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Vídeo conta tudo do Coachella nos sete mares: os shows, a piscina, o gramado (!) no navio, a Popload na água
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Lúcio Ribeiro

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* Sobre o SS Coachella, falei rapidamente do que rolou, há algumas semanas, no finalzinho de 2012. Chegou a hora de mostrar.

* Uma das coisas mais bizarras da minha vida foi ter participado desse Cruzeiro do Coachella, um dos principais festivais do mundo em versão navio, singrando em mar aberto. Saiu de Fort Lauderdale (colado a Miami) e foi até Nassau, nas Bahamas. Durante os três dias que durou a viagem, teve piscina com DJs luxos tocando entre um tchibum e outro, shows de nomes como Pulp, Hot Chip, Grimes, Black Lips, Father John Misty, Simian Mobile Disco, Sleigh Bells, Yeasayer e tudo mais. Teve discotecagens de James Murphy, Girl Talk, Gaslamp Killer, DJ Harvey, Rapture e tudo mais. Tinha vários restaurantes e cafés a bordo. Comida e bebida 24 horas. Tinha cassino, a bordo. Tinha spa a bordo. Quadra de basquete. Free Shop. Gramado (!). Loja da Apple (!!). Tinha coisas que eu nem vi que tinha.

O show acontecia em dois lugares, dentro do navio. Num teatro tipo “mini-Brixton Academy” maior que o Cine Joia. E num palco num salão atrás das piscinas transformado em clubinho cool. DJs na piscina tocando ao visua de final de tarde no Caribe.

Não fui só eu que achei tudo bizarro. Cada banda que ia se apresentar, antes do show, tascava um discurso inicial dizendo o quão estranhamente incrível era aquela aventura de fazer um festival desses sob as águas, com bandas e públicos “presos” no mesmo lugar por praticamente 60 horas, todo mundo em bar, todos em restaurantes, fazendo refeição lado a lado, nos bares pedindo bebida, todos em trajes de banho, depois todos “vestidos” para a “night”.

Uma das 1000 coisas que diferenciam o Coachella no mar do Coachella na terra, para citar um exemplo do mesmo festival, é que, no navio, depois de ver tudo, ouvir tudo, beber tudo, comer tudo, era só pegar um elevador rápido que você logo estava no seu quarto. Sem perrengue, andadas, estacionamento, estradas. O dia seguinte lá estava você de novo, pronto para mais.

Um amigo, companheiro de viagem, o Lucio “Lucioland” Caramori, editou um vídeo nosso que conta toda a história do que foi o SS Coachella. Em cinco minutos. Da chegada ao porto até a hora de deixar o navio. Ficou tão bom o vídeo que nem acredito que foi ele que filmou e editou. E, cuidado, spoiler alert, eu apareço debaixo d´água. Esteja avisado.

Guarde seu dinheiro para o cruzeiro do ano que vem, se o Coachella repetir a iniciativa. É tipo histórico.

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Popload em Nova York
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Lúcio Ribeiro

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* Don’t sleep till Brooklyn.

* Juro que eu não fugi do Brasil para escapar da festa corinthiana durante esta semaninha “cheia”. Não SÓ por isso, digamos.

* Popload se mandou para os EUA na missão de conferir de perto, sob as águas, a primeira edição do Coachella Cruise, o S.S. Coachella, uma versão do festival do deserto da california desta vez em cima de um navio que dará um rolê musical pelas Bahamas, partindo de Miami. Sobre o cruzeiro do Coachella, que acontece no próximo fim de semana e terá Pulp, Hot Chip, James Murphy, Simian Mobile Disco, Sleigh Bells, Grimes, Rapture, Father John Misty, Black Lips, Warpaint e mais uma galera “on board”, a gente fala mais depois.

É que, antes da zueira marítima, este blogueiro passará um frio louco em semana agitada de Nova York. Nunca vi tanto show junto em um lugar como esses dos próximos dias na mais famosa cidade do planeta. Nem em Londres dos “bons tempos”, acho. Tem pelo menos uns quatro shows imperdíveis por dia na região de Manhattan, Brooklyn e até New Jersey.

A grande turnê comemorativa dos Rolling Stones (Jagger moving like Jagger no Brooklyn, sábado, em foto do “NYTimes”. A legendária banda toca quinta em Newark com Black Keys e Lady Gaga de convidados); o absurdo show do Madison Square Garden em benefício às vítimas do furacão Sandy (Paul McCartney, Bruce Springsteen, os próprios Stones, The Who, Dave Grohl, Eddie Vedder, Jay-Z etc.); a volta do Yo La Tengo; Smashing Pumpkins; The Killers; Of Montreal com o Foxygen abrindo; Andrew Bird; Totally Enormous Distinct Dinosaurs; Paul Banks; James Blake; e, ufa, outro show beneficente provocado pelo Sandy, desta vez indie, que terá Grizzly Bear, Sleigh Bells, Cults e The Antlers.

