Porto Alegre é talvez a cidade mais vibrante da cena. Até que a “logística” aparece e…
Lúcio Ribeiro
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* Popload em São Paulo. Com muita coisa de Londres para desovar ainda. Não pense que…
* Assim. Frequento Porto Alegre há um tempinho já, para trabalhar, visitar, tocar, ver show, ver futebol, encontrar amigos. E antigamente achava a cidade um pouco datada no estilo. Pessoas bonitas, interessantes, porém presas sempre uma década atrás. Generalização é um perigo, e falo baseado em amigos e pessoas próximas de lá. Não é uma crítica, mas sim uma constatação de que esse era o estilo da cidade.
Nos anos 90, relutavam um pouco em ouvir o novo em nome dos bons grupos dos anos 80. Nos 2000, estavam curtindo o rock e o retrorock dos 90 e demoraram a aceitar o que estava fazendo essa molecada tipo Strokes e White Stripes.
Mas de uns bons anos para cá o “flip” geracional, a chegada de uma galera nova, transformou Porto Alegre num dos lugares mais vibrantes do país. E puxou a “velha geração” junto no embalo.
O que antes era o Beco, o Ocidente, uma rádio, uma balada boa de vez em quando hoje são vários clubes, várias festas numa noite só, um festival novo incrível (o Meca), guerra de marcas em que a música nova se beneficia. Em 2009 o Popload Gig nasceu em São Paulo porque pegamos emprestados bandas de vanguarda como No Age e Matt & Kim que estavam vindo ao Brasil só para tocar em Porto Alegre num festival da Coca-Cola. A Pepsi montou uma casa de eventos gigante ao lado do aeroporto que já recebeu Strokes e Arcade Fire no auge. O Two Door Cinema Club, uma das bandas mais explosivas da música britânica atual, tocou por lá e não tocou em São Paulo.
Veja o clube Beco, especificamente. De tão pequena que a cidade ficou para ele, montou uma filial em São Paulo. Sim, porque a matriz, que lota por osmose, segue em Porto Alegre. O Beco é importantíssimo para a cidade principalmente porque fincou pé em São Paulo. E sua casa paulistana serve de ponte para shows indies que chegam a SP sejam costurados com a condição de tocar em POA. O caso do fantástico Howler, grupo novo dos EUA que se apresenta ainda este mês na “ponte aérea” São Paulo-Porto Alegre nas brumas do lançamento de seu primeiro álbum, é um exemplo.
Etc. etc.
Daí eu me pergunto por que cargas d’água dois shows internacionais anunciados para breve em Porto Alegre foram cancelados em nome da tal “falta de logística”.
Primeiro foi o ídolo Morrissey, que trocou a capital gaúcha por Belo Horizonte semana passada em nome da “falta de logística”. Depois, no final da sexta-feira, chega o email da produção do show da banda Sisters of Mercy dizendo que a apresentação da banda lá em março, com ingressos já sendo vendidos, havia sido cancelada “em função de questões logísticas”.
Alguém me explica?
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