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Bomba: o show secreto do NIRVANA nesta madrugada no Brooklyn, NYC
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Lúcio Ribeiro

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* Ontem à noite, na verdade já na madrugada desta sexta, depois da cerimônia do Rock & Roll Hall of Fame, o Nirvana, ou o que sobrou da banda sem o mentor Kurt Cobain, ou mais apropriadamente dizendo Krist Novoselic, Dave Grohl e Pat Smear, se dirigiram rumo ao bar Saint Vitus, no Brooklyn, para tocar para 200 pessoas. Acompanhados de vários amigos.

A galera do canal Noisey, da revista Vice, esteve presente ao mais inusitado show dos últimos tempos.

Para começar, olha a lista das músicas tocadas e veja quem assumiu o microfone de Kurt Cobain nas canções:

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Fora a galera que “fez o Cobain” na festa do Hall of Fame, participaram deste show do Nirvana J.Mascis, do Dinosaur Jr, e John McCauley, do grupo Deer Tick. Lorde não foi ao clubinho.

Concerto do Nirvana em 2014 que começa com “Smells Like Teen Spirit” cantado por Joan Jett e termina com “Moist Vagina”, interpretada por Kim Gordon (ex-Sonic Youth), é para entrar na galeria dos shows históricos deste século.

Abaixo tem Joan Jett fazendo “Teen Spirit” e a incrível Annie Clark (St. Vincent) mandando “Heart-Shaped Box”

Galera do Mudhoney, outro mitológico grupo de Seattle e o produtor Jack Endino (produtor do álbum “Bleach”) estiveram na cerimônia e depois foram ao show secreto. Veja a foto abaixo do momento histórico do grunge: Dan Peters, baterista do Mudhoney, Jack Endino, Dale Crover, do Melvins (amigo de Cobain e baterista das demos do “early Nirvana”) e Chad Channing (o ex-baterista do Nirvana antes de Grohl e que tocou no “Bleach”).

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Novo Nirvana: Grohl, Novoselic e… LORDE no papel de Kurt Cobain!!!
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Lúcio Ribeiro

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* Oh my Lord(e)!

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* Aconteceu ontem no Brooklyn, em Nova York, a tão-falada cerimônia do Rock & Roll Hall of Fame, em que o Nirvana, mais a figura de Kurt Cobain na verdade, foi o grande homenageado da noite. A banda finalmente entrou para o “panteão do rock”. Michael Stipe, vocalista do aposentado R.E.M., foi o condutor da festança e proclamou o grupo à fama dizendo a Dave Grohl e Krist Novoselic que o Nirvana foi uma banda “diferente, barulhenta, melódica e profundamente original”.

Até a mãe de Kurt Cobain, a senhora Wendy Cobain, fez discurso. Cobain se matou há exatos 20 anos.

Depois dos speeches, o palco ficou para Grohl na bateria, Novoselic no baixo e Pat Smear (músico que chegou a ser oficial quando o Nirvana virou um quarteto, no fim) na guitarra recriarem a saudosa banda ao vivo, com convidados no papel de Cobain.

Entre eles, a menina neozelandesa Lorde, de 17 anos!!!!

Lorde, que entre as láureas recentes ficou amiga do David Bowie e cantou para 40 mil pessoas em São Paulo, interpretou Cobain a inesquecível “All Apologies”.

A veterana guitarrista e cantora que ama-o-rock-&-roll Joan Jett assumiu guitarras e cantou o hino “Smells Like Teen Spirit”, na cerimônia. A deusa Kim Gordon, ex-baixista do Sonic Youth, assumiu o microfone para “Aneurysm”. A incrível St. Vincent (Annie Clark) fez “Lithium”.

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Quando Lorde cantou “All Apologies”, Dave Grohl estava na bateria, Novoselic na sanfona, Smear + Joan Jett + St Vincent na guitarra e Kim Gordon no baixo. Que loucura!

Mas loucura maior foi a viúva Courtney Love aparecer na cerimônia e abraçar Dave Grohl e Novoselic, esquecendo momentaneamente o ódio mútuo. Love disse que a filha, Frances Bean, também de Cobain, ficou doente no último minuto e não pode comparecer ao Hall of Fame. Hum…

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Foi uma festa fechada, e fazer fotos e vídeos estavam dureza, porque a cerimônia foi filmada para passar na TV em 31 de maio apenas, na HBO. A noite teve ainda Bruce Springsteen, Kiss, Peter Gabriel, Chris Martin (Coldplay), Tom Morello e outros mais.

