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Arquivo : Nirvana

Tem Que Ver Isso Aí: a semana na Popload
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Lúcio Ribeiro

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>> SHOWS & FESTIVAIS

* SRSLY, Beth Ditto? Show do GOSSIP cancelado mais uma vez
* A arte do BEACH HOUSE, a arte do Popload Gig
* SOLANGE no Pitchfork Festival, SOLANGE em uma lavanderia, SOLANGE no Popload Gig
* Smells Like Old Spirit: ALICE IN CHAINS e OFFSPRING em SP, MARK LANEGAN em Brasília
* LOLLA no sofá dia I: QOSA, KILLERS, CRYSTAL CASTLES, NIN…
* LOLLA no sofá – Dia II: THE NATIONAL, LUMINEERS, THE POSTAL SERVICE…

>> TEM QUE VER ISSO AQUI

* Vinte anos depois, “IN UTERO” será relançado em versão turbinada
* Alex Turner pergunta: “Por que você me liga só quando está ‘high’“?
* Acha que tá ficando velho? Imagina… “Is This It”, dos STROKES, só fez 12 anos!
* SAVAGES avisa que o pós-punk não morreu
* TV ON THE RADIO bota o pé no acelerador
* AUSTRA fazendo THE XX
* LANA DEL REY, os shows e a cobra albina
* LANINHA das Arábias. Apenas.
* A tal “primeira música” das HAIM
* A experiência XX
* QOSA e o esquenta para o Lollapalooza
* THOM YORKE metido em revolução musical. De novo.
* O delicioso novo single do CUT COPY
* Treta Cigana: GOGOL BORDELLO processa vocalista do GOGOL BORDELLO
* Um fim de semana agitado na vida do BECK
* FRANZ FERDINAND querendo conquistar a América – parte I
* FRANZ FERDINAND querendo conquistar a América – parte II
* 2014 já começou para o ARCADE FIRE
* A delicadeza nova do SILVA
* Melhor Vídeo do Ano da Semana: “BANG”, do BONDE DO ROLÊ
* A música do ano da semana: “Blurred Lines”, com #Thicke, Jimmy Fallon & The Roots
* A Música Mais Barulhenta do Ano da Semana: “Barbarian Boy”, do LIGHTNING BOLT
* A primeira vez do PALMA VIOLETS
* O Melhor do Twitter: “A Santástica Fábrica de Chocolate” Edition


Vinte anos depois, “In Utero” do Nirvana será relançado em versão turbinada
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Lúcio Ribeiro

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Depois do retumbante sucesso das comemorações dos 20 anos de “Nevermind”, aquele disco pontual daquele tal Nirvana, que rolaram durante o ano de 2011, mais uma leva comemorativa que reverbera e relembra a incrível história da maior banda norte-americana dos últimos tempos vai se iniciar em setembro, quando vão se completar também 20 anos de outro lançamento master da discografia do grupo, o álbum “In Útero”.

Considerado um dos discos mais viscerais da curta carreira da banda de Kurt Cobain, o disco, terceiro deles, foi produzido por Steve Albini e nasceu com a grande responsabilidade de suceder “Nevermind”, em 1993.

Eleito na época como “disco do ano” por publicações como LA Times e Rolling Stone, “In Utero” ficou marcado por faixas como “Heart-Shaped Box”, “Rape Me” e “Dumb”. Em setembro próximo, o disco será relançado em uma super edição de luxo que vai incluir nada menos que 70 faixas bônus entre gravações remasterizadas, remixes, faixas demos e materiais inéditos. Junto com o material, será lançado também, na íntegra (em CD e DVD), um dos lendários shows do grupo – “Live and Loud” – realizado em Seattle em 13 de dezembro de 1993, no Píer 48.

O box sai dia 24 de setembro.


Sério: Paul McCartney e Nirvana fazem show em Seattle
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Lúcio Ribeiro

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Paul McCartney fez uma parada na icônica cidade de Seattle no último sábado, dando sequência ao seu giro mundial com a turnê “Out There”, que teve início no Brasil dois meses atrás.

O ex-beatle tocou em um estádio de beisebol e reservou a parte final do show para receber os membros remanescentes (ou sobreviventes) do Nirvana. Dave Grohl, Krist Novoselic e Pat Smear dividiram o palco com a lenda viva britânica em nada menos que 7 músicas!

