geral) ouvir naqueles tempos uma música cantada por Morrissey e tocada por Johnny Marr. Porque daí dá para entender a razão de pagarmos pau para os dois até hoje.

O lirismo era peculiar. Numa época dark e nebulosa, ouvir mesmo as músicas tristes cantadas por Morrissey trazia uma paz de espírito. Mas, se não bastasse uma canção linda atrás da outra, impactantes, singulares dentro da cena pop da época, o que mais pegava eram as letras de Morrissey. Ninguém conseguia arquitetar palavras em frases tão bonitas e ao mesmo tempo simples e sinceras dentro de uma métrica musical como ele. Não à toa, as letras de Morrissey viraram recentemente uma pasta de estudo dentro da renomada Universidade de Cambridge.

E como uma banda escolhe para seu disco de estreia uma canção tão delicadamente triste na música e letra como “Reel around the Fountain”, cujas linhas constituem algo forte como uma carta de amor depois de um abandono, que também projeta mudanças, joga na cora uma confiança integral quando ninguém confiava?

Na sequência mudava tudo. A faixa 2, “You’ve Got Everything Now”, é uma porrada sem perder o lirismo. A letra era uma outra carta de amor pós-abandono, parecia. Mas nessa tinha mais raiva que tristeza. Com algumas confissões no meio.
Foi a primeira música dos Smiths que eu ouvi na vida, graças a um programa que o gênio Kid Vinil tinha na rádio farofa Antena 1, obviamente jogado tipo num horário qualquer na madrugada de terça-feira. Sei lá mais. E graças aos contatos que o Kid tinha na época com comissários de bordo da Varig, que trazia os discos novos para ele, porque as novidades da cena inglesa e americana demoravam alguns meses para chegar por aqui.

A terceira canção de “The Smiths” é um precursor de Nirvana 15 anos antes, no seu estilo agridoce, calmaria-pancadaria, na linha Morrissey, claro. Ou o máximo do punk rock a que os Smiths conseguiam chegar, para manter uma certa sintonia de época. Chamava “Miserable Lie” e daí deste título você tira até onde iria a letra dessa.

O álbum de estreia dos Smiths ainda guardaria pérolas na linha “Hand In Glove”, “Still Ill”, “What Difference Does It Make” e “This Charming Man” (single de 1983 incluído na versão americana dno álbum).

“The Smiths” é um dos dez maiores discos da minha vida. É também um dos 100 maiores álbuns britânicos da história, segundo o “Guardian”. Um dos 100 discos principais dos anos 80, de acordo com a “Rolling Stone”, que também o bota como um dos 100 maiores álbuns de estreia de todos os tempos.

smiths

Como homenagem aos 30 anos de “The Smiths”, vou botar alguns trechos das geniais letras do Morrissey. Até hoje são imbatíveis.

1. Reel around the Fountain

Fifteen minutes with you
Well, I wouldn’t say no
Oh, people said that you were virtually dead
And they were so wrong

2. You’ve Got Everything Now

No, I’ve never had a job
Because I’ve never wanted one
I’ve seen you smile
But I’ve never really heard you laugh
So who is rich and who is poor ?
I cannot say … oh

3. Miserable Lie

The dark nights are drawing in
And your humor is as black as them
I look at yours, you laugh at mine
And “love” is just a miserable lie

4. Pretty Girls Make Graves

I could have been wild and I could have been free
But Nature played this trick on me
She wants it Now
And she will not wait
But she’s too rough
And I’m too delicate

5. The Hand That Rocks the Cradle

There’ll be blood on the cleaver tonight
And when darkness lifts and the room is bright
I’ll still be by your side
For you are all that matters
And I’ll love you to till the day I die
There never need be longing in your eyes
As long as the hand that rocks the cradle is mine


6. Still Ill

Under the iron bridge we kissed
And although I ended up with sore lips
It just wasn’t like the old days anymore
No, it wasn’t like those days
Am I still ill ?

