Blog POPLOAD

Arquivo : março 2014

Sxsw e a imagem do indie brasileiro no exterior
Comentários Comente

Lúcio Ribeiro

>>

* As imagens, quero dizer. Estas abaixo.

brasilsxsw

Encontro das bandas Hellbenders e Boogarins, ambas de Goiânia, para um churrasquinho em Austin, Texas. Cada um dos grupos fez quatro showcases só na quarta-feira do South by Southwest. Tem um rumor que a Lady Gaga estava em um desses shows do metaleiraço Hellbenders. Um produtor americano teria dito, sobre a banda: “It’s like Pantera and Black Sabbath had a baby together”. Para o Boogarins, a história toda só está começando. Acaba em junho na Espanha, com idas e vindas</p>

foto 1

O Zefirina Bomba, da Paraíba, nos EUA só Zefirina por motivos óbvios, tocou ontem no Icenhauer’s, dentro da programação oficial do Sxsw, em Austin. Testemunhas disseram que o show foi demolidor. Na plateia, pessoas se olhavam tentando compreender por que um violão, no caso o violão tunado tocado pelo Ilsom, conseguia fazer tanto barulho. O Zefirina (Bomba) se apresenta amanhã no Headhunters Patio

>>


Mais uma session incrível na vida do Metronomy
Comentários Comente

Lúcio Ribeiro

>>

130314_metronomy

A especial banda inglesa Metronomy, um dia atração Popload Gig e já confirmada no Popload Festival dia 29 de novembro, lançou no início desta semana seu bem bom quarto disco de estúdio, “Love Letters”, dando sequência ao seu belo caminho de serviços prestados à música.

Para divulgar o lançamento do registro, a banda esteve no programa do bamba Zane Lowe na BBC Radio 1 e fez uma session daquelas caprichadas. No famoso estúdio Maida Vale, o grupo mostrou seu indie-eletrônico sofisticado com as faixas “I’m Aquarius”, “Love Letters” e “A Thing For Me”, música original deles, mas baseada na versão remixada pelo Breakbot.

A íntegra da participação do Metronomy no programa do Zane, incluindo um bate-papo, pode ser ouvida abaixo.

>>


Sky Ferreira admite sua culpa
Comentários 2

Lúcio Ribeiro

>>

* Não sei mais como funciona essa história de lançamento de disco, mas a notícia é que o álbum da garota Sky Ferreira, “Night Time, My Time”, que saiu no ano passado nos EUA e foi vazado extensamente na internet desde setembro, chega às lojas brasileiras e europeias semana que vem, na forma “física”.

Deve ser em CD, no caso brasileiro, porque aqui não tem muitos lançamentos e comercialização em vinil. Pelo menos não que eu tenha visto. E um vinil com a capa do disco exposta, assim na coleção de discos na estante, talvez causasse algum desconforto a algum fã.

Screen Shot 2014-03-13 at 4.52.51 PM

Já não está dando vida fácil à moça na parte do esgoto das redes sociais, ela tem reclamado bastante. Mas Sky Ferreira, que anda morena por estes dias e pode aparecer para shows no Brasil ainda neste ano, também não é de deixar barato.

O negócio é que o disco, produzido pelo bola-da-vez Dev Hynes e que desde 2011 vem ameaçando ser lançado, é muito bom. Mas eu tenho andado alarmado com os elogios rasgados que o disco vem recebendo, chamando Sky Ferreira, na “pior” das hipóteses, de “a reencarnação da Debbie Harry (Blondie)”.

Na semana passada, ela apareceu no programa do Jimmy Kimmel, na TV americana, para cantar o hit lindo “You’re Not the One”. Hoje, soltaram mais uma performance dela no programa, desta vez para a música “I Blame Myself”, também de seu álbum de estreia. Ao todo, foi assim:

)

)

>>


Paul na Copa. Show do Peru é confirmado
Comentários Comente

Lúcio Ribeiro

>>

* Vai ser uma Copa do peru, mas não é bem isso do que se trata o post.

Screen Shot 2014-03-13 at 4.06.38 PM

Essa história de que o ex-beatle e atual “brasileiro” Paul McCartney vem ao Brasil em algum evento sonoro ligado ou não ao Mundial 2014 está amadurecendo. O Peru, o país, acaba de confirmar um show da turnê “Out There” para o mês que vem, dia 25, no Estadio Nacional em Lima.

Paul McCartney já tem outro concerto sul-americano confirmado para 21 de abril, em Santiago, Chile. Logo mais informam as datas que o Paul vai bater sua bolinha no Brasil.