Além de tocarem a faixa “Cut Me Some Slack”, lançada no final do ano passado especialmente para o documentário “Sound City”, produzido por Dave Grohl, Macca e o Nirvana tocaram juntos as canções “Get Back”, “Long Tall Sally”, “Helter Skelter”, “Golden Slumbers”, “Carry That Weight” e “The End”. Certamente o barulho chegou ao Kurt…


Nirvana vai parir uma edição comemorativa do famoso álbum “In Utero”
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Lúcio Ribeiro

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Cobain e Grohl, grávidos e parindo, em vídeo promocional do álbum “In Utero”, em 1993

* Sim. Não vamos escapar da reedição do histórico álbum “In Utero”, o terceiro disco do Nirvana, que saiu em 1993 e foi em boa parte gravado no Brasil. O disco faz 20 anos este ano e sai em edição comemorativa em setembro. O anúncio de tudo isso ainda é embaçado e sem muitos detalhes, mas trouxe à tona um velho e esquecido vídeo promocional que conta com os três mosqueteiros, Kurt Cobain, Dave Grohl e Krist Novoselic grávidos e tendo lições de parto, mas tudo num jeito louco Nirvana-anos 90-grunge. Quem está no vídeo ministrando a aula é o famoso comediante (black comedy) americano Bobcat Goldthwait, amigão do Bill Murray e muito ligado a Kurt Cobain na época em que o Nirvana mandava no rock.

“In Utero”, o último disco da carreira do Nirvana antes de seu final trágico, foi grande parte gravado em um estúdio no Rio de Janeiro, quando a banda veio tocar no Brasil, no festival Hollywood Rock. Os dois shows bombásticos, em SP e Rio, deram ao Nirvana uma semana de Brasil entre uma apresentação e outra, usada para adiantar o terceiro álbum.

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Holy s***! Jornal de Seattle publica fotos do “local do crime” no dia em que corpo de Kurt Cobain foi encontrado
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Lúcio Ribeiro

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Em abril de 1994, o mundo ficou chocado com a morte de um certo Kurt Cobain, líder da maior banda do planeta naquela época, o tal do Nirvana. Cobain, no auge da carreira, era mais do quem um frontman da maior banda de rock de seu tempo. A geração daqueles dias via nele uma espécie de representante e encontrava em sua música uma espécie de grito de liberdade. Desde “Nevermind”, lançado três anos antes da partida desta para melhor de Cobain, uma nação de adolescentes tímidos, passivos e acuados em garotos punks com algo a dizer, mesmo sem nada para dizer, se despertou.

Foi Kurt, com seu Nirvana, que transformou a indie Seattle em roteiro turístico obrigatório e a música independente raivosa e “suja” em popular. Então, dá para se ter um pouco da dimensão do choque da notícia do suicídio de Kurt, que na sexta-feira passada completou 19 anos. Ele faleceu dia 5 de abril de 1994, mas foi encontrado apenas 72 horas depois.

E é quase duas décadas depois que vem outra notícia chocante de Seattle sobre o caso. O jornal local Seattle Post-Intelligencer publicou neste final de semana uma série de fotos inéditas do local onde Kurt se suicidou. No caso, sua casa, localizada na Lake Washington Boulevard East. E as fotos em questão foram feitas em 8 de abril de 1994, o dia em que o corpo do guitarrista foi encontrado por um eletricista que havia ido à residência para executar um serviço previamente agendado.

Tiradas por Mike Urban e Phil Webber, as fotografias foram feitas das sacadas de casas vizinhas. Nelas, registros da movimentação da polícia de Seattle fazendo todo o serviço de perícia e também a retirada do corpo de Cobain envolto por um lençol.

“It’s better to burn out than to fade away”…


Kurt Cobain foi encontrado morto em um cômodo localizado no jardim de sua mansão, registrado nas duas fotos acima


Peritos examinam o local


Sequência de fotos mostra retirada do corpo do ex-líder do Nirvana, encontrado três dias após sua morte


Cleo Pires, a maior roqueira do Brasil, (incluindo homens)
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Lúcio Ribeiro

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A Popload pede licença para seu estimado e belo leitorado feminino para falar de uma garota. E ela nem é da música. Pedimos licença duas vezes, então. A atriz Cleo Pires, presente no imaginário masculino brasileiro há quase uma década, é destaque da edição de março da revista “GQ”, edição nacional, já nas bancas. Além de um ensaio todo sensual, a filha da Glória abordou assuntos e deu declarações surpreendentes, já que ela tem fama de ser marrenta e arredia com entrevistas. Falou de gostos e coisas pessoais, como sua marca registrada – a boca – e fatos inusitados relacionados a… sexo.