7. Hand in Glove

The good life is out there somewhere
So stay on my arm, you little charmer
But I know my luck too well
I’ll probably never see you again
I’ll probably never see you again
I’ll probably never see you again

8. What Difference Does It Make?

Oh, the devil will find work for idle hands to do
I stole and then I lied
Just because you asked me to
But now you know the truth about me
You won’t see me anymore
Well, I’m still fond of you, hh-ho-ho

9. I Don’t Owe You Anything

Did I really walk all this way
Just to hear you say :
“Oh, I don’t want to go out tonight”?
“Oh, I don’t want to go out tonight”
But you will
For you must

10. Suffer Little Children

Over the moor, take me to the moor
Dig a shallow grave
And I’ll lay me down


11. This Charming Man

I would go out tonight
But I haven’t got a stitch to wear
This man said:
“It’s gruesome that someone so handsome should care”

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As meninas só querem se divertir: mais uma session das Warpaint na BBC
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Lúcio Ribeiro

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As meninas fofuras Warpaint continuam no gás, trabalhando a divulgação de seu mais recente disco homônimo, o segundo delas na carreira. Uma das boas notícias em termos de lançamento na música neste comecinho de 2014, “Warpaint” (o disco) tem 12 faixas, é todo cheio de harmonia vocal, tem instrumental climão e vibe psicodélica. O resultado da parceria entre as meninas de Los Angeles e o produtor Flood (New Order, Nick Cave e PJ Harvey) até que combinou bem. Sem falar que quem finalizou o álbum foi nada menos que o bamba Nigel Godrich, o super parça do Thom Yorke.

Com shows esgotados pelo mundo, a banda tirou um tempinho para visitar o Zane Lowe na BBC Radio One nesta semana e fez uma session incrível no famoso estúdio Maida Vale. Por lá, mandaram a ótima trinca “Love is to Die”, “Disco/Very” e “No Way Out”, todas do disco novo.

A participação completa delas no programa, incluindo a entrevista, pode ser conferida abaixo.

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O novo, o velho e o improvável moldam o Bonnaroo como maior evento dos EUA
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Lúcio Ribeiro

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* Coachella quem? Austin City Limits who?

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Rolou no final da noite de ontem o esperado anúncio do line up do Bonnaroo, festival gigante e que cresce cada vez mais todos os anos na pequena cidade de Manchester, não a dos Smiths, mas sim do Tennessee. O evento acontece entre os dias 12 e 15 de junho e vai botar em um mesmo espaço nomes da nova música que a gente adora, tipo Disclosure, Chvrches e James Blake no meio de entidades respeitadas do pop e de raras presenças em festivais, como Lauryn Hill, Lionel Richie e Elton John. Sem falar ainda em Jack White, Kanye West, Arctic Monkeys, Skrillex, Nick Cave & The Bad Seeds, Vampire Weekend, Flaming Lips, Frank Ocean, Broken Bells, Cut Cop, Warpaint, Chromeo, Janelle Monáe, Cloud Nothing, Darkside, Cage the Elephant, Mastodon, Avett Brothers, Damon Albarn, Grouplove…

Não falei nem um terço da reza toda. Pensa passar quatro dias “desligado” do mundo, no meio do mato, tendo que escolher entre assistir o classy Lionel Richie e o hot act Disclosure. Esse é o único tipo de preocupação que se tem no Bonnaroo.

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Alex Turner, você (U) é (R) nosso!
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Lúcio Ribeiro

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* A melhor banda britânica mastercard do Brit Awards foi o Arctic Monkeys, a gente aprendeu pela premiação de ontem. Haha. Alex Turner fez os melhores discursos da noite, entre a ironia e o saco cheio, um quando a banda faturou o prêmio mastercard de melhor álbum e outro com prêmio de melhor banda britânica. Desculpa a encheção, mastercard, eu uso você. Ou você me usa, haha.