>>


Vivemos para ouvir isso: Tame Impala fazendo Michael Jackson
Comentários 1

Lúcio Ribeiro

>>

130314_michael

Isso mesmo. Você não leu nem vai ouvir errado. O pequeno gênio Kevin Parker foi para o estúdio e resolveu emprestar seu talento e um pouco da psicodelia de seu Tame Impala a um dos derradeiros hits do incomparável catálogo musical de Michael Jackson, um dos seres mais estranhos e geniais que pisou na Terra um dia.

O australiano Tame Impala, você sabe, grupo “amigo” do Popload Gig, representante e talvez precursor de um novo indie psicodélico que aflora no mundo todo, pegou a faixa “Stranger In Moscow”, lançada por Michael em meados dos anos 90, adicionou uns elementos viajados, batidas lentas e vocal distorcido. E ficou incrível. A canção foi escrita pelo Rei do Pop em 1993, em uma das épocas mais conturbadas de sua vida, quando ele foi acusado de pedofilia. Tanto que “Stranger In Moscow” tem toda uma vibe de paranoia e solidão.

Cover do ano?

>>


Sxsw ostentação: Jay Z e Kanye West juntos em Austin
Comentários Comente

Lúcio Ribeiro

>>

Um dos maiores baratos de um festival de música nova, novas tendências e novo tudo como o South by Southwest é saber que não só a galera “independente” ou de selos pequenos ou bandas em início de carreira compõem a rica programação de dias de loucura no Texas. Uma galera de vanguarda, icônica e acostumada a tocar para multidões também costuma matar seus desejos de tocar em locais pequenos nesse evento que faz de Austin a capital da cultura pop no mundo por alguns dias.

42-31195589

Concorrendo com o nosso Boogarins na noite de ontem, os rappers mega estrelas Jay Z e Kanye West armaram um show juntos em parceria com uma marca de eletrônicos. Os dois não pisavam juntos em um mesmo palco desde 2011, quando realizaram a concorrida e huge turnê do disco “Watch The Throne”, quando tocavam para mais ou menos 40 mil pessoas por noite. Pensa só esse show de dois dos rappers mais comentados das últimas décadas para algumas centenas de pessoas numa quarta-feira besta?

Kanye e Jay Z reeditaram alguns momentos da tour que fizeram juntos e adicionaram ao show faixas de seus trabalhos mais recentes, “Yeezus” e “Magna Carta Holy Grail”, respectivamente. Alguns vídeos já começam a pipocar por aí, tipo os destacados abaixo.

* Setlist

130314_jaysetlist


O rolêzinho do Damon Albarn pelos Estados Unidos: da TV ao Sxsw
Comentários Comente

Lúcio Ribeiro

>>

Um dos sujeitos mais inquietos da música, Damon Albarn tem ocupado sua agenda com compromissos em terras norte-americanas antes de vir ao Brasil no segundo semestre. É o que se espera. Em vias de lançar seu primeiro disco solo no final de abril, o líder do Blur se dedica integralmente ao trabalho de divulgação de “Everyday Robots”, registro que sai dia 28 do mês citado.

130314_damon

Damon quer acostumar os ouvidos norte-americanos com sua obra meio world music, meio slow down. Ele foi a atração musical do programa de Jimmy Kimmel na noite da última terça-feira. Por lá, tocou “Lonely Press Play” e “Mr. Tembo”.

* Depois da aparição na TV, Damon foi a principal atração de um showcase da rede de rádios americana NPR, ontem, em Austin, dentro da programação do gigante South by Southwest. A balada rolou no famoso Sttubs e teve também outras atrações tipo Perfect Pussy e St. Vincent.

As apresentações foram transmitidas ao vivo. Abaixo um recorte da do músico inglês tocando “All Your Life”. Li o relato de uma menina no Twitter falando que ela esteve próxima da “cena do crime” onde um motorista maluco bêbado atropelou mais de 20 pessoas, duas delas vindo a óbito e outras cinco ainda em estado grave. Ela disse quase ter sido uma das vítimas porque o show do Damon Albarn começou uma hora atrasado e isso quase acabou mudando o destino da vida normal dela. Pensa.

* O setlist do show de ontem.

130314_damonsetlist

>>


O Sxsw, a “internet das coisas” e a música no seu carro
Comentários Comente

Lúcio Ribeiro

>>

Tudo acontece no incrível South by Southwest, maior festival de novidades musicais e gerais do mundo. Tudo mesmo, até tragédias, mortos, feridos e pena de morte. Mas isso deixamos para as páginas policiais.