Tudo isso nas próximas seis noites. New York I love you but you bring me crazy!

Vamos ver o que conseguimos fazer por aqui. Stay tuned!

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Popload em Los Angeles. O incrível Fuck Yeah Festival e a paixão por dois homens
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Lúcio Ribeiro

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* “Foda-se o Coachella. Quem precisa ir até o meio do deserto quando dá para tocar num lugar desse aqui e dentro de Los Angeles”, disse o figuraça Father John Misty, nome fantasia de Joshua Tillman, antes de seu show no Fuck Yeah Festival (FYF), ontem, aqui na principal cidade da Califórnia.

Misty estava obviamente zoando, até porque o sol que ardia na cara dele (e no cocuruto da galera) quando ia fazer sua apresentação era digno do deserto onde acontece o megafestival citado. “Alguém sabe que horas é o show do Radiohead? É hoje que o Foo Fighters toca?”, continuou trolando o roqueiro, falando abóboras pré-show enquanto um trem do metrô passava ao lado do palco onde ele estava.

Mas tinha umas verdades embutidas no que Tillman tava falando. Num parque zoado nos “fundos” de Los Angeles, colado na região de Downtown onde quase ninguém vai, foi erguido o FYF, o festival organizado por um moleque que tem sido destaque há alguns dias na Popload. Você sabe a história.

Com as bandas principais sendo nomes como M83, Refused e The Faint, dá para ver o “caráter indie do indie” do FYF. O que não impediu de 30 mil pessoas/dia ocuparem o Historic Park, região disputada em dias normais por chineses e mexicanos. O que não impediu a Goldenvoice, a organizadora do gigantesco Coachella, de se juntar à organização do FYF. Como diz Father John Misty, quem precisa ir no meio do deserto quando tem sol forte e música indie das boas no meio de Los Angeles?

** OS SHOWS – Do punk no sol escaldante ao eletrônico viajante no frescor da noite, aconteceram muitos shows e DJ sets bons no FYF. O menino Paul Banks, do Interpol, vai surpreender muita gente com sua “nova banda” e um punhado de canções “rock” ainda darks, mas sem a execução dark de seu grupo famoso. Deu para entender? Banks quaaaaaaaase iria tocar em setembro no Brasil. Mas os planos dele foram mudados.
Voltando ao FYF, o Twin Shadow, no pouco que deu para eu ver ontem (umas cinco músicas), foi incrível.
Paguei uma dívida com o maravilhoso produtor eletrônico Nicolas Jarr. No Sónar, em Barcelona, deixei de ver a estreia do seu badalado live “diferente”, com um guitarrista e um saxofonista, para colar na apresentação da boneca Lana Del Rey. No FYF, o Jarr foi legal e tal. Mas senti que fiz a escolha certa ao optar pela Lana na Espanha.
O Tainlines, que tocou recentemente no Creators Project em São Paulo, outro que eu perdi por “força maior” na minha cidade, “doença na família” e coisa e tal, também paguei a mesma dívida. Agora sim. Esse foi maravilhoso. Temos um novo Cut Copy.
M83 fez, para o maior público do festival todo, no sábado, o que dele se espera: electropop para sonhar. Climão. Amei o show do Wild Nothing. Adoro me surpreender com bandas pequenas. Perdi o Beirut dessa vez. O Simian Mobile Disco e sua festança electro iluminada, vi uma parte e tava incrível. Glass Candy e Chromatics são apresentações indie-disco fofuras. Gostaria de tê-los na Popload Gig em breve (alô, produção!).

>>> Teve ainda os dois melhores shows do festival (na minha humilde opinião, claro). Não sou gay nem nada nessa linha, mas no FYF caí de amores por dois caras, em especial.