“Dependendo do dia, acho a minha boca bonita. Mas na verdade tento não olhar muito pra ela. Eu sou mais sexy do que bonita”, disse ela, antes de falar que não curte homem bombado nem muito magrelo, que uma barriguinha cai bem, não tem nada contra peito cabeludo e adora tatuagens velhas e feias, tipo “aqueles desenhos de presidiários russos”. Fora isso, ela contou que acha o sexo a energia mais poderosa que existe. E que, na infância, convivia de forma “espevitada” com os filhos das babás da família Pires. “A casa vivia sempre cheia de meninos e meninas que a gente nem sabia de onde vinham. Por dia, uns sete ou oito. No fim de semana, uns 15. Eu era uma criança muito sexual. Namorava todos os filhos das babás, das cozinheiras. A babá que ficou mais tempo comigo foi a Teia. Ela me levava para a Pavuna e eu namorava o filho dela, o Bruno. Depois um amigo do Bruno. Tinha também o caseiro, Zezinho, por quem eu era apaixonada”, conta, antes de soltar o verbo ao falar que descobriu o mundo sexual assistindo programas de TV na madrugada, escondida. “Não era ‘porn’, entende? Era ‘soft porn’, e só pegava na televisão da sala. Eu fingia que ia dormir e depois levantava, ligava a TV, baixava o som e ficava vendo. As coisas mais sacanas sempre me apeteceram muito”.
Quando criou certa idade, resolveu deixar de lado a TV e partiu para a ação. “Não tinha mais ninguém pra ficar falando que não podia pegar no peruzinho do amiguinho. Quando você é adolescente, sim, você já pode pegar no peruzinho do amiguinho! Então eu fui, né? Fui com tudo”. Haha.

A gente deu essa volta toda nessa entrevista genial para falar que, além de tudo, a Cleo é fã de rock. Ela, que costuma frequentar shows no Rio e em São Paulo, sempre diz que curte nomes como Faith No More e Marilyn Manson. No Brasil, lembro que uma vez ela deu entrevista falando que foi ao Terra pra curtir o show do N.A.S.A.

Hoje, no Instagram, ao lado das irmãs, ela reproduziu uma foto famosa do Nirvana.

Booooa, Cleo!

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Oh, no! Lá vem o Mudhoney
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Lúcio Ribeiro

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* Touch me I’m sick!

* O lendário grupo grunge Mudhoney, de Seattle, que inclusive deu ao mundo esse termo “grunge” e foi um dos pilares do movimento logo abaixo do reluzente Nirvana, vai lançar disco novo. “Vanishing Point”, o nono álbum de estúdio desde o final dos anos 80, sai, ÓBVIO, pela gravadora Sub Pop, um dos selos musicais mais reconhecíveis de todos os tempos. Para isso, a banda do figuraça Mark Arm, que trabalha na gravadora em algo como “diretor de estoque de produção”, resolveu lançar um vídeo-teaser bacana e bem… Seattle. Quem se importa se o Mudhoney não é mais relevante?

A coisa do “teaser” é a mais nova moda musical moderna contemporânea, né? Está todo mundo usando. E por que não o grande Mudhoney?