O que tem de vídeo, com o da Lorde incluído, é assim:

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* Fotos da Getty Images.
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Grohl e Novoselic revivem o Nirvana, que anda ensopado em água sanitária
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Lúcio Ribeiro

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Na noite de hoje, o mais que histórico e sempre onipresente grupo Nirvana passa a fazer parte do Rock and Roll Hall of Fame. A cerimônia que oficializa a banda de Seattle como novo integrante da galeria terá Joan Jett acompanhando os “originais” Krist Novoselic e Dave Grohl em uma performance. Com Michael Stipe, do REM, como apresentador.

Na noite de ontem, Grohl e Novoselic foram ao programa do Jimmy Fallon para conceder uma breve entrevista relembrando passagens do Nirvana e falando sobre os 20 anos sem Kurt Cobaian. “Ele poderia estar aqui com a gente”, resumiu Krist. Eles comentaram no programa que o show no Rio de Janeiro foi o maior da história do Nirvana e histórias como a quebradeira que Grohl e Kurt promoveram em uma apresentação em Chicago, quando eles arrebentaram com a bateria ruim deles de forma intencional, na tradicional casa de eventos Metro. Eles que disseram.

Além da entrevista, a dupla apresentou a atração musical da noite: Stevie Nicks, do Fleetwood Mac, cantou “Stop Draggin’ My Heart Around”, em uma reedição que contou com o Jimmy Fallon no papel de Tom Petty, o compositor e produtor da faixa original, que apareceu no primeiro disco solo da cantora.

* Em outro papo Nirvana que agitou as últimas horas, vem aí uma produção que promete causar polêmica. “Soaked In Bleach”, filme que mistura drama e é quase um documentário, sustenta que Kurt Cobain, falecido há 20 anos, não cometeu suicídio, mas foi assassinado. A teoria antiga é toda redesenhada de forma minuciosa e conta com depoimentos de policiais que trabalham e investigaram o caso na época.

É o mesmo papo dos anos 90, tempos depois da morte do Cobain, mas com essa chama conspiratória reacesa. Será?

O título de “Soaked in Bleach” dá uma brincada com “bleach”, água sanitária em inglês ou alvejante, que é o título do histórico primeiro álbum do Nirvana, de capa preta, ainda dos tempos de Sub Pop. Ensopado na água sanitária é o real espírito do filme.

Há no documentário toda uma linha investigativa que aborda gravações reais e arquivos oficiais que, no final das contas, apontam Courtney Love como a mentora de todo o plano, com o objetivo de ficar com a fortuna do músico, na época o maior rockstar do mundo.

O investigador Tom Grant, por exemplo, vai direto ao ponto ao dizer que “o marido desta mulher havia acabado de ser encontrado morto e ela não parecia mostrar qualquer sinal de tristeza”. O filme-documentário tem direção de Benjamin Statler e tem previsão inicial de lançamento para o segundo semestre.

O trailer dá uma noção de que vai rolar um burburinho básico nessa história remexida.

* Uma observação pertinente: Courtney Love estará na cerimônia do Rock and Roll Hall of Fame de hoje.

Abaixo, uma foto inédita de Kurt Cobain que apareceu nos últimos dias, de show da banda em Estocolmo, Suécia, em 1992.

Um beijo, Kurt.

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20 anos. O dia em que o Nirvana tocou em São Paulo. E o que o Dave Grohl disse à Popload sobre o show alguns anos depois
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Lúcio Ribeiro

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* A internet está lembrando. Hoje completa 20 anos que o Nirvana tocou no Morumbi, em São Paulo. Se você juntar as palavras “Nirvana”, “São Paulo” e a data “1993”, dá para imaginar o PANDEMÔNIO tudo o que cerca uma banda daquelas, naquela época, neste lugar, no exato momento de uma revolução musical causada por ela própria. Dá para imaginar o que foi aquele show, de uma das bandas mais comentadas no mundo, nos jornais, revistas, rádios, na MTV quando a MTV era a MTV, de repente, no auge dos auges, aqui em SP.
Mas quem esteve lá deve concordar comigo: não dá para imaginar.

Já contei um pouco desta história do “Show do Nirvana em SP” algumas vezes. Uma delas foi quando o concerto fez 15 anos. Agora, aos 20, para o leitorado itinerante, conto de novo, com as mesmas palavras da velha Popload, ainda no iG.