– Fucked Up – Não foi a primeira vez que vi a banda punk hardcore doida canadense ao vivo. Já tinha me alegrado muito com a tosquice juvenil deles em um desses Sxsw. Mas, na ocasião do festival do Texas, acho que de 2010, prestando mais atenção na forma que no conteúdo, não tinha percebido como as músicas do grupo são boas. Principalmente ao vivo. E eles não tinham ainda esse “David Comes to Life”, disco lançado no meio do ano passado, que eu adoro. A banda ao vivo se porta da seguinte maneira: o gordão careca vocalista, o gênio Damian Abraham, canta fora do palco, ali pendurado na cerca junto à galera. Nunca no palco, veja bem. Para vê-lo, você tem que chegar bem à frente. Ou olhar o telão, quando tem. No palco, na retaguarda de Abraham, fica uma galera incrível, bem boa e nova, formada por uma molecada integrante com nomes do tipo Concentration Camp, 10,000 Marbles etc. E uma baixista e backing vocal (às vezes) chamada Mustard Gas. Entre outros. Reparei em todos tocando. Todos bem bons. Mas Abraham brilha. A molecada, óbvio, pira com o som indie hardcore do Fucked Up e quer ir para perto do vocalista gordão, sem camisa, suado e peludo. Fazem o crowdsurf básico para chegar a Abraham, que os recebe com um abraço feliz e sincero. De tal modo que a galera não quer desgrudar do vocalista. E muitas vezes ele entrega o microfone para o público cantar junto com ele. Ali não tem “instinto hardcore” envolvido. Os abraços entre Abraham e seu público é de uma fofura sem tamanho. Isso porque, ali no palco, o coro sonoro está comendo no hardcore rápido e feroz. Demais.

– Father John Misty – Um dos melhores shows que eu vi num ano até bem movimentado de shows vistos. Como sempre a gente acha que o último é sempre o melhor, porque o entusiasmo atual ofusca um pouco os da memória, voto em Father John Misty. Aqui a pegada é rock-canção, tipo country, tipo folk. Bendita hora em que Joshua Tillman largou a bateria do Fleet Foxes para virar guitarrista e cantor sob essa nova alcunha. Como o Dave Grohl com o Nirvana, haha. Deixou de ser indie-hippie cabeludo e barbudo (faltava a bermuda) e virou “elegante”, na linha Chris IsaaK. Cool. O trabalho solo de Tillman não é novo, mas agora, com nova assinatura, parece que “firmou”. Father John Misty é figuraça no palco, dança meio que quebrando a espinha, como se estivesse sozinho no quarto e não diante de uma plateia. É contador de histórias nas músicas e em shows, daqueles que você não quer parar de ouvir nunca. Sua voz é incrível. As músicas, do excelente álbum “Fear Fun”, a estreia do FJM, lançado em junho, ficam ainda mais espetaculares ao vivo. Mais pesadas, mais altas no volume, com mais alma. Emocionantes. Mesmo no sol matador, com metrô passando ao fundo de cinco em cinco minutos. Talvez ainda mais por causa dessa situação toda. Repara no Misty, no vídeo. Sua banda hippie-nerd é absurda.

* A Popload está em Los Angeles a convite da Chilli Beans, patrocinadora do FYF (Fuck Yeah Festival), o maior festival pequeno do planeta.

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Popload em LA. O Fuck Yeah Festival vai começar, para devolver o indie ao indie
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Lúcio Ribeiro

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* Popload na Califórnia.

* Já que os megahiperblaster festivais tipo Coachella e Lollapalooza tomaram o indie dos indies e o transformaram em mainstream, vem um moleque para devolver a música independente a um festival independente. Acontece hoje e amanhã em Los Angeles o delicioso Fuck Yeah Festival, festival de nome apropriado para abrigar 70 bandas do punk ao eletrônico em um parque no meio do centrão de Los Angeles, a região “feia” de Downtown. Imagine o centrão de São Paulo. Pense agora nessa área a caminho da restauração, ganhando ares cool de novo, novos restaurantes e clubinhos, reformas em parques e ruas. Enfim, a revitalização de lugares históricos.
Pois, do lado contribuidor indie hypster, o FYF Festival está fazendo sua parte.

O local do show é perto da prefeitura de Los Angeles, no Los Angeles Historical Park, colado já na famosa região de Chinatown. Ali, cerca de 30 mil pessoas por dia estão sendo esperadas para ver a partir de daqui a pouco a 9ª edição do evento, criado por Sean Carlson quando ele tinha 18 anos.

De edição em edição, o festival cresceu absurdamente, em tamanho, número de bandas, patrocinadores. A Goldenvoice, que organiza o Coachella entre muitos eventos musicais nos EUA, já se aproximou do FYF, para dar uma idéia. Uma ainda mais robusta e impactante edição está sendo prometida para 2013, quando o festival completa 10 anos.