O destaque destes interativos dias do Sxsw, pelo menos nos blogs em geral, Popload incluída, ficou para o Neil Young e Snowden, mas aqui estão alguns outros highlights que passaram pelos cantos de Austin e que você pode NÃO ter visto nem ouvido falar:

130314_aaron

* Muito se falou sobre privacidade e segurança de dados dos usuários, e como alguns serviços vêm usando esse “big data” para o seu (nosso) bem. É o caso do Netflix, por exemplo, que pesquisa e usa dados do que o seus assinantes gostam de ver para criar séries como House Of Cards e mexer nas programações. Entrou nessa discussão também, o documentário sobre Aaron Swartz, geniozinho do computador e de programação (lista que inclui RSS, Creative Commons e Reddit, apenas) além de “ativista da internet” que se suicidou aos 26 anos e virou, para muitos, um mártir no quesito “livre acesso à informação online”. O filme foi bastante elogiado e conta a vida de Swartz dos 3 anos até a sua morte.

130314_internetofthings

* A “Internet das coisas” (ou, Internet of Things, ou ainda, IoT): trata-se de uma lista grande de aparelhos que serão todos conectados à internet e capazes de reconhecer um a ou outro e de trocar informações entre si. Longe de uma Siri com voz de Scarlet Johansson, mas mesmo assim… Entre eles, um termostato que pode ser controlado (ou se auto-programar) a km de distância da sua casa, via net. Pelo que eu entendi aqui, a ideia é economizar energia. O Mother, como o nome indica, é o aparelho que vai cuidar da tua vida tão bem (ou não) quanto uma mãe. São sensores bonitinhos e moderninhos (cores tipo Pantone) e com adesivos, que podem ser colados em qualquer lugar da casa, da sua escova de dente (?) às caixas de remédio ou cápsulas de café, tênis, etc. Ou na porta de entrada, para que ele envie um sms para os pais quando o filho adolescente chegar em casa, por exemplo. Ele pode monitorar o que e como você quiser, é só escolher e personalizar. Tudo é agendado, controlado e enviado ao seu telefone prontamente.

* O “23 and Me” é um outro serviço também dedicado à saúde e ao bem estar, bastante comentado por lá. Como toda revolução nesse sentido, ainda não sei se achei incrível, inútil ou assustador. Pelo site, o serviço promete mapear o seu DNA e traçar a sua “linhagem” de anos e anos e anos e MUITOS anos pra cá (sério), formando um histórico incontestável tanto dos seus ancestrais do lado paterno como materno. Jesus, é muita nóia em um chipzinho só. Mas, se interessar, o “kit” custa 90 e poucos dólares e você precisa enviar uma amostra de saliva e… melhor você ver o vídeo pra entender.

* Essa já vem sendo divulgada há um tempo… (Micro) Tecnologia para “vestir” ou, os “wearable computers”, aparelhinhos usados/vestidos por gente como a gente (por baixo ou por cima da roupa). São aquelas pulseiras que monitoram seus movimentos (já existem, estão à venda e pelas atualizações automáticas de amigos que correm ou andam de bike que vejo no twitter, são bem populares) e dão dicas de comportamento baseadas nesses dados. Se eu não estiver enganado, estão sendo usados até pelos BBBs desta edição (Jawbone e FitBit), não? Não só para mostrar seu desempenho para uma rede gigantesca de amigos, eles servem para, principalmente, monitorar o seu estilo de vida. Você pode compreender seus hábitos alimentares, como dorme, caminha e etc e assim, tomar vergonha na cara e mudar. No domingo, também durante a parte Interativa do SxsW, o Google revelou que o tal relógio-computador-de-pulso está prontinho e pode ser lançado em DUAS semanas. Céus.

130314_ioc

* E se temos o IoT, há também o IoC (Internet of Cars). TODO MUNDO, não importa o estilo, escuta música no carro. E usa o telefone no carro. Para aumentar esse consumo de música no trânsito e ainda, aumentar a interatividade e segurança de quem dirige, a Apple lançou o CarPlay. Não exatamente lá no Sxsw, mas alguns dias antes e ele entrou na discussão. O “device” transporta o iPhone interinhio para o painel do carro e você pode controlar até suas mensagens sem ter que tirar as mãos do volante. A página é tão auto-explicativa que nem preciso falar muito: apple.com/ios/carplay. O incrível Pandora também prometeu que vai lançar serviços de streaming mais “car friendly”, totalmente integrados aos carros.