Trago no texto o depoimento de Dave Grohl, em entrevista a mim numa certa ocasião em Miami, já nos tempos do Foo Fighters, falando todo empolgado do tal show do Nirvana em São Paulo, que ele considera inesquecível pela loucura que foi.

E foi mais ou menos assim:

O baixista Krist Novoselic beija Kurt Cobain durante o show do Nirvana no Morumbi, em 1993. A foto é do grande Paulo Giandalia, para a Folha


1. Nirvana, Morumbi, 16 de janeiro de 1993, festival Hollywood Rock.

Essa mitológica apresentação do Nirvana em São Paulo, em janeiro de 1993, é tida pela banda como a mais desastrosa da carreira do grupo de Kurt Cobain. A crítica musical brasileira malhou. Mas ninguém da platéia estava nem aí para isso. Gente do Nirvana disse à época que foi o maior público para o qual o grupo se apresentou. O show foi uma ZONA, mas o Nirvana tinha acabado de deixar a música pop uma zona, de qualquer modo. Então fazia sentido. A palavra que eu mais gosto de utilizar para definir esse concerto é: CATARSE. Ver o Nirvana, naquele instante, aqui em São Paulo, era como ver os Beatles em San Francisco em 1966. Estar no Morumbi naquela noite parecia ao mesmo tempo que algo novo estava começando na vida de todo mundo, mas que também parecia ser o fim de tudo. Eu, que não sou de chapar em bebida, vi o show completamente atrapalhado, na frente do palco, no meio da muvuca. No outro dia, meu corpo doía. Eu estava inteiro roxo.

Até hoje, 20 anos depois, recebo emails de gringos ingleses e americanos querendo detalhes do dia em que Kurt Cobain subiu ao palco fora de órbita no Morumbi. Imagino que seja o show de rock mais procurado do mundo, talvez porque é o que menos se tem imagens. Já me ofereceram 500 dólares por uma fita que contivesse o show, porque uma vez surgiu o boato de que eu tinha uma cópia. Mas não. Amigos meus já vasculharam os arquivos da Globo e da MTV, mas esse show nunca apareceu. A Globo transmitiu ao vivo o show do Rio, na semana seguinte, então esse tem fácil. Comprei a fita dele em Camden Town, em Londres. Apresentação da Maria Paula. Reportagens de Maurício Kubrusly. Mas o do Morumbi… Teoria da conspiração roqueira total.

Na internet, até um tempo atrás, tinha uns 10 minutos de imagens, apenas. No famoso vídeo/DVD oficial “Live! Tonight! Sold Out!” tem cenas do show no Morumbi. Traz a antológica apresentação da banda no palco, feita pelo João Gordo, que introduziu o trio gritando: “E com vocês, a maior banda underground de todos os tempos. Nirvaaaaaaaaanaaaaaaa”.

Grohl, Cobain e Novoselic posam no banheiro do Morumbi, momentos antes de o grupo ir para o palco e fazer o histórico show do Hollywood Rock, em janeiro de 1993. Foto: Joe Giron/Corbis

O show todo foi doido, esquisito, estranho e, talvez por tudo isso, maravilhoso. Kurt Cobain estava fora de si, chapadão, devagar demais. Engatinhou no palco, quebrou tudo, se vestiu de mulher. Quando o Nirvana começou sua performance com “School”, na plateia, parecia que o mundo ia acabar. No palco, Kurt Cobain estava com rotação alterada, e Krist Novoselic e Dave Grohl estavam desesperados. O show continuou caótico. “Smells Like Teen Spirit”, com Flea dos Chili Peppers no trompete, quase não saiu. Em certa altura, começaram a tocar Iron Maiden. Depois passaram a zoar. Kurt sentou na bateria, Krist foi para a guitarra, Grohl no baixo e vocal. É histórica a foto que saiu de Kurt na capa da Ilustrada, da “Folha de S.Paulo”, sentado à bateria, com a legenda dizendo “Dave Grohl, baterista do Nirvana”.

Enfim, no show o Nirvana começou a zoar com tudo. Passaram a tocar só covers: Duran Duran, Queen, Clash, “8675309/Jenny”. O show parecia um ensaio numa garagem fuleira de Seattle, não diante do “MAIOR PÚBLICO DA BANDA”.

Seis anos depois da apresentação do Nirvana no Morumbi, cinco anos depois do suicídio de Kurt Cobain, tive oportunidade de entrevistar o gênio Dave Grohl em Miami, na ocasião do lançamento de um disco do Foo Fighters. Quando veio o assunto do famooooooooso show do Morumbi, Grohl ficou louco. Desembestou a falar mais do que do próprio disco de sua banda.