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Deu uma zoada no One Direction e uma indireta ao Justin Bieber, tipo. E brilhou na filosofia zoeira do “Rock’n’Roll nunca vai morrer”.
Com recados naaada zoeiros. Mais ou menos assim:

“O rock, né? O rock nunca vai embora. Pode estar hibernando às vezes, afundado na lama musical… Acho que é a natureza cíclica do universo que faz engolir essas regras. Mas o rock está sempre ali, esperando, na esquina, prontinho para voltar como uma pedra estraçalhando um telhado de vidro, com a aparência mais bonita como nunca teve. Yeah, rock’n’roll, que parece fraquinho às vezes, mas que nunca vai morrer. E não há nada que vocês podem fazer sobre isso. Manda a conta desse microfone, se quiserem”.

E jogou o microfone no chão e saiu. Jogou, não. Só soltou. Sem raiva, só desdém.

Alex… Ele não acredita no hype, SINCE o vídeo de “I Bet You Look Good on the Dancefloor”, de 2005.

Antes dos discursos e pataquadas gerais do Brit Awards, o Arctic Monkeys abriu a premiação com a fantástica “R U Mine”, botando “fogo” no palco. Mesmo.

Tudo aí embaixo.

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Disclosure embala (mais ou menos) a Lorde, no Brit Awards
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Lúcio Ribeiro

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* Enfim, rolou no Brit Awards, ontem, o decantado encontro de dois dos fenômenos recentes da música pop. A apresentação em conjunto da teen Lorde e dos quase teen “salvadores da eletrônica” Disclosure. Os irmãos britânicos fizeram uma “cama sonora” para o hit “Royals”, de Lorde, deitar. Não ficou incrível, mas valeu. Era uma base devagar de “White Noise”, enquanto a neozelandesa desfilava suas dancinhas dark-candomblé e cantava seu sucesso-praga mundial. Daí, Lorde fez a “passagem” para AlunaGeorge entrar e finalizar “White Noise”. Tudo certo.

O que não está certo é o Bastille ganhar como “revelação” no ano em que o Disclosure desponta. Mas quem se importa com resultados de premiação desse tipo. A gente quer é saber de show e da festa.

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* Lorde e Disclosure se apresentam no Brasil em abril, dentro do Lollapalooza. O Disclosure faz set exclusivo no Centro de SP, no Gran Metrópole, no dia 5/4, mesmo dia em que se apresenta no festival de Interlagos.

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Disclosure, Lorde, Noel, Beyoncé, Monkeys. Brit Awards ao vivo
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Lúcio Ribeiro

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Não que a gente dê muita importância a esses prêmios da indústria da música, mas que eles sabem fazer um eventão recheado de shows legais e gente interessante, isso sabem. Acontece hoje em Londres, na gigante 02 Arena, o Brit Awards, principal premiação da música britânica. É transmitido ao vivo pelo Youtube, veja abaixo. E, salvo engano, o evento será transmitido ao vivo para o Brasil pela primeira vez (Multishow, às 19h, com cobertura da Titi Müller), então é bom dar uma olhada superesperta, já que teremos apresentações de Arctic Monkeys, Beyoncé, Pharrell Williams & Nile Rodgers, o Bastille com o Rudimental, os pops Bruno Mars e Katy Perry e a muito aguardada dobradinha Lorde e Disclosure.

Entre as concorrências nervosas por prêmios, tem os garotos prodígios Jake Bugg e James Blake medindo forças com David Bowie na categoria “Melhor Artista Masculino”. Entre as bandas, AM, Bastille, Disclosure e Rudimental vão tentar bater o One Direction. A disputa para “Melhor Grupo Internacional” mede forças entre Arcade Fire, Daft Punk, Haim, Kings of Leon e Macklemore & Ryan Lewis.

Quem entrega prêmio também é atração. Estão escalados nomes como Noel Gallagher, Prince, Kylie Minogue, Lily Allen e Cesc Fabregas (jogador do Barcelona, ex-Arsenal) para anunciar alguns dos vencedores.

A organização do evento liberou a ordem dos shows e as músicas que serão apresentadas. O Arctic Monkeys abre os serviços musicais. O encerramento, ao que tudo indica, fica com o Pharrell e o Nile Rodgers.