Nesta época tão famosa do “EU EU EU” descarado do Twitter, não posso falar de Mudhoney sem lembrar o show que vi deles em Londres, em agosto de 1991, no Astoria. Senta para ler isso. E repare bem na data.
O “som de Seattle” estava bombando cabeludo no underground inglês, o Nirvana não tinha ainda lançado o “Nevermind” e era uma semana antes do famoooooso Reading Festival 1991, onde QUASE TUDO começou. O show de abertura daquela noite de Astoria era de uma tal de Hole, banda americana que diziam ter uma vocalista muito louca chamada Courtney Love, que tocaria de babydoll rasgado e entre músicas ficaria fazendo citações dos Smiths antes da porradaria punk das canções dela comer. Aí entrou a “atração principal” o Mudhoney, dona de um hit nos clubes ingleses da época, essa “Touch Me I’m Sick”, que quando começava a tocar era preciso correr das pistas, sob o risco de ser atropelado ou espancado pela galera maluca com a música. Tinha o perigo de levar uma cabeçada, também. Você pode não acreditar, mas naqueles tempos de comecinho dos anos 90 pré-“Smells Like Teen Spirit” o novo rock era feroz e na pista dançava-se com a cabeça (!!).
Era o primeiro show do Mudhoney dos dois seguidos que a banda faria no período, em Londres. Parecia que o “acontecimento” chegava à capital inglesa com o seguinte aviso subliminar: “Atenção, povo inglês. Esquece Stone Roses, Happy Mondays e esconde esses ecstasy. O bicho vai pegar e os americanos chegaram para conquistar tudo”.
Na platéia, Kurt Cobain, Dave Grohl e a povo do Sonic Youth, que iam tocar no Reading Festival. Dizem que o Iggy Pop estava também, eu não vi. Daí eu tava lá na frentão, esperando o show começar. O Mudhoney entrou e foi aquela algazarra quase-violenta, sem os caras tocarem nem mesmo um acorde. Daí, de imediato, Mark Arm foi ao microfone e disse logo: “A gente vai começar o show logo com essa música para vocês não encherem o nosso saco”. E pintou o primeiro crunch da guitarra distorcida que introduz a música. Se eu não morri neste dia, não morro nunca mais.

* Mark Arm, I love you.

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Dave Grohl junta outra superbanda para um supershow do superfilme “Sound City”
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Lúcio Ribeiro

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* O cara que mais junta bandas no rock, num duelo com o Jack White, o foofighter Dave Grohl reuniu “amigos” para um show de três horas de duração sexta/sábado durante o importante festival de cinema independente Sundance, em Park City, Utah.
O festival promoveu a estreia do documentário dirigido por Grohl, “Sound City”, famoso estúdio da Califórnia que testemunhou em suas salas a feitura de discos de Neil Young, Johnny Cash, Metallica e pencas de outros, incluindo um certo “Nevermind”, álbum do Nirvana, ex-banda de Grohl, que fez um certo barulho na época.

Para comemorar a exibição, Dave Grohl (foto acima, da Getty Images) levou o Foo Fighters e encheu de convidados sua apresentação especial para 800 pessoas. No palco, além do FF, uma galera do Nirvana, Slipknot, Queens of the Stone Age, mais John Fogerty, Stevie Nicks, Rick Springfield e outros astros do passado, que tiveram seus nomes e suas músicas ligadas ao estúdio de Los Angeles, para um show de “Greatest Hits” da época.

A superbanda foi batizada de Sound City Players. Cerca de 18 músicos passaram pelo palco em Utah. O filme de Grohl deve entrar em circuito pequeno de cinemas de NYC e Los Angeles e entrar no circuito video-on-demand no dia 1º de fevereiro. Alguns shows do Sound City Players devem ser marcados nos EUA. E um álbum chamado “Sound City – Real to Reel”, com músicas de Grohl, Josh Homme e o Nirvana liderado pelo Paul McCartney, sai em 12 de março nos EUA.

Aqui, do show do final de semana, Dave Grohl recebe Stevie Nicks, do Fleetwood Mac, para executarem “Dreams”, hit master dos anos 70.

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20 anos. O dia em que o Nirvana tocou em São Paulo. E o que o Dave Grohl disse à Popload sobre o show alguns anos depois
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Lúcio Ribeiro

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* A internet está lembrando. Hoje completa 20 anos que o Nirvana tocou no Morumbi, em São Paulo. Se você juntar as palavras “Nirvana”, “São Paulo” e a data “1993”, dá para imaginar o PANDEMÔNIO tudo o que cerca uma banda daquelas, naquela época, neste lugar, no exato momento de uma revolução musical causada por ela própria. Dá para imaginar o que foi aquele show, de uma das bandas mais comentadas no mundo, nos jornais, revistas, rádios, na MTV quando a MTV era a MTV, de repente, no auge dos auges, aqui em SP.
Mas quem esteve lá deve concordar comigo: não dá para imaginar.

Já contei um pouco desta história do “Show do Nirvana em SP” algumas vezes. Uma delas foi quando o concerto fez 15 anos. Agora, aos 20, para o leitorado itinerante, conto de novo, com as mesmas palavras da velha Popload, ainda no iG.