>>


Boogarins, de Goiânia, no SXSW. Uma pequena graaaande revolução
Comentários 2

Lúcio Ribeiro

>>

* A gente vem falando deles aqui há tempos, mais pela boa qualidade musical do que pelo grande acontecimento em que a banda está inserida. Ou melhor, SE inseriu. Não sei como você enxerga uma coisa assim, mas aqui deste lado a gente vê esta história toda a seguir um feito inacreditável. E ela é mais ou menos assim:

Com três shows HOJE, daqui a pouco, em Austin, Texas, no meio da confusão chamada South by Southwest, a banda goiana Boogarins inicia uma aventura internacional que consiste em 60 shows em 11 países, incluindo EUA, Inglaterra, França, Espanha e Holanda e festivais do nível do próprio Sxsw, Primavera Festival (Barcelona) e Austin Psych Fest (outro na cidade texana, mas este em maio).

Screen Shot 2014-03-12 at 17.58.38

O Boogarins, que toca hoje no Sxsw, no Texas. Fernando Almeida, Hans Castro, Raphael Vaz e Benke Ferraz. Imagem de Luiz Campos Jr.

Vou repetir: o grupo goiano Boogarins, de um rock autoral que vai da psicodelia moderna ao velho Clube da Esquina mineiro sem perder o embalo, um “Mutante meets Beatles” como uma hora alguém na gringa vai escrever, há menos de um ano nem uma banda era. Até menos de cinco meses nunca tinham tocado fora de Goiânia, hoje inicia uma certa turnê mundial que passará por cidades como Nova York, Manchester, Dallas, Liverpool, Paris, Milão, Zurique, Amsterdã.

A banda que não era banda quando 2013 começou lançou seu primeiro disco no dia primeiro de outubro, “As Plantas Que Curam”. Lançou NOS ESTADOS UNIDOS. O disco não existe no Brasil. Mas nos EUA, graças a um contrato de três álbuns que receberam de selo americano ANTES MESMO DE TOCAR AO VIVO PELA PRIMEIRA VEZ como grupo, o Boogarins tem seu álbum de estréia nos formatos de vinil, CD, mp3 e FITA CASSETE.

O álbum saiu pelo selo Other Music Recording, uma famosa loja de disco nova-iorquina que virou gravadora. Quem tem a responsabilidade de espalhar os Boogarins pelas lojas de disco americanas é a Fat Possum Records, selo e distribuidora importante do Mississippi que tem em seu elenco nomes importantes como Black Keys, Dinosaur Jr, Band of Horses, e Iggy & The Stooges. Olha em que meio os Boogarins está metido.

Os Boogarins é uma banda de quatro, mas quem fala pelo grupo é a dupla Benke Ferraz (guitarrista) e Fernando Almeida (vocalista e guitarrista), o primeiro 20 anos de idade e o segundo 21, que começaram na verdade o Boogarins na escola há alguns anos, mas entraram sério no “business” no ano passado. Porque fizeram algumas músicas e Benke teve a pachorra de mandar para uns blogs americanos. E daí aconteceu o seguinte, como Benke mesmo conta, em entrevista à Popload domingo passado, fazendo as malas, na manhã do dia de ir para Brasília pegar os vistos e um dia antes de embarcar para Austin, Texas.

“Tudo é surreal. E aconteceu muito rápido. É muito bom fazer as coisas que a gente sempre sonhou em fazer. Só que seis meses atrás a gente não imaginava nada disso que está acontecendo hoje. Não tínhamos noção. Quando a gente tocou, em outubro, em São Paulo e São José no mesmo dia, já pensamos: “Uau!”. Imagina estar numa turnê grande dessas? Quando a gente olha aquele tanto de data e lugares, e as pessoas de fora vêm falar pelo Twitter que vão no show da cidade tal, isso dá um orgulho desgramado. Ao mesmo tempo que é inacreditável. Até os brasileiros que estão no exterior vem procurar a gente dizendo que estão escutando nossas músicas nas rádios e que vão nos assistir ao vivo quando passarmos pelas cidades deles.”

“Teve uma mulher de Seattle que quando viu que íamos tocar no Psych Festival, em Austin, em maio, comprou o ingresso e passagem para ficar três dias no Texas. Acabou que depois fechamos show em Seattle. Ela disse no nosso Facebook que vai nos dois.”