Do dream pop do M83, do punk sueco do Refused, o folk delicinha do Beirut até a bombástica eletroferveção do Simian Mobile Disco, passando por gostosuras como Glass Candy (foto acima), Father John Misty, Paul Banks, The Faint, Future Islands, Warpaint, Chromatics, Chairlift, Tainlines, Twin Shadow, Liars, Yeasayer, Fucked Up, Health e, ufa, Dinosaur Jr e Vaselines, entre muitos outros, o Fuck Yeah Festival 2012 vai ter destaque aqui na Popload.

Os destaques de hoje do FYF são:

A Popload está em Los Angeles a convite da marca de óculos brasileira Chilli Beans, uma das patrocinadoras master do FYF Festival. Eles me perguntaram se eu queria vir para o festival e eu respondi: “Fuck Yeah”.

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Sónar reinventa a vanguarda. Hoje tem Lana Del Rey trombando com Nicolas Jaar
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Lúcio Ribeiro

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* Popload em Barcelona.

* Hoje saiu na Ilustrada, da Folha de S.Paulo, um texto meu discutindo a vanguarda. E está meio esquisito essa história de vanguarda. O texto, com algumas intervenções, está reproduzido aqui abaixo.

A vanguarda musical, a julgar pela escalação do Sónar 2012, anda atirando para todos os lados. O festival de “música avançada” de Barcelona, Espanha, de veia eletrônica e um dos mais prestigiosos eventos sonoros do verão europeu, começou menor ontem para engatar forte hoje e amanhã com um elenco que causou estranheza.

A polêmica cantora pop Lana del Rey, os veteranos, semiaposentados e algo roqueiros New Order e o grupo de hip hop e soul music The Roots são os principais nomes do evento. Vou repetir: principais atrações do Sónar. A gente até entende que a “música avançada de cunho eletrônico” esteja espichada de tudo quanto é jeito hoje em dia, e eu particularmente nem me importo tanto com isso, mas o line-up causou.

Lana del Rey, o mais recente furacão da música jovem e que se apresenta hoje à noite no festival, é o nome mais comentado e estranhado do evento-farol espanho deste ano, pelo bem e pelo mal.
Cantora nova que construiu fulgurante fama na internet, onde também sofreu um verdadeiro linchamento midiático na mesma medida, Lana vem levando a todo lugar seu pop com jeito de “antiguinho”, tipo “chanteuse” de cabaré dos anos 50 e com seu pezinho no hip hop contemporâneo.
Desde que surgiu com força no ano passado, ela cantou em programas de auditório cafonas de França e Alemanha, em piscina de hotel, no programa humorístico “Saturday Night Live” americano, no popularesco “American Idol” e agora empresta sua bela voz de diva que sai de sua falada boca grande ao festival electrofuturístico Sónar.

“Concordo que a Lana Del Rey faz parte de um universo à parte do Sónar. Contudo, a própria evolução do conceito de música avançada e uma série de apresentações de ‘revivals’ têm justificado algumas atrações que não seriam esperadas no festival”, diz Marcos Boffa, um dos diretores artísticos do Sónar SP, a filial brasileira do evento espanhol, que está em Barcelona.
“Vale lembrar que, também, desde uns três anos a concorrência do Primavera Sound fez o Sonar se repensar”, afirma Boffa, citando um outro grande festival da cidade catalã, que aconteceu há duas semanas e teve mais de 200 atrações, bastante deles de eletrônico.

Rapaz mexe nos botões da vanguarda eletrônica no Sónar 2012, em Barcelona. Tudo parece meio confuso. Foto de Laura Damasceno

Um modo de “defender” a presença de Lana Del Rey num festival como o Sónar é a quantidade enorme de remixes oficiais e não oficiais que surgiram para suas músicas, levando-as para as pistas de dança de clubes de todo o mundo. Lana, engraçado, toca no mesmo horário que o DJ e produtor meio chileno, meio ianque Nicolas Jaar, um dos nomes mais incensados da nova eletrônica. E agora, Sónar?

A vocação do Sonár de apresentar “artistas do futuro”, ou pelo menos de um presente marcante da eletrônica atual e suas ramificações, está muito bem representada na “parte de baixo” de sua escalação. James Murphy, Hot Chip, Simian Mobile Disco, Metronomy, Friendly Fires, Richie Hawtin, o velho Fatboy Slim se juntam a nomes como Modeselektor, Maya Jane Coles, Nicolas Jaar, XXXY, James Blake, Flying Lotus, Totally Enormous Extinct Dinosaurs, entre muitos outros, no line-up 2012. Essas últimas três atrações citadas estiveram no começo de maio no Sónar de São Paulo.

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