Dave Grohl disse o seguinte: “Claro que eu me lembro dos shows no Brasil. Em SP, tinha uma loja de presente do hotel onde estávamos que vendia Valium (Maksoud Plaza). Ou algo parecido. No momento de ir para o estádio tocar, fui procurar o Kurt e ele estava lá nessa loja, tomando um comprimido atrás do outro, sei lá quantos. Fiquei horrorizado. Quando entramos no palco, a multidão urrou como eu nunca tinha visto, umas 80 mil pessoas. A primeira música que tocamos foi “School”, que começava assim (aí Grohl faz o som de guitarra com a boca e reproduz a bateria nas pernas). Só que Kurt começou com uma microfonia absurda, sem parar nunca. E, quando entrou na música, foi assim (Grohl faz o som de guitarra de novo, só que num ritmo muito mais lento). Ele estava em outra rotação. Olhei para o Krist (Novoselic, o baixista) na hora. Ficamos apavorados. Vi Krist chegar no ouvido dele e dizer: “Acelera, acelera. Pelo Amor de Deus”. O legal é que o público não estava nem aí e urrava tão alto quanto a música. Foi inacreditável. E no outro dia um jornal disse: Nirvana faz jam session para 80 mil pessoas. Foi loucura. Tocamos até “Rio”, do Duran Duran. Outra hora, mudamos os instrumentos: eu toquei baixo, o Krist tocou guitarra e o Kurt foi para bateria. Foi insano.” Isso: foi insano.

O setlist do show do Morumbi, achei na internet, é assim: School • Drain You • Breed • Sliver • In Bloom • About A Girl • Dive • Come As You Are • Love Buzz • Lithium • (New Wave) Polly • D-7 • Smells Like Teen Spirit (com Flea, do Red Hot Chili Peppers) • On A Plain • I Hate Myself and Want to Die (jam) • Negative Creep • Been a Son • Something In the Way • Blew • Aneurysm • Territorial Pissings • Run to the Hills (jam) • Heartbreaker (jam) • We Will Rock You • Should I Stay Or Should I Go • Rio • 867-5309/Jenny • Kids In America • Seasons In the Sun • Lounge Act •Heart-Shaped Box • Scentless Apprentice • Milk It

A palhaçada na cover de “Seasons in the Sun” é emblemática. A música louca dos anos 60 que virou sucesso mundial absurdo nos anos 70 na voz do desconhecido (na época) Terry Jacks, dizem, virou cover do Nirvana pela última vez em São Paulo. A canção era chamada por alguns também como “O Moribundo”, porque a letra era a mensagem de um cara que estava morrendo e se despedindo dos amigos e da mulher. Ambigua, não se sabia se o cara ia se matar ou estava morrendo por causas naturais. Pouco mais de um ano depois da performance do Morumbi, Kurt Cobain se matava em sua casa, em Seattle.

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Paul McCartney & Nirvana, parte 2
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Lúcio Ribeiro

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* Popload em alto mar, no cruzeiro do Coachella.

Um dos grandes “momentos” do ano não foi único. No último episódio do famoso Saturday Night Live, o Nirvana vivo com aquele tal de Paul McCartney nos vocais que um dia foram de Kurt Cobain fez aparição especial no palco, para mandar ao vivo a pedrada sonora “Cut Me Some Slack”, faixa que foi apresentada pela primeira vez semana passada, no concerto especial 121212 realizado em Nova York.

O até então misterioso som é uma das faixas imperdíveis da trilha sonora de “Soundcity”, o documentário produzido pelo Dave Grohl. Aliás, a versão limpinha em estúdio, que está à venda no iTunes, pode ser conferida junto com o vídeo do SNL, abaixo.

* McCartney aproveitou sua visita ao programa para executar também sua doce balada “My Valentine”. Nesta, ele recebeu o apoio de Joe Walsh, do Eagles.


Rescaldo Reading Festival: ao Nirvana, com carinho. Por Dave Grohl
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Lúcio Ribeiro

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Principal atração do Reading Festival, ocorrido no último final de semana na Inglaterra, o gigante Foo Fighters fez seu último show “em muito tempo”, de acordo com o bamba Dave Grohl.