“O engraçado foi que a Other Music, nosso selo, não foi um dos lugares que eu mandei email para mostrar as nossas músicas. Quando a gente gravou o EP, por volta de março, eu sentei diante do computador para tentar promover o disco. E acabei escrevendo para uns blogs lá fora e para selos também, uns que eu achava que podia ter a ver com o nosso som. Fiz um pequeno release nosso, em inglês, e botei umas músicas junto na hora de enviar. O primeiro show que a gente fechou foi o festival Austin Psych Fest foi porque eu mandei um email para eles, pessoalmente, porque acompanho as coisas do festival há tempos. Eles disseram que curtiram a música mas que em 2013 estava com o line-up fechado, não rolava. Voltei a entrar em contato com o disco pronto e lançado nos EUA e conseguimos fechar um show lá. Foi o primeiro show fechado dessa turnê toda.”

“O Gordon Zacharias, que hoje é nosso empresário, leu sobre a gente em algum desses blogs e veio conversar comigo pelo Facebook. Nesse papo, ele disse que tinha gostado do som que ouviu e que já tinha mostrado nossa música para uns amigos em Nova York que tinham um selo. E que os caras desse selo, que era a Other Music, tinham ficado muito animados. Que tinham passado um domingo inteiro ouvindo e que provavelmente iam querer conversar comigo nos próximos dias. Na segunda-feira mesmo chegou um email enorme para mim com uma proposta de contrato anexada. Ficamos naquela paranóia. Isso aqui é de verdade mesmo? O que está acontecendo? Eu entrava no site da Fat Possum e via lá Iggy Pop, Melody Echo Chamber, Black Keys. E eu ficava pensando: “Bicho, como assim?”.”

“Conversei muito com o Gordon. Arrumamos um advogado nos EUA para ver as cláusulas do contrato certinho… Demorou, mas aconteceu. Eles entraram em contato com a gente em abril. Não tínhamos ainda feito o primeiro show em Goiânia. E já tínhamos recebido o contrato. Levamos mais de um mês para desembaraçar tudo e assinar. Mas fomos tocando mais e seguramos a informação do contrato gringo, para fazer as coisas direito. Quando em agosto lançamos o single de “Lucifernandis” e o vídeo saiu no Popload e no Stereogum, a gente falou do contrato com o selo americano. E aí…”

** O DISCO NOS EUA
“Nosso disco já passou das 2.000 cópias vendidas lá fora. Estados Unidos e Europa. O que para a gente é um número expressivo. Somos uma banda que canta em português e que não tem disco lançado no Brasil. Quando eu digo Europa, é assim. O disco por lá é distribuído em Londres, Amsterdã, Bruxelas, acho que só. Em Portugal mesmo, que poderia ser um mercado, também não tem o disco.”

“A gente tentou botar alguns discos no Brasil e chegamos a fazer isso no ano passado, importando de Nova York, da Other Music. Mas o vinil chega aqui pra gente e temos que pagar um caminhão de imposto. Não vale a pena. Ficou meio inviável para nós. Tínhamos 50 cópias que levamos nos shows daqui. Vendeu tudo só na primeira viagem a São Paulo. Agora, quando viajarmos para fora, para tocar, vamos trazer mais na mala.”

“Espero lançar o segundo disco no Brasil, em vinil, CD. A gente já está em pré-produção do próximo disco. Assim que voltarmos da turnê e conseguirmos parar um pouco, vamos tentar acabá-lo. Vai ser todo em português, também.”

Screen Shot 2014-03-12 at 5.45.30 PM

Foto algo psicodélica do último show do Boogarins no Brasil antes de se aventurar em tour internacional. Foi em Goiânia, no final de semana passado. Imagem de Renato Reis

** O COMEÇO DE TUDO
“As músicas do Boogarins começaram a aparecer desde que eu conheci o Fernando (Almeida) na escola, no Ensino Médio”, em 2008. No ano seguinte a gente já compunha umas canções. Não éramos bem uma banda. Ele tinha a dele (Ultravespa). Eu não tocava com ninguém. Mas a gente só pensou mesmo em gravar a sério em 2012.”

“Num dia só, quando resolvemos gravar, a gente compôs cinco músicas, algumas que inclusive estão no primeiro disco. “Lucifernandis”, “Despreocupar”, “Hoje Aprendi de Verdade”, “Paul” e uma em inglês, que a gente acabou não gravando. A gente pensou em fazer logo um EP. E até conseguir produzir esse EP fizemos outra música, como “Erre”. A ideia era lançar o EP em março de 2013. E desde o Reveillon de 2012 a gente chamou um baterista e começamos a ensaiar como trio. Não deu certo.”