Trago no texto o depoimento de Dave Grohl, em entrevista a mim numa certa ocasião em Miami, já nos tempos do Foo Fighters, falando todo empolgado do tal show do Nirvana em São Paulo, que ele considera inesquecível pela loucura que foi.

E foi mais ou menos assim:

O baixista Krist Novoselic beija Kurt Cobain durante o show do Nirvana no Morumbi, em 1993. A foto é do grande Paulo Giandalia, para a Folha


1. Nirvana, Morumbi, 16 de janeiro de 1993, festival Hollywood Rock.

Essa mitológica apresentação do Nirvana em São Paulo, em janeiro de 1993, é tida pela banda como a mais desastrosa da carreira do grupo de Kurt Cobain. A crítica musical brasileira malhou. Mas ninguém da platéia estava nem aí para isso. Gente do Nirvana disse à época que foi o maior público para o qual o grupo se apresentou. O show foi uma ZONA, mas o Nirvana tinha acabado de deixar a música pop uma zona, de qualquer modo. Então fazia sentido. A palavra que eu mais gosto de utilizar para definir esse concerto é: CATARSE. Ver o Nirvana, naquele instante, aqui em São Paulo, era como ver os Beatles em San Francisco em 1966. Estar no Morumbi naquela noite parecia ao mesmo tempo que algo novo estava começando na vida de todo mundo, mas que também parecia ser o fim de tudo. Eu, que não sou de chapar em bebida, vi o show completamente atrapalhado, na frente do palco, no meio da muvuca. No outro dia, meu corpo doía. Eu estava inteiro roxo.

Até hoje, 20 anos depois, recebo emails de gringos ingleses e americanos querendo detalhes do dia em que Kurt Cobain subiu ao palco fora de órbita no Morumbi. Imagino que seja o show de rock mais procurado do mundo, talvez porque é o que menos se tem imagens. Já me ofereceram 500 dólares por uma fita que contivesse o show, porque uma vez surgiu o boato de que eu tinha uma cópia. Mas não. Amigos meus já vasculharam os arquivos da Globo e da MTV, mas esse show nunca apareceu. A Globo transmitiu ao vivo o show do Rio, na semana seguinte, então esse tem fácil. Comprei a fita dele em Camden Town, em Londres. Apresentação da Maria Paula. Reportagens de Maurício Kubrusly. Mas o do Morumbi… Teoria da conspiração roqueira total.

Na internet, até um tempo atrás, tinha uns 10 minutos de imagens, apenas. No famoso vídeo/DVD oficial “Live! Tonight! Sold Out!” tem cenas do show no Morumbi. Traz a antológica apresentação da banda no palco, feita pelo João Gordo, que introduziu o trio gritando: “E com vocês, a maior banda underground de todos os tempos. Nirvaaaaaaaaanaaaaaaa”.

Grohl, Cobain e Novoselic posam no banheiro do Morumbi, momentos antes de o grupo ir para o palco e fazer o histórico show do Hollywood Rock, em janeiro de 1993. Foto: Joe Giron/Corbis

O show todo foi doido, esquisito, estranho e, talvez por tudo isso, maravilhoso. Kurt Cobain estava fora de si, chapadão, devagar demais. Engatinhou no palco, quebrou tudo, se vestiu de mulher. Quando o Nirvana começou sua performance com “School”, na plateia, parecia que o mundo ia acabar. No palco, Kurt Cobain estava com rotação alterada, e Krist Novoselic e Dave Grohl estavam desesperados. O show continuou caótico. “Smells Like Teen Spirit”, com Flea dos Chili Peppers no trompete, quase não saiu. Em certa altura, começaram a tocar Iron Maiden. Depois passaram a zoar. Kurt sentou na bateria, Krist foi para a guitarra, Grohl no baixo e vocal. É histórica a foto que saiu de Kurt na capa da Ilustrada, da “Folha de S.Paulo”, sentado à bateria, com a legenda dizendo “Dave Grohl, baterista do Nirvana”.

Enfim, no show o Nirvana começou a zoar com tudo. Passaram a tocar só covers: Duran Duran, Queen, Clash, “8675309/Jenny”. O show parecia um ensaio numa garagem fuleira de Seattle, não diante do “MAIOR PÚBLICO DA BANDA”.