O show foi aquele de sempre, com duas horas e meia de duração, que a gente viu no Lollapalooza no primeiro semestre. Em um dos momentos mais marcantes, Dave dedicou a música “These Days” ao seus ex-companheiros de Nirvana, Kurt Cobain e Krist Novoselic.

Vale lembrar que o Reading Festival é um capítulo especial na carreira meteórica do Nirvana. O trio era “atração pequena” da edição de 1991, quando tocou com o dia claro ainda, três semanas antes do lançamento de “Nevermind”. No ano seguinte, o Nirvana voltou para show no palco principal, sendo um nome maior que o do próprio festival.


Semana Nevermind – O show tributo de Seattle
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Lúcio Ribeiro

* Popload em Seattle

((Este texto foi escrito originalmente para a Ilustrada, da “Folha de S.Paulo” e da Folha.com. As fotos são do museu Experiment Music Project))

Well, whatever, nevermind…
De importância mais histórica do que de relevância sonora fiel às músicas originais, o show “Nevermind Live”, organizado ontem em Seattle pelo ex-Nirvana Krist Novoselic para fazer parte das comemorações de 20 anos do “disco que mudou o rock, o pop, o indie tudo junto”, soou mais como uma reunião de amigos.

O “Nevermind” foi lançado em 24 de setembro de 1991. Agora, 20 anos depois, e por uma boa causa, Novoselic (imagem acima) foi o mestre-de-cerimônias de um ato ecumênico roqueiro para amigos de Seattle e bandas idem recriarem faixa a faixa as 13 músicas do famoso álbum. Na ordem.

O concerto comemorativo, com ingressos esgotados e transmitido ao vivo pela internet, aconteceu no EMP – Experimental Music Project, o imponente museu da música inventado, segundo dizem, para o magnata co-fundador da Microsoft, Paul Allen, arrumar um lugar para guardar todas as suas guitarras.

O EMP atualmente exibe ainda a exposição “Nirvana – Taking Punk to the Masses”, carregada de memorabilias, fotos originais famosas, roupas, fitas cassete demo, vídeos documentaristas e guitarras quebradas, entre outras coisas, que começou em outubro e aparentemente vai ficar permanente no museu de Seattle, a cidade que revelou ao planeta o Nirvana em particular e a toda cena do grunge.


A banda Loaded, de DuffMcKagan, em ação no “Nevermind Live”, ontem em Seattle

Sobre o show de ontem, o caráter de festa particular se deu exatamente porque foi a celebração 20 anos depois de um senso incrível de comunidade de Seattle, que era algo pacato, foi sacudido e perdeu o controle depois da passagem do fenômeno Nirvana.

Porque no palco, na platéia, nos bancos de convidados e na produção estavam gente da cena de Seattle de ontem e de hoje.

Porque: (1) as bandas tocavam sem parecerem ter feito um ensaio sequer, porque as músicas estão “no sangue”. E isso não garante um êxito sonoro. E (2) é famosa a idéia entre músicos de que é muito difícil fazer uma cover de Nirvana. Então não espantou muito ver que a maioria das canções recriadas ficaram abaixo do satisfatório, com honrosas exceções.


O famoso produtor e músico Jack Endino, que “fez” o primeiro disco do Nirvana, mais Mudhoney e Soundgarden, entre outros, toca “Come As You Are” na festa do “Nevermind”

Mas era uma autocelebração de Seattle, que sempre riu de toda bagunça gerada pelo Nirvana, então naquela bagunça em cima do palco do EMP tudo valeu. Em nome da história da música, dos costumes, da moda, da transformação da escanteada cidade em endereço turístico obrigatório, do “Nevermind”, do espírito de Cobain e principalmente de Susie Tennant, que nos anos 80/90 zelou pelo incentivo aos artistas locais, virou amiga de Cobain, madrinha do grunge e hoje padece para pagar seus tratamentos de um recém-descoberto câncer. O show era em benefício de Susie.

Tocaram as famosas canções de “Nevermind”, com um bônus final que recriou outras músicas do Nirvana além do disco aniversariante, veteranos do som de Seattle e grupos da nova geração.

O impacto do álbum era evidente, cada convidado falando a sua lingua. Os músicos mais antigos procuraram se aproximar do Nirvana original. Os mais novos recriavam meio que a seu modo. No meio das releituras indies de bandas do agora teve um rap e uma new rave para o “Nevermind”.

Novoselic, o baixista original do Nirvana e “dono” do evento, só esteve em ação uma vez: junto com os impagáveis The Presidents of the United States of America, desempenhou “On a Plain”.