Multishow, a partir das 19h. Não esquece.

Mas se quiser ver ao vivo via Youtube, no canal do Brit Awards, a parada já começou:

* A lista de apresentações, na ordem:
Arctic Monkeys – “R U Mine?”
Katy Perry – “Dark Horse”
Bruno Mars – “Treasure”
Beyoncé – “XO”
Lorde & Disclosure – “Royals” / “White Noise”
Ellie Goulding – “I Need Your Love” / “Burn”
Bastille & Rudimental – “Pompeii” / “Waiting All Night”
Pharrell Williams & Nile Rodgers – “Get Lucky” / “Good Times” / “Happy”

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Tags : Brit Awards


O vídeo sexy sem ser vulgar das Dum Dum Girls
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Lúcio Ribeiro

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Uma das boas notícias do indie deste início de ano, “Too True”, terceiro disco da banda norte-americana Dum Dum Girls, ganhou um novo vídeo para a faixa serviu de inspiração para o nome do álbum. O vídeo de “Too True To Be Good”, todo simples, mostra em seus melhores momentos a Dee Dee Penny em “trajes menores”, digamos.

A música é bem boa, envolvente, com aquela mistura lo-fi com noise pop que é marca registrada das meninas. “Too True” é o terceiro registro da banda, o primeiro em três anos, e foi lançado no fim de janeiro pela Sub Pop.

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Paul na Copa. Ex-beatle tem confirmado show no Peru em abril
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Lúcio Ribeiro

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* Cerco ao Paul.

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Estamos de olho em mais uma vinda do Franz Fe…, quer dizer, de Paul McCartney ao Brasil. O zunzum forte é que o veterano músico e “Sir” será uma das vedetes nas festas realizadas em torno da Copa do Mundo do Brasil, que acontece em junho/julho no país. Diz que o ex-beatle pode inaugurar algum estádio brasileiro e ainda fazer um show na praia de Copacabana.

No começo da semana soubemos de uma data vazada no Equador, para um show no dia 30 de abril. Agora os Peruanos dão como certo uma apresentação do ex-parceiro de Lennon no dia 25 de abril, no estádio Nacional. A conversa ainda menciona uma visita de Paul ao Uruguai e Chile, antes de desembarcar em solo brasileiro.

Passamos a bola agora à Time For Fun.

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Todo mundo ama o INXS, é isso? Agora é o Bruce Springsteen…
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Lúcio Ribeiro

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Tudo bem que não é nada intencional, mas a música pop vem prestando tributos seguidos ao INXS, histórica banda australiana de grande sucesso internacional nos anos 80 e 90. Nos últimas tempos, ao menos três hot acts andaram dedicando um tempinho em seus shows ao grupo do falecido Michael Hutchence.

Justin Timberlake, por exemplo, sempre manda “Need You Tonight” em seus shows. Mês passado, em visita a terras australianas, pude ver de perto o Arcade Fire levando a australianada toda ao delírio quando tocaram “Devil Inside” em sua turnê pelo país.

Agora, também visitando a terra do Tampe Impala, o boss Bruce Springsteen não deixou por menos e fez daquelas versões calorosas que só ele sabe fazer para “Don’t Change”, faixa que faz parte do disco de estreia do INXS, “Shabooh Shoobah”, de 1982. O show de Bruce foi hoje, em Sydney.

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Phantogram e suas vozes na TV americana
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Lúcio Ribeiro

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O duo norte-americano de electropop Phantogram soltou ontem seu novo registro musical. “Voices” é o segundo álbum da dupla Sarah Barthel e Josh Carter, e chega com uma linha “dream pop com atmosfera dark”, diz eles.

Produzido por John Hill, que tem no currículo trabalhos com a M.I.A e Santigold, “Voices” é o sucessor de “Eyelid Movies”, disco de estreia deles lançado em 2010. Na noite de ontem, o duo esteve no programa do Jimmy Kimmel e tocou duas faixas: “Fall In Love” e “Black Out Days”.

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