Seis anos depois da apresentação do Nirvana no Morumbi, cinco anos depois do suicídio de Kurt Cobain, tive oportunidade de entrevistar o gênio Dave Grohl em Miami, na ocasião do lançamento de um disco do Foo Fighters. Quando veio o assunto do famooooooooso show do Morumbi, Grohl ficou louco. Desembestou a falar mais do que do próprio disco de sua banda.

Dave Grohl disse o seguinte: “Claro que eu me lembro dos shows no Brasil. Em SP, tinha uma loja de presente do hotel onde estávamos que vendia Valium (Maksoud Plaza). Ou algo parecido. No momento de ir para o estádio tocar, fui procurar o Kurt e ele estava lá nessa loja, tomando um comprimido atrás do outro, sei lá quantos. Fiquei horrorizado. Quando entramos no palco, a multidão urrou como eu nunca tinha visto, umas 80 mil pessoas. A primeira música que tocamos foi “School”, que começava assim (aí Grohl faz o som de guitarra com a boca e reproduz a bateria nas pernas). Só que Kurt começou com uma microfonia absurda, sem parar nunca. E, quando entrou na música, foi assim (Grohl faz o som de guitarra de novo, só que num ritmo muito mais lento). Ele estava em outra rotação. Olhei para o Krist (Novoselic, o baixista) na hora. Ficamos apavorados. Vi Krist chegar no ouvido dele e dizer: “Acelera, acelera. Pelo Amor de Deus”. O legal é que o público não estava nem aí e urrava tão alto quanto a música. Foi inacreditável. E no outro dia um jornal disse: Nirvana faz jam session para 80 mil pessoas. Foi loucura. Tocamos até “Rio”, do Duran Duran. Outra hora, mudamos os instrumentos: eu toquei baixo, o Krist tocou guitarra e o Kurt foi para bateria. Foi insano.” Isso: foi insano.

O setlist do show do Morumbi, achei na internet, é assim: School • Drain You • Breed • Sliver • In Bloom • About A Girl • Dive • Come As You Are • Love Buzz • Lithium • (New Wave) Polly • D-7 • Smells Like Teen Spirit (com Flea, do Red Hot Chili Peppers) • On A Plain • I Hate Myself and Want to Die (jam) • Negative Creep • Been a Son • Something In the Way • Blew • Aneurysm • Territorial Pissings • Run to the Hills (jam) • Heartbreaker (jam) • We Will Rock You • Should I Stay Or Should I Go • Rio • 867-5309/Jenny • Kids In America • Seasons In the Sun • Lounge Act •Heart-Shaped Box • Scentless Apprentice • Milk It

A palhaçada na cover de “Seasons in the Sun” é emblemática. A música louca dos anos 60 que virou sucesso mundial absurdo nos anos 70 na voz do desconhecido (na época) Terry Jacks, dizem, virou cover do Nirvana pela última vez em São Paulo. A canção era chamada por alguns também como “O Moribundo”, porque a letra era a mensagem de um cara que estava morrendo e se despedindo dos amigos e da mulher. Ambigua, não se sabia se o cara ia se matar ou estava morrendo por causas naturais. Pouco mais de um ano depois da performance do Morumbi, Kurt Cobain se matava em sua casa, em Seattle.

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Paul McCartney & Nirvana, parte 2
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Lúcio Ribeiro

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* Popload em alto mar, no cruzeiro do Coachella.

Um dos grandes “momentos” do ano não foi único. No último episódio do famoso Saturday Night Live, o Nirvana vivo com aquele tal de Paul McCartney nos vocais que um dia foram de Kurt Cobain fez aparição especial no palco, para mandar ao vivo a pedrada sonora “Cut Me Some Slack”, faixa que foi apresentada pela primeira vez semana passada, no concerto especial 121212 realizado em Nova York.

O até então misterioso som é uma das faixas imperdíveis da trilha sonora de “Soundcity”, o documentário produzido pelo Dave Grohl. Aliás, a versão limpinha em estúdio, que está à venda no iTunes, pode ser conferida junto com o vídeo do SNL, abaixo.

* McCartney aproveitou sua visita ao programa para executar também sua doce balada “My Valentine”. Nesta, ele recebeu o apoio de Joe Walsh, do Eagles.