Os ótimos Ravenna Woods e The Long Winters representaram bonito a nova geração fazendo sinceras versões de “Breed” e “Something in the Way”, respectivamente. O grupo Vendetta Red captou toda a fúria inerente ao Nirvana e soltou em cima da cover de “Stay Away”. E o trio de rappers mais guitarra Champagne Champagne decompôs a linda “Drain You” numa falação caótica que fez narizes mais conversadores serem torcidos no EMP. Adorei a releitura.

No off-“Nevermind”, já perto do final das três horas de tributo, o veterano grupo deu roupagem nova e bonita à famosa “Heart Shaped Box”.

Entre os momentos que mais emocionaram a emocionante festa “Nevermind Live” teve a presença em vídeo de Dave Grohl (que na noite não pode comparecer por ter show do Foo Fighters em outra cidade), teve Novoselic tocando e pedindo gritos ao amigo Kurt Cobain e pela própria presença da vivíssima Susie Tennant no palco, a homenageada.

Se as versões não agradaram em sua totalidade, os envolvidos nesse “Nevermind Live” tem uma resposta pronta, que usavam em praticamente todas as ocasiões desde muitos anos atrás: “Bem, tanto faz, deixa pra lá”.


Semana “NEVERMIND”: hoje um nirvana toca “Smells like Teen Spirit”
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Lúcio Ribeiro

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* Popload em Seattle.

* O texto abaixo é uma reprodução do que está sendo publicado hoje na “Folha de S.Paulo”. Saiu mais ou menos assim:

* Não era dele a famosa voz estridente, nem a guitarra barulhenta que mudou o rock. Muito menos optou por tirar a própria vida e entrar para a eternidade. Depois do fim da banda, ele não montou nenhum supergrupo de encher estádios e está longe de ser um dos principais ídolos do rock atual.
Krist Novoselic, “apenas” o sujeito que tocou baixo no trio Nirvana, toma para si o nome de sua ex-banda e faz hoje em Seattle um show-tributo ao histórico “Nevermind”, álbum que comemora 20 anos de seu lançamento nesta semana.

Novoselic, parceiro de Nirvana de Kurt Cobain (o do suicídio) e Dave Grohl (o do Foo Fighters), reúne uma penca de bandas e amigos da cidade do noroeste americano que deu à música sua última grande revolução, o grunge, para recriarem ao vivo esta noite, na íntegra, as músicas do “Nevermind”, o lendário disco que por acaso “quebrou tudo”, que “mudou tudo”, que “abalou as estruturas da indústria”, que…

“Nevermind”, segundo álbum do Nirvana, o primeiro numa grande gravadora (detalhe importante), foi lançado na América em 24 de setembro de 1991. O concerto-tributo a ele é realizado hoje, e não sábado que vem (dia 24), porque a terça feira é o dia oficial de lançamentos de discos nos EUA. Para muitos, o “real” aniversário do “Nevermind” é hoje.

O show acontecerá às 21h aqui de Seattle (1h da manhã da quarta no horário de Brasília) no imponente Experiment Music Project, que faz parte de um complexo de museus dedicados à história da música popular e à ficção científica projetado pelo arquiteto canadense Frank Gehry e erguido com o dinheiro de Paul Allen, co-fundador da gigante dos computadores Microsoft.
Participarão do “Nevermind Live”, junto com Krist Novoselic, as bandas The Presidents of the United States of America, The Fastbacks, membros do Screaming Trees, Vaporland, entre outras. Novoselic e seu baixo não estarão necessariamente em todas as músicas do “Nevermind” recriado. E o rumor de que Dave Grohl poderia participar da homenagem é muito improvável de acontecer: o Foo Fighters tem show marcado na mesma noite em Cleveland, Ohio.

Entre todas as causas imagináveis, o concerto que revive o famoso disco do Nirvana terá uma em especial: o show, que tem seus ingressos esgotados, desde que foi colocados à venda, no mês passado, servirá para arrecadar fundos para o tratamento de câncer de Susie Tennant, famosa agitadora do som de Seattle na época do estouro grunge, amiga de Kurt Cobain e uma espécie de madrinha do “Nevermind”.

“Nevermind Live”, segundo anuncia o site do EMP (www.empmuseum.org), terá transmissão ao vivo pela internet, via Livestream (/nevermindlive). Para facilitar, veja o show mais tarde bem aqui:

Watch live streaming video from nevermindlive at livestream.com


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