“Lançamos o EP em março. A gente gravou ele em duo mesmo. Eu gravei as baterias, sem saber tocar a bateira. E em abril do ano passado fizemos nosso primeiro show, como banda, como quarteto, já com baixista e baterista, o Raphael e o Hans. Tocamos em Goiânia mesmo. Aliás, de abril a outubro só fizemos apresentações em Goiânia. Quando o disco foi lançado, nos EUA, é que saímos de Goiás para tocar. Fizemos shows de lançamento em Recife, São Paulo, Campinas, Sorocaba e São José dos Campos.”

“O nome Boogarins saiu quando a gente já ensaiava a banda, os quatro já. Tínhamos gravado as coisas. A gente precisava de um nome para lançar o EP. Como o disco já tinha o título “As Plantas Que Curam”, que eu tirei de um rótulo de uma garrafa de bebida medicinal da minha mãe, a gente queria um nome que tinha a ver. Olhei num livro de botânica e achei o nome “bogarin”, com um “o” só, que era uma flor que exalava o amor puro. Achei que tudo isso combinada com o pique das nossas músicas, algo como uma “onda boa”, então botamos o “o” a mais para parecer com “boogie” e ficou “Boogarins”.”

** A PSICODELIA DO BOOGARINS
A tradição de Goiânia é a música sertaneja. A galera que consegue escapar disso e cai na cena independente curte um rock mais pesado. Como o Boogarins aparece psicodélico, som viajante, meio cena mineira, falando de amor e com nome de flores.

“Isso vem mais do Fernando, o Dinho, que é do Paraná e chegou em Goiânia em 2007 com outras referências. Ele trouxe um pouco desse lado de bandas que cantam em português com uma pegada rock britânica, tipo o Júpiter Maçã. Eu meio que segui o meu pai, que curte mais o rock pesado tradicional mais pesado. Aos 12 anos eu fui pela primeira vez no festival Bananada. E pirei. Essa coisa de compor em português vem mais dele. Antes de conhecê-lo eu nunca tinha feito uma letra. Então, quando me meti a fazer, saiu em português.”

“Eu na verdade acho o nosso som mais “rock de canção”, bem anos 60, Beatles, verso, refrão, verso, do que psicodélico, no sentido de ter músicas longas, coisas muito instrumentais, ser “cabeçuda”. Tudo bem que o EP foi feito quando a gente estava ouvindo muito o primeiro disco solo do Syd Barrett (um dos fundadores do Pink Floyd), depois que ele saiu da banda. A gente procurava ter nas nossas músicas essa sonoridade dele. Uma coisa primitiva, de primeiro sentimento. A nossa psicodelia está mais no espírito, mesmo.”

** O Boogarins toca hoje em Austin em três showcases. Um dentro da programação oficial do South by Southwest e dois em eventos paralelos ao maior festival de música nova do mundo. O do festival mesmo é no Icenhauer’s, nesta madrugada. Amanhã, também dentro da programação oficial do Sxsw, eles tocam no tradicional Red 7 Patio.

>>


Julian tocando Strokes e inédita nos shows a caminho do Lolla BR
Comentários 1

Lúcio Ribeiro

>>

Oh, Julian. O líder dos Strokes, atração imperdível do Lollapalooza dia 5 de abril, às 16h10, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, tem feito alguns shows-surpresa curtos pelos Estados Unidos, em preparação para a apresentação no festivalzão South by Southwest. Ele faz concerto no big evento de Austin no próximo sábado, 15 de março.

120314_julian-2

Com um novo disco no forno com seu grupo de suporte The Voidz, Julian fez shows nas cidades de Nova Orleans na segunda e Pensacola (Flórida), na noite de ontem. Em ambos, tocou 10 músicas, incluindo as inéditas “Ego”, “2231”, “Dr. Acula” e “Arabic”. Ele também incluiu no set a faixa “Instant Crush”, que ele gravou com o duo francês Daft Punk. E também tocou músicas dos Strokes, aquela banda lá.

Julian vai fazer mais shows-surpresa no decorrer desta semana. O vídeo de “Ego”, uma das inéditas, caiu no YouTube, mas foi logo retirado do ar pelo selo do cantor. Pouca gente viu. Por agora, os únicos registros dos shows das duas últimas noites são de “Reptilia”, uma das melhores dos Strokes, e essa inédita, que talvez seja a “Ego”, ou “2213”, não se sabe ainda. Aos poucos vamos descobrindo.

>>